Briga nunca é uma coisa boa. Faz mal para todos. É pior quando acontece com quem se ama. No momento da disputa tudo se faz para ofender. Acertamos no ponto fraco da pessoa, pois conhecemos muito bem o ser amado. A mira é certeira. A bala acerta a “mosca”. Parecemos atiradores de elite querendo eliminar o alvo no primeiro tiro.
O problema é posteriormente corrigir o estrago. Jamais conseguimos completamente. É como se enfiássemos pregos em uma madeira. Podemos retirá-los, mas os furos continuam. Quanto maior o prego, maior fica o furo. Dependendo do caso nem mesmo sobra madeira. Apenas um buraco enorme. O tiro, no entanto, não afeta somente o ofendido. Afeta também o ofensor. No momento em que o atirador acerta o coração alheio está também acertando o próprio coração. Não há nada pior do que ofender injustamente alguém que amamos. Sentimo-nos seres da pior espécie. Humanos de segunda classe. Desprezíveis.
As brigas podem até mesmo gerar um ciclo terrível de ofensas no qual cada um fere, e em seguida é ferido. Caso alguém não pare, a luta continuará até a exaustão, e haverá um momento em que ambos surgirão como os grandes perdedores. A briga com quem se ama não tem vencedores. Só derrotados.
É interessante que na maioria das vezes somos mais tolerantes com aqueles que amamos menos. O atraso ou a falta de um conhecido em um compromisso é prontamente perdoada. Do mesmo modo, não nos importamos quando não se lembram de nossos aniversários.
Faltas equivalentes a essas cometidas pelo ser amado, no entanto, são causa para a eclosão da terceira guerra mundial. Podem ocasionar brigas, ofensas e separação.
É preciso aprender a brigar com amor. Qualquer relação tem conflitos, mas eles podem ser resolvidos sem grandes dores se partirmos do amor como premissa. Aquele que ama jamais gostaria de machucar o ser amado. É partindo desse pressuposto que devemos encarar as atitudes de nossos companheiros.
Um gesto errado jamais deve ser interpretado como uma ofensa imperdoável. É um equívoco. Quando amamos, devemos aprender a amar o ser amado com as suas imperfeições. Pode-se apontar o erro, mas é possível fazê-lo com delicadeza. Sem acusar. Mostrando que o companheiro praticou um ato que nos causou mágoa. Não devemos torná-lo um crápula por um pequeno deslize. Pensando assim contribuímos para a nossa própria felicidade.
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