Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) sobre a educação financeira dos belo-horizontinos apontou que 51,4% das pessoas não conseguem guardar nenhuma parte de seus rendimentos. Segundo a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, em função das adversidades do cenário econômico, “boa parte da população está com menos renda disponível, o que dificulta quitar todos os compromissos financeiros e, consequentemente, fazer uma reserva financeira”.
Ainda de acordo com a análise, 24,6% dos entrevistados poupam até 10% da renda, 14,3% reservam de 10% a 20%, outros 6,9% de 20% a 40% e 2,3% guardam mais de 40% dos rendimentos. Entre os que têm o hábito de economizar, a maioria (48,3%) utiliza a conta poupança para manter o dinheiro.
Na hipótese de dificuldade financeira como desemprego, perda total da renda ou problemas de saúde, 33,7% dos consumidores afirmam que conseguiriam manter o padrão de vida atual por no máximo três meses; 18,9% disseram ser possível manter-se por mais de 12 meses; outros 16,0% de quatro a seis meses; 4,0% de sete a nove meses e 3,4% entre dez e 12 meses. Na análise por classe social, os entrevistados da classe E (18,8%) não conseguiriam manter-se nem por um mês. “Isso se deve ao desemprego, aliado a falta de planejamento financeiro e ao aumento da inadimplência desse público”, explica Ana Paula. Uma análise do Perfil do Inadimplente, realizado pela CDL/BH em março deste ano, apontou que os consumidores da classe E estão com 67,4% da renda comprometida com dívidas.
Em caso de dificuldades financeiras, a maioria dos consumidores (34,3%) afirmou que recorreria a empréstimos com parentes, amigos e conhecidos, seguidos por utilização da conta poupança (26,3%). Outras opções citadas foram: empréstimos com bancos ou financeiras (16,0%), resgate de aplicações financeiras (12,6%) e pensão (0,6%). 10,3% não responderam.
Desemprego é a principal causa das dificuldades financeiras
A principal causa das dificuldades financeiras na opinião dos entrevistados é o desemprego (38,3%), seguido por inflação alta/aumento do custo de vida (37,1%). Outros fatores mencionados foram: baixo salário e doença na família (5,1% cada), consumo excessivo/descontrolado (4,6%), pagamento de aluguel (3,4%), não tem dificuldades financeiras (2,9%), compras parceladas no cartão de crédito (2,3%), prestação da casa própria e plano de saúde (0,6% cada).
Grande parte dos consumidores ultrapassa limite do cartão de crédito
Ainda segundo a pesquisa, 35,3% dos entrevistados afirmam que, nunca ou raramente, conseguem chegar ao final do mês sem ultrapassar o limite do cartão de crédito; 30,1% disseram que sempre chegam ao fim do mês sem ultrapassar esse limite. Às vezes e quase sempre, representam 16,0% cada e 2,6% não responderam. Na análise por faixa etária, os consumidores adultos (32,3%) e idosos (31,3%) disseram que nunca chegam ao final do mês sem ultrapassar o limite do cartão de crédito. Ana Paula Bastos explica que esse público, em geral, “tem mais responsabilidade financeira e experiência no planejamento das despesas da família”.
A respeito da frequência com que usam esse meio de pagamento, 34,6% disseram que sempre, 25,6% às vezes e 22,4% quase sempre. Nunca e raramente (7,7% cada) e não responderam (1,9%). O levantamento também aponta que 35,4% dos entrevistados afirmam ter dois cartões de crédito, seguidos por 34,9% dos que responderam ter somente um cartão. 16,6% disseram ter três cartões, 10,9% não têm nenhum e 2,3% têm quatro ou mais cartões.
Já sobre o cheque especial, a maioria dos consumidores (36,0%) respondeu que nunca utiliza essa opção para compor a renda. 13,1% disseram que raramente usam, 11,4% às vezes, 6,9% sempre e 2,9% quase sempre. 29,1% dos entrevistados não possuem cheque especial e 0,6% não responderam.
Metodologia – Foram entrevistados 200 consumidores de Belo Horizonte e Região Metropolitana, de diversas classes sociais, no mês de abril de 2017.
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