Com a conclusão do inquérito policial, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou por homicídio qualificado e ocultação de cadáver o homem, de 30 anos, que matou a própria mãe, de 52, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O crime ocorreu na noite do dia 25 para 26 de julho, no bairro Londrina. Segundo apurado, após matar e esquartejar a mulher, o filho acondicionou as partes do corpo em bolsas, malas e sacolas, limpou o local dos fatos e descartou as embalagens na rua.
Na ocasião, o homem foi preso em flagrante e permanece, até o momento, no Sistema Prisional. A Delegada Adriana das Neves Rosa, titular da Delegacia Especializada de Homicídios em Santa Luzia, conta que durante as investigações chegou à polícia a informação de que o suspeito sofreria de um possível distúrbio psiquiátrico. “Foi solicitado um exame de sanidade mental e o diagnóstico é de inimputabilidade, ou seja, que ele possui doença mental e não tinha consciência da ilicitude do fato à época”, explica.
O resultado do laudo de sanidade metal não interfere na condução das investigações. As apurações foram concluídas e o suspeito irá a julgamento. A Delegada Regional Ana Paula Gontijo explica que, nesses casos, a pena é substituída por medida de segurança. “A diferença de uma pena restritiva de liberdade para a aplicação de uma medida dessas é que a primeira tem um quanto – 10, 20, 30 anos – e uma progressão de regime nesse total. Já a medida de segurança não tem tempo certo e é avaliada periodicamente”, esclarece.
O inquérito policial já foi encaminhado pela PCMG à Justiça.
Sobre o crime
O trabalho investigativo indica que a ação do suspeito ocorreu em um intervalo aproximado de dez horas. As partes do corpo da vítima foram depositadas em dois locais, sendo os membros e a maioria das vísceras descartados em via pública dentro de bolsas; e parte das vísceras e a cabeça lançados em um córrego. A Delegada Adriana Rosa relembra que, para o descarte das sacolas, o suspeito contratou serviço de carreto e acompanhou o motorista, apontando o lugar para despejá-las, uma região que fica entre Belo Horizonte e Santa Luzia.
Segundo a Delegada, o envolvimento do prestador do serviço ou de outra pessoa no crime foi afastado. “Durante os trabalhos investigativos, a equipe descartou de maneira cabal a participação de terceiros, em especial, do senhor que realizou o carreto. O filho da vítima tomou o cuidado de colocar várias roupas para absorver o sangue e impedir que qualquer cheiro diferente pudesse causar suspeita”, explica.
Os membros do corpo foram localizados por uma testemunha que, interessada nos objetos jogados fora, ao abrir as bolsas, descobriu tratar-se de partes humanas. As Forças de Segurança foram acionadas e iniciado o trabalho de apuração. Por meio de levantamentos no local, policiais encontraram um trabalho escolar com o nome da vítima e, associado a outros levantamentos, como imagens de câmeras de monitoramento, foi possível chegar ao suspeito e ao local do crime. Já a cabeça foi encontrada, dois dias após os fatos, pela filha da vítima com a ajuda de um policial militar.
Desdobramentos da investigação
De acordo com a Delegada responsável pelo caso, havia um contexto de conflito entre o investigado e a vítima, podendo o crime estar relacionado a esse fato. A equipe também levantou que o suspeito se interessava por estudos bíblicos e encontrou registro de um ritual em que um animal era sacrificado para expiação de pecados. “Esse ritual bíblico apresenta a metodologia de desmembrar o corpo pelas juntas e lavar as parte do animal em água corrente, e se assemelha muito a esse desmembramento e esquartejamento”, revela.
Após apurações e resultados de perícias, a equipe chegou à conclusão de que a mulher provavelmente foi morta enquanto dormia, quando só estavam mãe e filho na casa. “Não identificamos lesões de defesa na vítima”, observa a Delegada, ao completar que o laudo de necropsia aponta que a causa da morte foi por traumatismo cranioencefálico, provocado por instrumento cortocontundente. O objeto não foi identificado.
Segundo a Delegada, também foi constatado que o local foi limpo após os fatos e o suspeito teria seguido sua rotina normal. A filha da vítima inclusive esteve na residência na manhã seguinte ao crime e não percebeu nada diferente, constatando somente que a mãe não se encontrava. “Os peritos identificaram visualmente manchas de sangue em um colchão e um cobertor sobre a cama, mas outras marcas de sangue não estavam visíveis e foram encontradas com o uso de luminol. Também não havia sinais de arrombamento no imóvel”, descreve.
Conforme informado pela Delegada, na ocasião do crime, inicialmente, não foi possível colher as declarações do investigado, por ele apresentar falas desconexas. Na semana seguinte, o homem foi ouvido e confirmou parte dos fatos. “Disse que contratou o carreto e foi ao local para depositar as bolsas, mas que se trata de entulho. Ele nega que sejam partes do corpo da mãe. Afirma, ainda, que a mãe foi dormir e, na sequência, ele também se deitou, e quando acordou a mãe não estava mais lá”, relata.
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