Por Dentro de Minas (MG)

Consumo de podcasts e audiolivros aumenta níveis de leitura e proporciona nova era de ouro do áudio

Photo by StockSnap/Pixabay License - “Facilidade de acesso e praticidade de podcasts e audiolivros tornam essas mídias muito acessíveis”

Nos últimos anos o setor de entretenimento e o mercado editorial globais têm visto um novo fenômeno. O consumo de podcasts e audiolivros aumentou de maneira expressiva ao redor do mundo e já é possível até mesmo afirmar que o planeta se encontra em uma nova era de ouro do áudio.

Consumo de podcasts disparou

Enquanto uma parte significativa do público tem abandonado as redes sociais, o consumo de podcasts aumentou. De acordo com pesquisas realizadas pelas empresas Edison Research e Triton Digital em 2019, o número de americanos considerados ouvintes de podcasts mensais chega a 1/3 da população e mais de 50% afirmou que já ouviu o formato pelo menos uma vez.

Outras pesquisas indicam que o número de ouvintes de podcasts em plataformas tradicionais de streaming, como o Spotify e o Deezer, cresceu de maneira considerável no último ano.

No Spotify houve um aumento de mais de 300% no número médio de usuários globais que consomem podcasts, enquanto no Deezer, apenas no Brasil ocorreu um aumento de 40% no consumo desse formato.

O consumo diário varia muito entre os diferentes tipos de usuários, mas pode chegar até impressionantes 2 horas e 52 minutos. Apesar de ser alto, o número é facilmente explicado pela forma como as pessoas consomem essa mídia, que costuma ocorrer no trajeto entre a casa e o trabalho.

Outro motivo que explica o crescimento do público é a grande oferta de conteúdo disponível. Atualmente há podcasts para todos os gostos e formatos diferentes, que oferecem desde programas sobre ciência, como o “Fronteiras da Ciência”, até conteúdo geek, como o popular “Nerdcast”.

Photo by ActuaLitté/CC BY-SA 2.0 – “Estudos já comprovaram que absorção de conteúdo em livros físicos e audiolivros é a praticamente a mesma”

Consumo de audiolivros é impulsionado por sede de conhecimento e amplificado por plataformas de conteúdo

Assim como ocorre com os podcasts, os números de consumo de audiolivros não param de aumentar. Enquanto diversas editoras brasileiras e americanas têm reportado quedas na venda de livros, as mesmas entidades reportaram um aumento consistente no número de vendas de audiolivros.

Por exemplo, a Association of American Publishers estimou que a Audible, empresa norte-americana que oferece um sistema de assinaturas baseado em créditos que permitem resgatar um ou dois audiolivros por mês, tem crescido em média 40% ao ano tanto em número de títulos baixados quanto em horas escutadas (1,6 bilhão de horas apenas em 2015).

A tendência se reflete em outros mercados. Na Alemanha, o crescimento entre 2016 e 2017 foi de mais de 20% e entre 2017 e 2018 superou os 38%. Atualmente o setor de audiolivros já responde por uma fatia de 30% a 50% de toda a receita digital de diversas editoras e são mais de 18 milhões de ouvintes.

Muito disso se deve a facilidade de consumo. Inclusive, mais de 50% dos alemães entrevistados nas pesquisas supramencionadas afirmaram que consomem seus audiolivros em seus carros ou no transporte público.

Outro grande fator pela maior adoção desse formato é que a absorção de conteúdo é praticamente indistinguível dos livros tradicionais e livros digitais.

De acordo com um estudo de 2016 conduzido pela pesquisadora Beth A. Rogowsky, ao ler, ouvir ou fazer ambas as atividades de forma simultânea, 91 indivíduos demonstraram não haver diferença significativa na compreensão ou na recordação depois de duas semanas.

Na verdade, os audiolivros são considerados uma das melhores formas de aprender qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, há anos fãs do esporte das cartas utilizam esse recurso para aprender todo tipo de estratégia de poker e subir de nível no jogo.

Um dos principais audiolivros disponíveis na já mencionada Audible é o “Decide to Play Great Poker: A Strategy Guide to No-limit Texas Hold Em”. Escrita pelos autores Annie Duke e John Vorhaus e narrada de maneira magistral por Duke, a obra explica aos ouvintes todas as particularidades de uma das modalidades mais populares de poker ao redor do mundo.

Com cerca de 10 horas e meia de puro conhecimento, “Decide to Play Great Poker” cobre desde jogadas básicas até práticas avançadas e ensina aos leitores praticamente tudo sobre como montar estratégias e vencer partidas de uma maneira didática, profunda e surpreendentemente divertida.

Outro título indispensável para os entusiastas do esporte, que já conta com mais de 8 milhões de fãs no país, é o “Reading Poker Tells”. Escrito e narrado pelo famoso competidor profissional Zacharay Elwood e com menos de 3 horas de duração, o audiolivro conta tudo sobre como identificar e esconder as “tells”, parte integral para um blefe de poker bem-sucedido e uma das facetas mais divertidas do esporte da mente.

Para quem não quiser gastar com a assinatura de outro serviço digital, os audiolivros também estão disponíveis para aqueles que possuem uma conta no Spotify. São mais de 30 playlists diferentes com todos os tipos de conteúdo literário, que incluem desde grandes clássicos de aventura até contos de terror.

Para encontrar os audiolivros basta pesquisar o nome dos autores na plataforma. Algumas das obras disponíveis incluem “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas, “Moby Dick” de Herman Melville e Mrs. Dalloway de Virginia Woolf.

Além do grande acervo, um dos maiores pontos positivos do Spotify é que vários dos audiolivros mais recentes são narrados pelos próprios autores, o que torna possível encontrar versões abreviadas de clássicos como “Admirável Mundo Novo” narrado pelo próprio Huxley e “Cama de Gato” por Kurt Vonnegut.

Audible e Spotify são apenas algumas das empresas envolvidas com o formato e é possível encontrar audiolivros em diversas outras plataformas, como a Ubook, a Scribd e a Tocalivros, que tem crescido muito no país.

Números devem crescer ainda mais no futuro

O crescimento experimentado pelos podcasts e audiolivros até agora impressiona, mas no futuro esses números devem ser ainda maiores. O número de novas pessoas que ganham acesso aos dispositivos necessários para reproduzir esse tipo de conteúdo só tem aumentado e cada vez mais pessoas comprarão assistentes inteligentes de voz e outras ferramentas relacionadas que também podem ser utilizadas para esse fim. 

Com todos esses fatores conspirando a favor do áudio, o futuro dessa antiga forma de transmitir conhecimento não poderia ser mais promissor. 

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