O aumento da frequência de desastres naturais no país, em função dos efeitos das mudanças climáticas, acendeu o alerta para a necessidade de as cidades estarem preparadas para estas situações de riscos. Ações como inundações, deslizamentos, secas intensas e tremores de terra – agora com registros mais frequentes no Brasil, em especial Minas Gerais – interferem diretamente nas atividades da população, provocando, inclusive, mortes. Segundo dados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, de 2012, último levantamento da Secretaria Nacional de Defesa Civil, houve um aumento substancial do número de registros de desastres na década de 2000, que contabilizou 23.238 ocorrências, contra 8.761 na década de 1990.
Para debaterem sobre o tema, especialistas vão se reunir no dia 11 de maio de 2016, no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), em Belo Horizonte, durante o Workshop “Riscos naturais associados a empreendimentos de grande porte”, realizado pelo Conselho e pela Associação Profissional de Geógrafos de Minas Gerais (Aprogeo-MG).
O evento vai reunir representantes do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) – da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), profissionais do setor, órgãos reguladores e institutos normatizadores para debater os aspectos centrais ligados ao tema e pedir o reforço no monitoramento e a atualização de normas antigas que tratam sobre riscos naturais.
A dimensão dos impactos de fenômenos naturais chamou atenção para a urgência de montar uma estrutura no país para minimizar riscos. “Quando não se está preparado, os efeitos são ainda mais devastadores. A falta de infraestrutura das cidades brasileiras acentua os danos causados por esses fenômenos”, afirma o vice-presidente da Aprogeo-MG, Alceu Raposo. Ainda segundo o Atlas de Desastres Naturais, a seca é o desastre que mais afeta a população brasileira, por ser mais recorrente (50,34%), mas as inundações bruscas, com 29,56% de ocorrências, causam maior número de mortes – 43,19% do total de 96.220.879 afetados.
Abalos Sísmicos
Na oportunidade, serão abordados pontos como a revisão da norma NBR 15421 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que versa sobre o grau de segurança das estruturas da construção civil em relação às ações de sismos. Segundo o pesquisador da USP, Marcelo Souza, a proposta de revisão da norma será baseada na atual reavaliação da sismicidade no Brasil, que constatou uma maior frequência de tremores de magnitude 3.0 na escala Richter no país, com um destaque para Minas Gerais. Segundo ele, será solicitado que a taxa de resistência de intensidade das vibrações na NBR 15421 passe de 2,5% para 3% e até 5%, dependendo das variáveis envolvidas.
Outro ponto discutido será a ampliação da malha de monitoramento dos eventos naturais no Brasil, como o aumento do número de estações sismográficas e investimentos em centros de meteorologia.
Ao fim do evento, será produzida uma carta de intenções com as diretrizes sobre a melhor atuação diante do cenário de riscos naturais existentes. “O nosso objetivo é gerar conhecimento para que os profissionais do Conselho, sociedade e governo estejam preparados para lidarem com todas essas situações de risco”, afirma Alceu Raposo.
Os interessados em participar podem se inscrever, gratuitamente, pelo site www.crea-mg.org.br/eventos. As vagas são limitadas.
Serviço:
Data: 11 de maio de 2016
Horário: 8h30 às 17h30
Local: Sede do Crea- Minas – Av. Álvares Cabral, 1600, Santo Agostinho – Belo Horizonte.
Programação
Workshop Riscos Naturais Associados a Empreendimentos de Grande Porte
08h – Credenciamento
08h30 – Abertura
Jobson Andrade – Presidente do Crea-Minas
09h – O conhecimento geográfico na identificação de riscos naturais
Alceu Raposo, Mestre em Análise Ambiental e Geógrafo – Aprogeo-MG / Promon Meio Ambiente
Geotectônica e relação com sismicidade
Fernando Flecha de Alkmim – Doutor em Ciências Naturais, Engenheiro Geólogo e Professor da Escola de Minas da UFOP
Ameaça sísmica no Brasil
Marcelo Souza de Assumpção, Doutor em Sismologia e Físico – IAG-USP
11h – Debate
12h – Intervalo
13h – O mapeamento e a gestão de riscos naturais
Wilfred Brandt, Engenheiro de Minas – Promon Meio Ambiente
Os desafios da engenharia geotécnica face aos riscos naturais
Terezinha Espósito, Doutora em Geotecnia, Engenheira Civil e Geotécnica – UFMG
Geoética
Paulo de Tarso Amorim Castro, Doutor em Geologia – Escola de Minas da UFOP
15h – Debate
16h –Intervalo
16h20 – Mesa redonda O que fazer diante do cenário de riscos naturais existentes?
Presidente da mesa: Crea-Minas
Debatedores: ABNT, SECTES/MG, IBRAM, MP e UFOP
17h30– Encerramento