A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, realiza entre os dias 25 e 29 de setembro, o Festival Literário Internacional de Belo Horizonte – FLI-BH. As atividades concentram-se no Parque Municipal Américo Renné Giannetti (avenida Afonso Pena, 1377, Centro). As oficinas ocorrem no Parque e no Centro de Referência da Juventude (Praça da Estação, s/n, Centro) e a Mostra de Cinema, no MIS Cine Santa Tereza (rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza).
Para o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, um festival literário tem tudo para aproximar as pessoas e alargar a compreensão sobre a literatura. “Arrisco-me mesmo a dizer que temos este compromisso ao realizá-lo. Não podemos perder de vista que quando estamos tratando de literatura, estamos tratando em última instância dos diversos usos e formatos que podemos dar a palavra, seja ela escrita, falada, cantada ou declamada”, afirma.
A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin, celebra a realização de mais uma edição do festival. “O FLI-BH é de grande importância para a implementação e a promoção de políticas públicas para a leitura e a escrita, desenvolvida ao longo de todo o ano a partir das inúmeras atividades gratuitas realizadas nas 22 bibliotecas municipais ofertadas em equipamentos públicos nas nove regionais”, salienta.
Abordando a temática “Do Livro à Voz: Narrativas Vivas” e com curadoria da poeta Nívea Sabino e da ilustradora Marilda Castanha a terceira edição do FLI-BH apresenta ao público mineiro cinco dias de programação gratuita e diversificada. Serão ofertados ao longo da temporada mais de 50 atrações, divididas entre palestras, rodas de conversa, oficinas, saraus, narrações de histórias, exposições, espaço literário, lançamentos de livros e sessões de autógrafos com escritores e escritoras independentes, mostra de cinema e literatura, biblioteca e intervenções urbanas.
Um destaque é a participação de grandes escritores, ilustradores, críticos e especialistas nacionais e internacionais. Do Brasil, estão participando, por exemplo, o poeta e artista visual Ricardo Aleixo (BH); a contadora de histórias Édina Calegaro (SC); o ilustrador Edson Ikê (SP); o poeta e agitador cultural Sérgio Vaz (SP); o escritor, roteirista e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva (SP) e o autor de mais de cem livros infanto-juvenis Ivan Zigg (RJ). Já do exterior a programação conta com a argentina Anabella López, ilustradora e escritora; Cláudia Magnani (Itália), antropóloga e professora de Literatura Italiana na Fundação Torino e a artista Cláudia Manzo (Chile).
Homenagem
O FLI-BH homenageia o poeta Adão Ventura (1939-2004), mineiro nascido em Santo Antônio do Itambé, e autor do clássico “A cor da pele” – importante conjunto de poemas sobre o tema da negritude e do racismo. De acordo com a curadora e poeta Nívea Sabino, reverenciar o legado de Adão Ventura em um evento como o FLI-BH passa por um desejo realizado de propor um olhar sobre nós e, também, de sair do campo das repetições. “A pluralidade e diversidade das produções literárias no Brasil são enormes. Porém, reverenciam-se sempre nomes corriqueiros da nossa literatura. Considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX, pouco se lê ou ouve falar sobre Adão Ventura. Portanto, o FLI-BH é um convite a ampliar o olhar, um convite à leitura, ao desconhecido”, explica.
Sobre a temática e todos os seus recortes, a também curadora e ilustradora Marilda Castanha destaca que o FLI-BH abarca necessidades tanto atuais como históricas. Por isso, a obra de Adão Ventura dialoga tão bem com o tema desta edição, “Do Livro à Voz: Narrativas Vivas”. “Se voltarmos para a questão das ‘narrativas vivas’ encontramos produções do poeta, se pensarmos em memórias, tradições e dar voz a invisibilidades históricas também. Por outro lado, se considerarmos produções contemporâneas a obra de Adão Ventura também é lembrada”, relata.
“Dificilmente não se encontrará na obra de um artista negro algo que denuncie ou aponte as condições sociais das quais estamos sujeitos no mundo. Creio que Adão Ventura está vivo. A identificação que se cria ao ler a sua obra é direta: trata-se do mesmo grito de poetas negros (e negras) que assim como ele, através da arte, ofertam um revide lindo para este país. Um revide poético. Quando algo que foi escrito e dito lá atrás permanece latente e vivo no nosso tempo, é sinal de que estas narrativas estão vivas. E é preciso ter voz para gritá-las ao mundo e registrar nos livros e suportes possíveis”, salienta ainda a curadora Nívea Sabino.
Além da homenagem ao grande poeta Adão Ventura, o FLI-BH traz como destaque em sua programação, menção honrosa a dois renomados escritores: a carioca radicada em Minas Gerais, Leda Maria Martins, e o mineiro do Vale do Rio Doce, Ailton Krenak.
Sobre as escolhas dos escritores para a menção honrosa, a curadora Nívea Sabino revela que ao escrever e dizer sobre a literatura indígena, Ailton Krenak se torna porta-voz de toda uma população que, assim como a negra, no campo literário e social brasileiro, permanecem silenciadas. “Escrever é produzir conhecimento e registro de memória. Já a Leda Maria Martins dialoga com os movimentos culturais e sociais e a sua obra é um registro de pesquisa e afeto que irá evidenciar essas manifestações todas dos povos originários deste país, desde as suas tradições culturais às vestimentas, corpos e vozes. Essa menção é para homenagear as pessoas e os seus legados em vida”, define.
Programação FLI-BH
Diversificada e totalmente gratuita, a programação do FLI-BH oferece mais de 50 atrações ao longo de cinco dias de evento. A programação completa está disponível no site do FLI-BH.
Serviço
De 25 a 29 de setembro
Local: Parque Municipal Américo Renné Giannetti (avenida Afonso Pena, 1377, Centro)
De 26 a 29 de setembro
- Oficinas
Local: Parque Municipal e Centro de Referência da Juventude – CRJ (Praça da Estação, s/nº, Centro)
- Mostra de Cinema
Local: MIS Cine Santa Tereza (rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza)
Toda programação é gratuita