A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta sexta-feira (17), o inquérito policial que investigou a morte de Rodrigo Augusto de Pádua, de 30 anos, e a tentativa de homicídio de outras três pessoas, entre elas, a apresentadora Ana Hickmann. As peças serão encaminhas à Justiça, concluindo pela legítima defesa, portanto, sugerindo ao judiciário pelo arquivamento do inquérito. O fato ocorreu no dia 21 de maio deste ano, em um hotel na região sul da capital mineira.
Investigações apontam que Rodrigo rendeu Gustavo Corrêa, cunhado de Ana Hickmann, no elevador do hotel e o obrigou a levá-lo ao quarto onde estava hospedada a apresentadora. A artista estava acompanhada da cunhada Giovana Alves de Oliveira. No local, os três foram obrigados a sentar de costas para Rodrigo enquanto ele apontava uma arma para eles.
Conforme depoimentos, Rodrigo aparentava estar confuso, proferindo alguns insultos, fazendo ameaças de morte, inclusive mencionando jogar “roleta russa” com Ana (alvo de Rodrigo). No entanto, em outros momentos, dizia que não faria mal a ninguém.
Pressionada, Ana ficou desacordada por alguns minutos, o que, provavelmente, irritou Rodrigo, que atirou. O disparo acabou atingindo o braço esquerdo de Giovana, penetrou a cavidade abdominal e saiu pela pelve. Diante da situação, Gustavo reagiu e tentou imobilizar o agressor. Ele chegou a morder o braço de Rodrigo na tentativa de desarmá-lo.
Durante luta corporal, um dos tiros atingiu a parede do quarto. Os dois caíram ao chão, Gustavo por cima de Rodrigo, momento em que houve os três disparos. O delegado Flávio Grossi, que presidiu o inquérito policial, explicou que os disparos foram realizados com um intervalo de milésimos de segundos. Um desses tiros transfixando a cabeça de Rodrigo, atingindo o braço do rapaz.
O cabeleireiro da apresentadora, que estava à porta do quarto, chegou a gravar em áudio parte da conversa entre Rodrigo e a apresentadora. Foi ele quem avisou a um segurança do hotel sobre o conflito desencadeado dentro do quarto em que estava a artista. Quando chegaram ao local, Rodrigo já estava sem vida.
Oitivas
No dia dos fatos, Ana Hickmann, o cunhado e o cabeleireiro da apresentadora foram ouvidos pela polícia. Três dias após o ocorrido, no dia 24, o advogado da família de Giovana entrou em contato com a polícia, informado o seu estado de saúde e sobre a sua disponibilidade para realização de oitiva.
Durante depoimento, Giovana confirmou o depoimento das outras testemunhas, acrescentando que, no momento do disparo, ela e a cunhada estavam abraçadas. O delegado Flávio Grossi acredita que Rodrigo tenha mirado na cabeça de Ana, mas devido à proximidade das duas, acabou atingindo o braço esquerdo de Giovana. Ela também contou que, durante a estada no hotel, chegou a reparar na presença de Rodrigo no local. Já no dia 25, foram ouvidos o segurança do hotel e o irmão de Rodrigo, finalizando a fase de oitivas.
Perícia
A partir da análise do aparelho celular e pendrive da vítima, a perícia encontrou uma série de pesquisas e imagens (um total de 10.480), muitas com conteúdo erótico ou mensagens de amor direcionadas à apresentadora. Dentre as pesquisas realizadas por Rodrigo estavam as seguintes expressões: “hotel caesar business detector de metais” (no dia 20 de maio de 2016 ); “Acerca de revólver calibre 38 e tipos de munições”; “Calibre 22 mata ou nao?”.” (no dia 18 de maio de 2016).
Grossi destacou que nenhuma mensagem, arquivo de imagem ou qualquer outro formato de dados permitiu que a polícia inferisse ter havido contato anterior entre Rodrigo e Ana Hickmann.
Ainda durante perícia de local, foram encontradas cinco munições especiais, com maior carga propulsora, no bolso de Rodrigo. Ficou comprovado também, por meio de perícia, que os tiros efetuados no quarto de hotel partiram da arma apreendida. A mesma estava com numeração raspada, sendo impossível determinar a sua procedência. Ainda de acordo com laudo, Gustavo tinha em uma das mãos uma lesão indicando sinais se luta.
Também foram encontrados nos pertences de Rodrigo um papel contendo endereço do hotel, números de telefone e um roteiro planejado pelo jovem. Nesse mesmo papel, ele havia anotado um número de CNPJ que usou para tentar se registrar em evento que a apresentadora participaria no dia.
O delegado Luiz Flávio Cortat ressaltou a “importância dos cuidados que personalidades públicas devem ter em relação à exposição de suas rotinas em redes sociais, tendo em vista o que presenciamos nesse caso. Rodrigo possuía todo o itinerário que seria realizado pela apresentadora naquele dia”.
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