Estou triste com alguns amigos e conhecidos. Parece que em virtude de Bolsonaro, Haddad, Marina, Alckmin e outros tantos perderam a razão. Andam brigando entre si, defendendo pessoas que nem mesmo conhecem pessoalmente, e por quem nenhum deles coloca a mão no fogo.
Há quem veja nisso a politização do brasileiro. Discordo veementemente. Vejo a infantilização da política.
Leio discussões acaloradas no Facebook, que terminam com um: “então não vou mais ser seu amigo”. Ao que o outro retruca: “nem queria mesmo”.
Conhecendo várias dessas pessoas, no entanto, creio que, passado o momento da ira, ficam com a consciência pesada, e morrendo de vontade de retomar a amizade. Creio que até se envergonhem do que escreveram. Principalmente porque o destempero foi feito em público, em frente de centenas de pessoas que ficaram quietas, mas nem por isso deixaram de tomar conhecimento da desavença.
Levam-se anos para conquistar uma boa reputação, mas apenas segundos para perdê-la por causa de bobagens ditas em um momento de nervosismo. Há vezes em que ficar calado é mais digno. Quando duas pessoas se agridem em público, aquele que está de fora percebe dois xucros. Não sabe dizer quem tem razão, e iguala os brigões por baixo.
A maturidade, no entanto, ensina que é preciso ser mais forte para se afastar de uma discussão do que para ficar e brigar. A fonte do problema normalmente é a reação exagerada às opiniões daquele com quem discutimos. Esse exagero gera dificuldades que poderiam ter sido evitadas se as palavras fossem menos agressivas. O excesso causa um efeito ricochete que somente termina quando uma das partes rompe relações.
Não prego a covardia. Há princípios pelos quais se deve lutar com obstinação. Sempre que o homem se encontrar diante dessas situações, deverá lutar com tenacidade. Quem acredita estar em uma batalha desse tipo, que continue. Eu, contudo, após pesar os prós e contras, decidi que não vou brigar com os amigos em defesa de um projeto de poder que não é meu, e que tampouco compactuo. Políticos não são conhecidos por sua retidão de princípios. É simples assim.