Ao contrário do que muitos pensam, a prática da pesca esportiva não é reconhecida como uma atividade capaz de impactar negativamente o meio ambiente.
Compreendida dentro dos parâmetros da pesca amadora, a modalidade esportiva, por sua vez, não implica em um inevitável abate do animal capturado. Como a própria denominação sugere, a atividade tem como objetivo exercer a prática, não a caça.
Nessa concepção, a máxima “pesque e solte” é rigorosamente aplicada, seguindo uma harmoniosa convivência com a natureza, na qual, os peixes apanhados, ficam apenas como imagens na lembrança.
O parecer, entretanto, dos praticantes não condiz com vertentes ambientalistas mais radicais, em que o consumo animal, por exemplo, não é tolerado. O conceito, por sua vez, consente que, apesar de poder empregar os frutos da pesca como fins alimentícios, não se deve haver desperdícios, e a quantidade destinada ao abate necessita ser a mínima para atender as necessidades imediatas dos pescadores.
Especificação da prática
Se considerarmos a pesca como uma atividade originalmente natural do homem, com tradições hereditárias, podemos colocar a pesca esportiva como cooperadora ambiental, além da geração de recursos no setor, destinados tanto aos profissionais quanto à economia nacional.
A preservação, assim, é garantida — mesmo que parcialmente —, uma vez que, divergindo dos moldes da pesca tradicional, grande parte dos peixes é devolvida ao habitat natural.
Inclusive, não há até mesmo danos consideráveis aos animais. Segundo um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Ibama/CPTA, cerca de 90% dos peixes capturados, quando reconduzidos ao mar já apresentam total recuperação dos ferimentos causados pela ação.
Ainda segundo a análise, após ser manuseado da maneira mais adequada, sem que haja qualquer tipo de agressão, o animal desenvolve habilidades condicionadas à defesa contra predadores que convivem no mesmo ambiente, além de maior agilidade.
Vale ressaltar que a recuperação dos peixes que são devolvidos ao habitat natural é plenamente maior e mais rápida do que a daqueles apanhados em tanques e criadouros.
Observações e precauções
Pode até parecer história de pescador, mas é ciência: peixes não possuem terminações nervosas, sobretudo na região facial e bucal, e, por causa dessa conduta, não sentem dores.
A movimentação vigorosa do animal após ser fisgado é reflexo direto do instinto de se libertar, pois percebe que está preso a algo desconhecido — e não por estar sentindo dores.
Evidentemente, o modo como se manuseia o peixe vai interferir no período de recuperação, bem como no ocasionamento, ou não, de sequelas mais rigorosas. É indiscutível, por exemplo, dizer que o uso de anzol causa perfurações e, dependendo do local atingido, pode causar danos permanentes.
Por outro lado, como especificado, com a utilização de equipamentos apropriados e tomando precauções cruciais, a pesca esportiva não afeta os hábitos naturais dos peixes.
Ao praticar o esporte em uma determinada região, um grupo de pesquisadores brasileiros fixou chips geolocalizadores em cinco tucunarés apanhados. Todo o procedimento foi realizado adotando medidas seriamente cautelosas. Passada uma semana, retornaram ao mesmo ponto do rio e realizaram novamente o experimento: dos cinco animais marcados, três foram novamente pescados, e todos apresentavam condições físicas e mentais regulares, sem demonstrar qualquer adversidade — dois ainda havia engordado.
O exemplo concreto citado é apenas uma mostra de como a pesca esportiva não influencia no ciclo vital dos peixes capturados.
Procedimento necessários
Para praticar a pesca esportiva seguindo as normas e recomendações qualificadas, sem prejudicar os animais e os meios aquáticos, é fundamental adotar uma série de procedimentos. Os principais são:
- Evitar lutas intensas e longas com o peixe fisgado. Ao pescar em profundidades acima de 30 pés (9,14 m), é preciso puxar o peixe mais devagar para que seja possível ocorrer a descompressão;
- Permitir que o animal descanse antes de retirá-lo da água, bem como antes de devolvê-lo;
- O peixe deve ser mantido por pouco tempo fora da água;
- Manuseie a pesca com delicadeza e jamais coloque as mãos nas brânquias;
- Evite tirar o muco que envolve o corpo do peixe, para isso, não o enrole em panos e roupas, pegando-o sempre com as mãos molhadas;
- Solte o peixe no local em que o mesmo foi capturado, caso o animal esteja deslocado, solte-o em águas seguras;
- Utilize anzóis sem farpa e equipamentos equilibrados;
- Não deixe o animal cair, libere-o após suas mãos tocarem a água, não o jogue,
- Deixe o peixe sempre em posição vertical, pois caso contrário ocorrerá a compressão dos órgãos internos.