Por Dentro de Minas (MG)

Exposição “Yaya Tupynambá – 70 anos de carreira” volta ao formato presencial no CCBB BH

Claridade no Centro da Mata - Foto: André Senna/Divulgação

Um bom programa para essa fase de reabertura dos teatros e galerias em Belo Horizonte é a exposição “Yara Tupynambá – 70 anos de carreira”. Com visitações suspensas desde a inauguração, em março, a mostra volta ao formato presencial e será estendida até 30 de agosto, seguindo os protocolos de segurança. São 74 obras de diferentes fases da carreira da maior muralista brasileira, que trazem temática voltada para o meio ambiente. Uma novidade é que a artista pretende estar com o público, aos domingos, para dividir sobre os bastidores de sua criação. A exposição fica aberta à visitação de quarta a segunda, das 10h às 22h. Será possível encontrar-se com a pintora aos domingos, entre 16h e 20h. No 1º andar da exposição podem circular 28 pessoas, por vez, e no 2º, até 8 visitantes. Para acesso ao prédio do CCBB BH é necessária retirada prévia de ingresso online no site bb.com.br/cultura ou pelo Eventim (site ou app), e apresentação na entrada, por meio do QR Code no celular. Quem preferir ficar no conforto de casa, pode apreciar as obras da artista via tour virtual www.yaratupynamba.org.br. Este projeto tem o patrocínio do Banco do Brasil.

“Artes plásticas são silêncio, contemplação. É muito seguro permitir a presença de pessoas circulando durante uma exposição”, diz a artista que, já neste domingo, dia 18 de julho, tem a intenção de encontrar com o público para abordar os desafios e curiosidades do que está por trás da criação de suas telas. “Eu sou uma artista, quero que as pessoas possam ver meu trabalho, quero saber como a obra chega nelas. Com a exposição reaberta e a vacina em dia, estou duplamente aliviada”, diz.

Com telas que ultrapassam 1 metro de altura, a mostra conta com quadros e gravuras de alguns dos mais importantes painéis da trajetória de Yara, além de uma série inédita sobre o Parque Municipal e os jardins da casa da artista. “O digital possibilita o acesso, mas não é a mesma coisa de você ver um grande painel de perto. É um trabalho longo para conclusão de uma obra dessas e o computador não pega as sutilezas de cor. No contato ao vivo com a obra de artes plásticas, o impacto é muito maior”, afirma a artista.

SOBRE A EXPOSIÇÃO

O percurso da exposição começa com obras das matas e florestas densas de Minas Gerais – o Vale do Rio Doce e o Vale do Tripuí, resquícios de Mata Atlântica, bioma da costa leste do Brasil, representando a universalidade ambiental. O Cerrado Mineiro é outro importante bioma retratado na exposição, destacado em flores e espécies raras existentes no Parque Nacional da Serra do Cipó.

Os Jardins do Inhotim, o maior centro de arte contemporânea a céu aberto do planeta, são também retratados por Yara, que valoriza a natureza reinventada pelo homem. Rio Doce e Tripuí, os vales e as florestas, os recantos e recortes de Mata Atlântica são representados com paixão e refinamento. A Serra do Cipó e o cerrado se refletem em obras marcadas pela delicadeza e riqueza de detalhes.

Destaque para a série de telas sobre os jardins da casa da artista, com as plantas e flores por ela cuidadas, assim como sua visão da casa e dos jardins de Claude Monet, em Giverny, na França dos anos 80. “Meus jardins são meu privado, íntimo e pessoal, é aquilo que sinto. A arte do artista está naquilo que ele vive. É a vivência que faz com que você trabalhe. Tantas cidades, tantos lugares, tantos objetos absolutamente mineiros que posso trabalhar sobre, que posso fazer evocações. Mas não posso trabalhar sobre o Ceará, por exemplo, pois não vivi essa realidade”, explica.

José Theobaldo Júnior, que assina a curadoria da exposição, diz que “o registro dos próprios jardins convida todos a preservarem o meio ambiente e de certa forma também se tornarem artistas, com criações cotidianas no jardim de seus lares. Já a tela, com releitura dos Jardins de Monet, valoriza a necessidade universal de cuidados com a natureza”. Para o curador, telas e obras da exposição, como um todo, “deixam um alerta de preservação e conservação ambiental”.

As imersões artísticas de Yara, inspiradas nos parques de BH, completam o ciclo da natureza iniciado quando a artista tinha 17 anos e recebeu as icônicas aulas do mestre Guignard. Dessa época vêm os primeiros registros do Parque Municipal, ao qual Yara retorna agora, 60 anos depois, para oferecer novos olhares e reavivar sua íntima relação com a natureza. “A arte é um documento de seu tempo. Ela tem uma função social. Faço o que faço pois estou em 2021. Em 1960 fiz outras coisas. Cada época focalizei um período da minha história e do meu povo. Quando falo do gado, falo do meu povo. Quem não vê um documento em Guignard?”. E, acrescenta: “sou uma ecologista, meu trabalho está voltado para a natureza, mais do que muita gente de gabinete” (risos).

SERVIÇO

EXPOSIÇÃO “YARA TUPYNAMBÁ – 70 ANOS DE CARREIRA”
Até 30 de agosto | 2021
Quarta a segunda – 10h às 22h
Tour virtual – livre acesso pelo site www.yaratupynamba.org.br
Visitas presenciais no CCBB BH – mediante retirada de ingresso gratuito no bb.com.br/cultura ou pelo Eventim (site ou app) e agendamento de visita.
Obs.: No 1º andar da exposição podem circular 28 pessoas, por vez, e no 2º, até 8 visitantes.

YARA & seu jardim - Foto: Divulgação/Raquel Guerra
YARA & seu jardim – Foto: Divulgação/Raquel Guerra

SOBRE YARA TUPYNAMBÁ

Natural de Montes Claros, Minais Gerais, fez estudos artísticos com Alberto da Veiga Guignard e Oswald Goeldi; foi bolsista do Pratt Institute, em New York. Participante dos Salões de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Paraná, Porto Alegre, Campinas, Ouro Preto e Pernambuco. Participante das Bienais de São Paulo e de Salvador.

Expôs na Sala especial na Bienal de São Paulo, no Salão Global TV Globo, Belo Horizonte e Salão da Gravura, Ouro Preto. Realizou exposições individuais nas galerias Guignard, Palácio das Artes, AMI, Inimá, Atelier Cor de Minas, Espaço Cultural da UNI-BH, em Belo Horizonte; em Juiz de Fora, Assir Artes e Funalfa; Exposições no Rio de Janeiro nas Galerias Chica da Silva, ICBEU e Museu Nacional de Belas Artes; Exposições individuais nas Galerias Danúbio, Sobrado, Casa das Artes e Portal, em São Paulo; Exposições individuais nas Galerias Oscar Seraphico, Performance e Teatro Nacional, em Brasília. Também realizou exposições em Espaços Culturais da Caixa Econômica Federal em São Luiz- MA, Ituiutaba e Juiz de Fora em Minas Gerais e Casas da Cultura em Sete Lagoas, Nova Era, e Uberlândia; Exposições individuais internacionais nas Galerias Hourian, em São Francisco; Institute of Education, em Londres; Galeria Inter-Art, em Paris; Brazilian Cultural Institute, em New York; Galeria de Vilar, Porto, Portugal.

Artista selecionada para numerosas mostras nacionais em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, Brasil. Selecionada para representar a arte mineira em grandes exposições coletivas organizadas por entidades oficiais como Palácio das Artes, CEMIG, Secretaria da Cultura e Fundação Newton Paiva Ferreira. Participante de mostras internacionais como I Certame Latino-Americano de Xilogravura, Buenos Aires; Artistas Brasileiros em Indiana e Ohio; Artistas brasileiros em The Brazilian American Cultural Institute, Washington; Artistas Brasileiros na Cité Universitaire, Casa do Brasil, Paris; Artistas Brasileiros selecionados para o acervo do Museu Spokje, Iuguslávia; Artistas Brasileiros na Nigéria; Artistas Brasileiros no BAC, New York. Participante das mostras da Xilon Internacional que, de dois em dois anos percorre a Europa. Selecionada para a Bienal Internacional de gravura sobre madeira, Evry, França.

Incluída em numerosos livros sobre arte brasileira como o Dicionário das Artes Plásticas do Brasil, Roberto Pontual; A Escola Guignard na Cultura Modernista, Ivone Maria Vieira; Tiradentes, Edição da Caixa Econômica Federal e Ministério da Educação; Arte Brasileira Contemporânea; Panorama da Arte Brasileira, Várias Tendências, Editora RMB; Artes Plásticas no Brasil, vol. 10 e 11, Júlio Louzada; Anuário da Arte Brasileira 2001; 60 Obras Selecionadas, Gravadores Brasileiros, publicação do ICBEU; Gabinete de Arte, livro publicado pela Prefeitura de Belo Horizonte, Editora Conarte e Fundação João Pinheiro; Brasil 500 anos, Artes Plásticas, RMB Editora; Brasil Art Show, Editora Jardim Contemporâneo Ltda.

Entre seus prêmios se destacam: II Prêmio de Escultura no Salão de Belo Horizonte; I Prêmio Gravura Salão de Belo Horizonte; I Prêmio de Desenho TV Itacolomi entre artistas mineiros; I Prêmio de Ilustração Diário de Notícias, Rio de Janeiro; II Prêmio de Desenho no Salão de Pernambuco; I Prêmio de Gravura no II Salão de Trabalho, São Paulo; Medalha de Ouro no Salão do Paraná; Prêmio aquisição no Salão De Porto Alegre; Prêmio Especial Paschoal Carlos Magno no Salão do Pequeno Quadro, Rio de Janeiro; Menção Especial no Salão do Paraná com a equipe Estandarte; I Prêmio de Gravura com a equipe Estandarte no IV Salão de Arte Contemporânea de Belo Horizonte. Recebeu como reconhecimento público a Medalha Ordem do Mérito Legislativo concedida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais; Comenda da Inconfidência Mineira concedida pelo Governo de Minas Gerais; Palma de Ouro concedida pela Fundação Clóvis Salgado; Grande Medalha de Ouro Santos Dumont, Governo de Minas e Medalha Professora Lílian Câmara concedida pela agremiação Amigas da Cultura de Montes Claros. Recebeu o título de Artista do Ano concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte em 2011. Tem 104 painéis e murais espalhados por numerosas cidades brasileiras, sendo que destes, 07 são tombados pelo Patrimônio Histórico Cultural de Belo Horizonte.

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