Recentemente, a cidade de Patrocínio, em Minas Gerais, foi palco de uma tragédia com a ingestão da Nicotiana glauca, popularmente conhecida como “falsa couve”. A planta, altamente tóxica, provocou a morte de uma mulher e deixou outros três membros de sua família internados em estado grave. O incidente serve como alerta para os riscos de confundir a falsa couve com a couve comum (Brassica oleracea), planta amplamente consumida.
Diferenças
A principal diferença entre as duas plantas está nas folhas. A falsa couve tem folhas menores, estreitas e alongadas, enquanto a couve comestível apresenta folhas largas, grossas e de textura mais firme. Segundo a professora Amanda Danuello, do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), as folhas da falsa couve têm um tom verde acinzentado, enquanto as da couve comum são de um verde intenso e vibrante.
Além disso, a falsa couve possui folhas mais finas, lisas e com nervuras pouco evidentes, em contraste com a couve tradicional, que tem nervuras bem marcadas e um toque mais áspero.

Outro ponto importante é que a falsa couve pode atingir até cinco metros de altura, o que a torna visualmente mais imponente que a couve comum, que raramente ultrapassa os 80 cm.
Substância letal
A verdadeira ameaça da falsa couve está em sua substância tóxica: a anabasina. Essa substância, encontrada nas folhas e flores da planta, é cinco vezes mais potente que a nicotina, o que a torna extremamente perigosa. A anabasina age diretamente no sistema nervoso, causando sintomas como náuseas, vômitos, taquicardia, tremores e, em casos graves, paralisia muscular e insuficiência respiratória.
De acordo com estudos realizados pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), apenas 30 miligramas de anabasina são suficientes para matar um adulto. O mais alarmante é que o cozimento das folhas não destrói a substância; pelo contrário, o calor pode aumentar ainda mais o risco de intoxicação.
O que fazer em caso de ingestão acidental?
Se houver suspeita de ingestão de qualquer parte da Nicotiana glauca, é fundamental procurar ajuda médica imediatamente. O tratamento para intoxicação por anabasina envolve, principalmente, a monitorização dos sinais vitais e a administração de antídotos específicos para neutralizar a ação da substância.
Como prevenir acidentes
Para evitar confusões, é recomendável que os moradores de áreas rurais e urbanos com hortas fiquem atentos à diferença nas características visuais das plantas e educar a população sobre os riscos da falsa couve. Além disso, o uso de plantas identificadas por especialistas e a consulta com agrônomos ou biólogos locais pode ser uma medida preventiva eficaz.
Em casos de dúvida, a orientação mais segura é não consumir plantas desconhecidas e, ao avistar a falsa couve, buscar imediatamente orientação profissional.












Discussion about this post