A família de Natália Burza Gomes Dupin, de 36 anos, presa semana passada por injúria racial a um taxista, publicou uma nota neste domingo (8), no qual pede desculpas à vítima, e afirma que a mulher tem problemas psíquicos. Em nota assinada pelos irmão, diz que mulher sofre há anos de problemas mentais e “já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive sua própria família”. “Pedimos compaixão.”
A nota dos familiares declaram que sentem muito pelo ocorrido com a vítima, o taxista Luís Carlos Alves Fernandes. “Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós. Racismo é um a realidade brutal e inaceitável”, diz o texto.
Natália foi presa na quinta-feira (5) ao dizer para taxista Luiz Carlos Alves Fernandes, de 51 anos, que precisava de um táxi, mas que não seria o dele porque não andava com “preto”.
O crime
A mulher foi autuada em flagrante por injúria racial, desacato, desobediência e resistência após dizer ao motorista que “não andava com negros” e de se confessar racista. Ela chegou a ser levada unidade do sistema prisional. Segundo o registro policial, o taxista Luis Carlos Alves Fernandes, há 16 anos na profissão, estava parado na Avenida Álvares Cabral, em frente ao prédio da Justiça Federal.
Segundo a Polícia Militar (PM), Luiz Carlos Alves Fernandes, de 51 anos, perguntou se a mulher, que estava com o pai idoso, precisava de um táxi; ela disse que precisava sim, mas não andava com “preto”.
O motorista falou que a mulher não poderia dizer aquilo, porque era crime; ela respondeu: “eu não gosto de negro, sou racista, sou racista mesmo”. E na sequência cuspiu no pé dele.
Leia a íntegra da nota oficial divulgada pela família:
“Precisamos falar sobre isso.
Sentimos muito pelo que aconteceu com o Sr. Luís Carlos Alves Fernandes e com todos os envolvidos. Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós.
Racismo é uma realidade brutal e inaceitável.
Mas quero informar algo que ainda não foi publicado. A Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos. Atestada há anos por profissionais da saúde. Sabemos que alegar doença mental no nosso país é algo que foi banalizado. Não é esse o caso.
Nossa irmã já tentou suicídio por diversas vezes, já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive sua própria família que é quem a protege e a ama (independentemente da cor, orientação sexual, crença etc). Já foi internada, já recebeu eletroconvulsoterapia. Nas últimas semanas, tentávamos uma vaga em um hospital psiquiátrico, mas infelizmente, não conseguimos. Essa também é outra realidade inaceitável.
Para quem não conhece a doença, ela altera o comportamento e produz uma neurose e mania de perseguição, além de causar um comportamento agressivo e imprevisível. Só quem tem alguém próximo com essa doença pode entender a dor que passamos há anos e estamos passando agora. Pedimos compaixão.
Precisamos falar sobre racismo. Também precisamos falar sobre transtornos psíquicos que atingem de forma universal milhões de pessoas.
Assinam esta nota os irmãos.”
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