Parte da riqueza cultural de Minas Gerais é representada pela música de Milton Nascimento, Toninho Horta, Lô Borges, Fernando Brant, Flávio Venturini e tantos outros artistas. A música minera, que ultrapassa a geografia do estado, ganhando novos contornos ao redor do mundo, é reconhecida e requisitada nas mais diversas regiões e continentes. Prova disso é o festival Sambafest, que acontece de 26 a 28 de abril, no Trinity College, em Hartford, Estados Unidos. Criado há doze anos por Eric Galm, pesquisador e professor estadunidense especializado nas tradições musicais do congado mineiro, o evento vai reunir grandes nomes da música produzida na terra de João Bosco, como Gilvan de Oliveira Trio e Adrianna.
Para o violonista Gilvan de Oliveira, que viaja acompanhado dos músicos Serginho Silva (percussão) e Ivan Corrêa (baixo), a música mineira é única por encantar público e estudiosos com sua capacidade de agrupar diversas linguagens e ressignifica-las, criando uma miscelânea de novos significados e tonalidades. “O território mineiro é muito amplo, há uma gama de culturas dentro de nós. E isso faz com que a nossa música seja a expressão das inúmeras regiões que são atravessadas pelas influencias dos estados fronteiriços”, avalia Gilvan. Para o músico, a qualidade musical mineira sintetiza o Brasil. “Costumo dizer que em Minas criamos um blend musical, como um uísque. Incorporamos várias musicalidades para depois apresentá-las com o traquejo da nossa cultura. De Minas Gerias veio o samba mais importantes do país, que é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Isso já diz muito”, acrescenta o músico.
O palco do Sambafest também vai receber o grupo Meninos de Minas, que estará acompanhado de Maíra Baldaia e Guilherme Ventura. Ainda se apresentam na festa os artistas José Paulo, Friendz World Music, Zikina, Trinity Samba Ensemble, Trinity Steel, o grupo Ginga Brasileira e vários Corais da região.
Nem só de apresentações musicais é feito o Sambafest. O evento traz em seu corpo oficinas e seminários sobre a música brasileira. Dentre as palestras está a do secretário-adjunto de Estado de Cultura João Miguel, que apresentará o estudo “O congado em Minas Gerais: desafios e perspectivas”. “A nossa riqueza cultural precisa transcender o estado. E é por isso que estamos aqui, para dar ainda mais visibilidade ao que Minas Gerais produz artística e culturalmente. Temos 853 municípios e isso já dá a dimensão de nossa vasta produção cultural. O congado mineiro é uma das expressões mais importantes e fundamentais do nosso território”, pontua João Miguel.
O Sambafest ainda vai contar com Cortejo e Missa Conga, que serão realizadas pelos representantes da Associação de Congado de Itabira. Além disso, o percussionista Serginho Silva ministrará oficinas de percussão na Universidade de Connecticut (UCONN), no Campus em Hartford.
Um dos pontos altos do evento será a apresentação da pesquisa “Reflexões Rítmicas: Explorando a Comunidade através da Música Brasileira”, patrocinada pela Fundação Cultural Latin Grammy. A exposição fotográfica “Minas, Afro e Gerais – Raizes Antenas”, de Stael Azevedo e Simão Kursseldorf, com texto de Cléber Camargo Rodrigues, também compõem o quadro de atrações do Sambafest.
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