Desde que Ronda Rousey convenceu a maior organização global de artes marciais mistas, o UFC, a incluir um campeonato feminino em seu calendário, em 2013, muita coisa mudou para as mulheres no esporte conhecido por ser predominantemente praticado por homens. De acordo com a última estatística divulgada pela organização, a participação feminina no evento passou de 4% no primeiro ano, para 18% em 2020. No ano passado, as mulheres protagonizaram cerca de 100 lutas, maior marca da história do evento, segundo o site especializado LVSportBiz.
Dentre as 25 modalidades que abrangem as artes marciais, incluindo boxe, karatê e muay thai, é no jiu-jitsu que as mulheres vêm conquistando mais espaço. Segundo dados do International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), em 2021, 447 mulheres participaram do evento, contra 390 em 2018, apresentando um crescimento anual médio de 18%, conforme análise do Flograppling. Em 2019, o mundial passou a premiar igualmente homens e mulheres, sendo o prêmio máximo no valor de $10 mil dólares. O campeonato, que teve início em 1996, só incluiu participação feminina na 3ª edição, quando a federação criou duas divisões femininas, em contraste com 50 masculinas já existentes na época.
Foi só em 2014 que a divisão feminina adotou as atuais nove divisões de peso, que vai do galo ao superpesado. Por quase uma década, as mulheres nas faixas roxa, marrom e preta competiram em um divisão combinada até que, na 17a edição do mundial, foram definidas as divisões de faixa única. “Essa mudança foi essencial para a profissionalização das mulheres no esporte”, comenta a faixa-roxa Anna Rocha, 25 anos, vice-campeã no IBJJF nas categorias superpesado (84,3 kg) e absoluto (peso livre), em 2020. Nascida em Fortaleza, Anna deve encerrar esse ano com pelo menos quinze campeonatos internacionais no currículo, número expressivo para atletas desta categoria. “Houve um tempo em que mulheres de divisões mais pesadas precisavam peder peso para conseguir participar de torneios, porque não existiam categorias adequadas ou inscritas de peso equivalente”, conta. “Hoje, não só aumentou o número de participantes dessas categorias, como também o nível técnico das atletas”, comenta a brasileira, campeã do San Diego Open 2022.
Segundo a empresa de pesquisa industrial Technavio, foram as mulheres as grandes responsáveis pela recuperação rápida do setor de artes marciais na pós-pandemia, que tem expectativa de crescimento de 249 milhões de dólares até 2025. É o que afirma também o diretor de operações da UFC, Lawrence Epstein. Em entrevista à publicação de negócios esportivos Sportico, o executivo disse que as atletas femininas têm sido “um enorme motor de crescimento” para a organização nos últimos anos.
Mesmo com mais representatividade, a única vez que a ala feminina do UFC teve uma luta televisionada em formato pay-per-view foi em 2013, na luta entre Ronda Rousey e Liz Carmouche. De maneira geral, esportes femininos contam com apenas 4% da cobertura da mídia esportiva global. País com maior número de praticantes de artes marciais, os Estados Unidos soma cerca de 3,6 milhões praticantes do esporte, sendo 79% homens e 21% mulheres, conforme último estudo conduzido pelo Statista, em 2017.
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