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FIQ BH 2022: Belo Horizonte se transforma na capital nacional dos quadrinhos

FIQ BH 2022: Belo Horizonte se transforma na capital nacional dos quadrinhos - Foto: Divulgação/Ricardo Laf

A Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Lumiar, realiza a 11ª Edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte – FIQ BH, que acontece de 3 a 7 de agosto, no Minascentro. A programação é extensa e totalmente gratuita, com atividades para jovens, adultos, crianças e profissionais do setor, e reafirma a relevância do FIQ BH como o maior evento latino-americano dedicado ao gênero. Com a temática “Quadrinhos e o mundo do trabalho”, o FIQ BH 2022 reúne artistas locais, nacionais e internacionais, que participam de diversas atrações. A programação inclui oficinas, exposições, sessões de filmes, mesas de artistas, feira de quadrinhos, debates, sessões de autógrafos, duelos de HQs, rodada de negócios, entre outras, durante os cinco dias de festival.

Referência para os quadrinistas de todo o país, o FIQ BH se notabiliza por compreender as mais diversas etapas da relação entre mercado, público e artistas, estreitando os caminhos tanto para a aproximação de editoras e criadores, assim como o contato entre os produtores de quadrinhos e o consumidor final. Neste ano, 189 mesas irão compor a feira de quadrinhos, com exposição e venda de publicações e produtos de quadrinistas de todo o Brasil. O FIQ BH segue os protocolos sanitários vigentes em Belo Horizonte de combate à covid-19.

A abertura oficial do FIQ BH 2022 acontece no dia 3 de agosto, quarta, às 9h30, no Minascentro, com a presença dos curadores, quadrinistas, parceiros e autoridades. A programação completa pode ser acessada no site portalbelohorizonte.com.br/fiq.

A Secretária Municipal de Cultura Eliane Parreiras destaca a importância do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte nas políticas públicas desenvolvidas pelo município para o setor: “O FIQ BH transforma Belo Horizonte na capital nacional dos quadrinhos, sendo um ponto de encontro entre público, profissionais e pesquisadores da área, possibilitando a troca de experiências artísticas, formativas e reflexivas sobre a linguagem da arte sequencial. O FIQ formou e impactou gerações de artistas dos quadrinhos na cidade. A iniciativa reforça a política pública cultural desenvolvida pela Prefeitura pautada pela democratização do acesso à arte e à cultura, com programação diversa e transversal, privilegiando produções artísticas locais, nacionais e internacionais, ocupando a cidade”, afirma.

Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, celebra a edição presencial do festival e sua contribuição para o desenvolvimento do setor cultural. “O FIQ BH é de extrema importância para o processo de valorização e crescimento dos quadrinhos no Brasil. Ocupar novamente a cidade com uma programação qualificada, garantindo o acesso democrático à cultura, é um compromisso da Prefeitura, principalmente após um longo período de restrições em função da pandemia que impactaram diretamente o setor cultural”, ressalta.

Realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Lumiar, o 11º FIQ BH conta com o apoio da Casa Fiat de Cultura e da Casa dos Quadrinhos, e parceria do Minascentro, SEBRAE Minas, Aliança Francesa e Embaixada da França no Brasil.

Temática “Quadrinhos e o mundo do trabalho”

Com curadoria da jornalista e quadrinista baiana Amma e do psicólogo mineiro e pesquisador da representação social do feminino em histórias em quadrinhos Lucas Ed, a 11ª edição do FIQ BH apresenta o tema “Quadrinhos e o mundo do trabalho”, que irá abordar a dinâmica da profissionalização de agentes relacionados ao universo dos quadrinhos, frente às crises que o mercado tem enfrentado.

Essas questões se refletem nas mesas-redondas, debates e conversas com convidados de renome nacional e internacional. A proposta é refletir sobre o(s) trabalho(s) envolvido(s) na produção de uma história em quadrinhos (pesquisa, planejamento, entrevistas, execução, divulgação); as atividades em torno da produção, como o trabalho de tradutores; os quadrinhos que falam sobre trabalhadoras e trabalhadores e suas atividades; e como é ter a essa arte como meio de vida.

Homenageado traduz espírito da edição

Outro destaque da programação é a presença do artista homenageado, o quadrinista, ilustrador e professor paulistano Marcelo D’Salete. Aos 42 anos de idade e com quase 20 anos de carreira, ele é um dos autores de quadrinhos mais premiados no Brasil, tendo ganhado um dos mais importantes prêmios de quadrinhos do mundo: o Eisner de melhor edição americana de material estrangeiro, em 2018, com a edição norte-americana de “Cumbe”. No mesmo ano, Marcelo D’Salete levou também o Prêmio Jabuti com “Angola Janga”, na categoria Histórias em Quadrinhos.

Suas obras mais aclamadas tratam da história da resistência à escravidão no Brasil pela ótica dos povos negros: “Cumbe” (2014) e “Angola Janga” (2017), ambas publicadas pela editora Veneta. “Angola Janga”, seu quadrinho mais recente, é fruto de uma pesquisa de dez anos sobre Zumbi dos Palmares, Ganga Zumba e o famoso quilombo. Além dos prêmios que conquistou, “Angola Janga” já é considerado pela crítica especializada como um dos mais importantes quadrinhos feitos e publicados no Brasil.

“Multipremiado no Brasil e no exterior, D’Salete sintetiza muito bem o espírito desta edição. ‘Angola Janga’, sua principal obra até agora, é o resultado imperdível de anos de suor e pesquisa. E mais especial ainda poder homenagear, pela primeira vez, um autor negro de quadrinhos”, celebra Lucas Ed.

O homenageado estará presente no FIQ BH 2022 com a mesa “Marcelo D’Salete entre faróis, favelas e quilombos”. Uma exposição com trabalhos e destaques de sua carreira também compõem a programação do Festival. Na exposição “Malungo D’Salete: Entre faróis, favelas e quilombos”, o público terá a oportunidade de mergulhar no trabalho do quadrinista por meio de reproduções de páginas, vídeos, quadros, texturas, pinceladas, símbolos e palavras.

PROGRAMAÇÃO GRATUITA E DIVERSIFICADA

Mesas-redondas, debates e bate-papos

Não faltam destaques na programação das mesas-redondas, debates e bate-papos. Elemento que passa muitas vezes despercebido nos HQs, o roteiro é o ponto central da mesa “No início era a palavra. Criação e Roteiro de Quadrinhos”, que reúne os convidados Carol Rossetti (BH), Ademar Vieira (AM) e Ing Lee (BH), e que acontece no primeiro dia de evento, 3/8, às 18h.

No mesmo dia, às 19h30, o Grupo Galpão, que completa 40 anos, brinda o público do evento com a presença dos atores Eduardo Moreira (BH), Inês Peixoto (BH) e Teuda Bara (BH) na mesa “Quadrinhos na Ribalta – Os desafios de dialogar quadrinhos com teatro”.

Na linha faça você mesmo, o evento pensa a produção independente na mesa “Faça você mesm@, fale você mesm@: zines, quadrinhos underground e autopublicação”, que acontece no dia 4/8, a partir das 12h, com Tai Silva (PA) , Fabiano Azevedo (BH), Alec (BH) e Bennê Oliveira (PE). Como viver de quadrinhos? É essa a discussão em torno da mesa “Quando os quadrinhos SÃO o trabalho: vivendo entre rascunhos e boletos”, que será realizada no mesmo dia, às 15h, com a presença dos convidados Cris Bolson (BH), Raphael Salimena (MG), Ilustralu (RN) e Ana Cardoso (MG).

As atividades incluem ainda encontros para refletir a relação dos quadrinhos com o jornalismo, a crítica especializada, a internet e as redes sociais, entre outros recortes como narrativas de origem, questões de gênero e de representatividade. Os temas se refletem em mesas como “Webcomics e redes sociais: produzindo para a internet nos dias de hoje”, no dia 5/8, às 15h, com Bennê Oliveira (PE), Paulo Moreira (PB), Raphael Salimena (MG) e Helô D’angelo (SP).

“Uma das grandes atrações do evento é o trabalho de Luiza de Souza (RN), a IlustraLu, com seu quadrinho Arlindo. A Lu é do Rio Grande do Norte e já possui várias indicações de prêmios com a história de Arlindo, um menino gay que busca seu lugar no mundo. Vamos ter artistas que são sucesso na internet, como Paulo Moreira (PB) e Helô D’Ângelo (SP), e muitos outros convidados especiais”, adianta Amma.

Também na sexta-feira, 5/8, às 17h30, uma mesa especial denominada “FIQ BH – ontem, hoje, amanhã” vai reunir os curadores Lucas Ed (BH) e Amma (BA), e o assessor da Diretoria de Políticas de Festivais da Fundação Municipal de Cultura Afonso Andrade (BH) para uma discussão conceitual sobre o festival. Em pauta, as particularidades do FIQ BH enquanto evento público voltado para os quadrinhos: O que já foi feito ao longo de onze edições? Qual é o trabalho necessário para fazer esse evento? O que podemos esperar dos próximos festivais?

Convidados internacionais – Chloé Cruchaudet é nascida em Lyon, na França, e, depois de estudar arquitetura e artes gráficas em Lyon, frequentou a escola de animação Gobelins. Isso fez com que ela desenvolvesse seu gosto pelo desenho in loco e trouxe uma abordagem cinematográfica para seu trabalho. Sua produção é inspirada em livros históricos ou autobiografias. Ela participa da mesa “Quadrinhos e transmídia: animação e outro registros”, no dia 4/8, quinta-feira, às 18h, e recebe o público para o bate-papo “Conversa em quadrinhos: ficção histórica” no dia 6/8, às 13h30.

O francês Fabien Toulmé, que tem publicações no Brasil e que são sucesso pelo mundo afora, participa do bate-papo “Conversa em quadrinhos: as narrativas intimistas” também no dia 6/8, sábado, às 15h.

Mostra de cinema e exposição

Entre as atividades desta edição, o FIQ BH apresenta ainda a mostra de cinema que apresentará obras focadas tanto na temática geral do evento quanto na interseção dos quadrinhos com o mundo da animação. Serão seis filmes exibidos no Cine Santa Teresa, gratuitamente: Culottées – Mai Nguyen et Charlotte Cambon De La Valette; Wood & Stock – Otto Guerra; Aya de Yopougon – Marguerite Abouet, Clément Oubrerie; Um homem está morto – Olivier Cossu; Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme – Steve Martino; Playlist – Nine Antico;

Além da exposição “Malungo D’Salete: Entre faróis, favelas e quilombos”, do homenageado do FIQ BH 2022, as artes visuais também estão representadas com a exposição “Gemini”, história em quadrinhos de Rogi Silva e Clémence Bourdaud, que parte do diálogo entre linguagens, artistas e culturas. Ele, brasileiro, e ela, francesa, transportam a HQ para uma instalação digital e interativa, na qual o público é convidado a fazer uma imersão na história e conhecer uma nova perspectiva de narrativa.

*A exposição “Gemini” está em cartaz na Casa Fiat de Cultura e poderá ser vista presencialmente até 14/8.

Oficinas – Profissionalização e formação de público

Outro viés sempre importante para o evento, as oficinas irão oferecer atividades voltadas tanto para a formação de público quanto para a prática dos quadrinhos. O 11º FIQ BH conta com oficinas gratuitas para todas as idades, que serão ofertadas para despertar a curiosidade e o interesse artístico no mundo dos quadrinhos com atividades ligadas à prática do desenho.

A programação também contará com oficinas de formação (também gratuitas, porém com inscrição prévia) destinadas a artistas e profissionais da área. Serão quatro oficinas diferentes ministradas por convidados do evento – mais informações sobre as oficinas no site do FIQ BH.

Rodada de Negócios – Artistas mais próximos das editoras

A Rodada de Negócios é uma ação do FIQ BH que propõe aproximar artistas e editoras. Os encontros, que vão ocorrer entre os dias 3 e 4 de agosto, são organizados com objetivo de ampliar o networking profissional, oferecendo aos quadrinistas a oportunidade de apresentarem os seus projetos às editoras convidadas.

A iniciativa destina-se aos profissionais e projetos inscritos previamente e já selecionados pela organização do FIQ BH. São encontros com 10 minutos de duração, quando o trabalho passa por uma avaliação das editoras. O espaço contará, ainda, com a presença de dois representantes de estúdios de animação, que poderão buscar tanto por profissionais como por ilustradores, roteiristas e histórias que podem ser adaptadas para o audiovisual. A atividade permite que artistas dos mais diversos cantos do país tenham seu trabalho avaliado por agentes e editoras, em uma oportunidade rara de receber um retorno qualificado do que se está produzindo.

Feira de Quadrinhos

Ocupando um espaço crescente a cada edição, a Feira de Quadrinhos é formada por Mesas e Estandes de artistas e editoras, em que os quadrinistas de todo o Brasil expõem seus trabalhos. É uma oportunidade para aproximá-los dos consumidores de suas obras e produtos. Para os frequentadores do evento é a chance de conhecer pessoalmente artistas que já são reconhecidos, e, também, um ambiente propício para conhecer e se surpreender com novos quadrinistas.

FIQ BH 2022 em Números

Em 1997, quando Belo Horizonte comemorou seu primeiro centenário, a capital foi sede de diversos eventos e homenagens. Um deles, em especial, chamou a atenção de todos, com convidados nacionais e internacionais de renome, transformando BH, pela primeira vez, no maior ponto de encontro latino-americano de HQs. Era a 1ª Bienal de Quadrinhos, realizada nos espaços nobres e históricos da Serraria Souza Pinto.

A partir de 1999, rebatizado como Festival Internacional de Quadrinhos – FIQ, o evento configurou-se como referência obrigatória para os quadrinistas e hoje pode ser considerado o principal do gênero na América Latina.

A edição presencial mais recente do FIQ BH, realizada em 2018, recebeu mais de 80 mil pessoas. O festival é um espaço de encontro entre profissionais e de troca de experiências artísticas e pedagógicas relacionadas à linguagem da arte sequencial. Além das diversas atividades oferecidas, artistas acadêmicos convidados estimulam a capacitação de profissionais e incentivam a formação de jovens quadrinistas.

SERVIÇO

11ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte – FIQ BH 2022
Data: 3 a 7 de agosto
Local: Minascentro – Rua Guajajaras, 1022
Horário: Quarta-feira a sexta-feira, das 9h às 21h; Sábado e domingo, das 10h às 21h.
Classificação: livre
Para mais informações, acesse: portalbelohorizonte.com.br/fiq

MinasCentro - Foto: Agência i7
MinasCentro – Foto: Agência i7
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