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Carnaval de Belo Horizonte 2019 tem programação divulgada

Belo Horizonte se prepara para o maior Carnaval de sua história. Em 2018 foram cerca de quatro milhões de foliões curtindo os 420 desfiles de blocos de rua na cidade e, este ano, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, tem expectativa de crescimento público de 20%. O evento deste ano já conta com 590 blocos de rua cadastrados, que farão cerca de 700 desfiles no período oficial do Carnaval de Belo Horizonte. Isso significa aumento de 40% de blocos nas ruas da cidade, durante a festa.

A regional Centro-Sul tem a maior concentração de blocos cadastrados com 36% deles, seguida pelas regionais Leste, com 17%, e Noroeste, com 14%. As regionais Nordeste, Pampulha e Norte concentram 9% , 8% e 6% respectivamente. E, por fim, Barreiro e Venda Nova têm 2% dos blocos cadastrados cada.

Ou seja, com tanto bloco na rua, uma coisa é certa: tem programação para todo o tipo de folião.

Se o assunto é blocos afros, temos o Afoxé Bandarerê, Afro Magia Negra, Afrodum, Thirey Afoxé Ilê Odara. Se for rock and roll, temos a Alcova Libertina e o Bloco dos Camisa Preta. Se for jazz, o Magnólia, o Sou Jazz Bloco, o Bloco Fúnebre. Carimbó? Temos o Bloco da Fofoca. Se a ideia é pular Carnaval com seu cachorro, temos o Blocão. Para se divertir com o universo brega, temos o Beiço do Wando e o US Beethoven. Alô Abacaxi e Garotas Solteiras são conhecidos pela defesa da causa LGBT. Já o Sagrada Profana e o bloco Bruta Flor, reforçam o empoderamento feminino.

Para quem curte a magia do Cosplay, existe o Unidos da Estrela da Morte. É forrozeiro? Temos o Pisa na Fulô, Baião de Rua, Forrozeiros de Rua. Religioso? Corre para o Unidos de Guadalupe ou o Bloco Se Joga. Para os ‘hare krishna’, Pena de Pavão de Krishna. Para a criançada a agenda é extensa: tem o Padecendo no Paraíso, o Circo Marimbondo Show, o Fera Neném, o Bloco dos Super Heróis, o Bloco da Bolinha Preta, o Bloquim Dubem, o Ser criança é ser feliz e o Bloco PufTictá.

E tem muito mais…

Homenageados

Alguns blocos do Carnaval de Belo Horizonte nasceram para homenagear artistas famosos. O Ziriguidum Stardust, por exemplo, reúne sua bateria para executar os clássicos do pop star David Bowie. Chama o Síndico embala sucessos de Tim Maia e Jorge Ben. Tem o Toca Raul, que homenageia Raul Seixas. Filhos de Clara revive Clara Nunes.

Em 2017 surgiu o Lindo Bloco do Amor, convidando o público a cantar as músicas de Gonzaguinha, artista que morou boa parte de sua vida em Belo Horizonte, na Pampulha. “Estávamos em um forró quando tivemos a ideia de fazer um bloco somente com músicas do Gonzaguinha, que tem um repertório vasto, bom de cantar. Muito samba, muita música nordestina, o que deu super certo para a pegada do nosso Carnaval. Os arranjos são originais, mas com ritmo carnavalesco”, comenta Aloísio Horta, músico e idealizador do Lindo Bloco do Amor, junto com Everton Coroné e Flávio Renegado.

Para 2019, Horta dá um spoiler: “vamos homenagear também o pai de Gonzaguinha. Gonzagão tem uma obra fantástica e a relação entre ele e seu filho é muito intensa, rica. É o que vamos tentar explorar.”

Sertanejo de raiz, tem também

É o Amô é um dos blocos estreantes do Carnaval de Belo Horizonte. Levou mais de 120 mil foliões amantes do sertanejo de raiz para o coração da Savassi. Fundado pelos músicos Di Souza e Peu Cardoso, com direção musical do Rodrigo Torino, o bloco mistura o sertanejo dos anos 80 e 90, com bateria de Carnaval. “Temos muito cuidado na escolha desse repertório, porque sabemos que existe muita música machista no universo do sertanejo. Pinçamos com muito carinho clássicos do sertanejo, como a música Evidências, por exemplo. Até metaleiro estava curtindo com a gente”, comenta Débora Campos, produtora.

“Depois desses anos vivendo a experiência do Carnaval de Belo Horizonte, o É o Amô chega como bloco revelação pelo Prêmio Fuzuê 2018 e com uma aceitação enorme do público. Apostamos no crescimento em 2019 e estamos preparando novas surpresas”, promete Peu Cardoso, maestro e um dos idealizadores do É o Amô. O bloco tem 150 ritmistas em sua bateria e conta também com uma ala de dança.

Família de rua

Em 2018 a cultura do hip hop, do rap e do funk ganhou seu lugar no Carnaval de Belo Horizonte. O Carnarap se concentrou debaixo do Viaduto de Santa Tereza, no sábado de Carnaval. “A proposta é o rap desde o seu lado sujo, mais underground, até o trap, que são misturas do rap com a música eletrônica. Agregamos outras culturas da periferia, como o funk – dentro do viés consciente -, justamente porque tem uma história de luta contra o preconceito. Se o rap e o hip hop já nasceram da resistência, tem essa origem de luta, tínhamos que participar do Carnaval de Belo Horizonte, que também é resistência”, comenta Winy Mangabeiras, produtora do Carnarap.

“Nesse ano, fizemos dentro do formato da batalha entre os crews (grupos de MCs que se unem para rimar) de Belo Horizonte, mas queremos estender nosso público para além da batalha de MCs. Vamos resgatar artistas antigos e também da nova geração e pretendemos sair duas vezes no Carnaval”, adianta Winy.

Carnaval inclusivo

Criado pelo artista Marcelo Xavier em 2016, o bloco Todo Mundo Cabe no Mundo acolhe pessoas com deficiências de todos os tipos. A ideia é que todos têm direito de ser feliz. Cadeirante há cerca de vinte anos, desde que descobriu ser portador de esclerose lateral amiotrófica, o artista defende a democracia da sua bateria. Ou seja, quem chegar é bem-vindo.

“Nossa ideia de Carnaval sempre foi a de afirmação da festa como manifestação folclórica – a maior do país – ou seja, popular, democrática, gratuita e aberta ao livre espaço da rua em que todos os cidadãos se sintam convidados a participar. Por sorte, a cidade optou pelo Carnaval com estas características. Parece-nos viver a realização de um sonho”, afirma Marcelo Xavier. E vai além: “Festa popular sem a inclusão absoluta de todos, que condene parte da população, seja ela qual for, a meros espectadores é um contrassenso. Conhecemos muito bem o grande inimigo do ideal de inclusão social: o preconceito. Sabemos, também, da força de armas como a arte, o folclore, a alegria, o compartilhamento no combate a esse inimigo. O nosso Carnaval tem essas armas e é com elas que botamos o nosso bloco na rua”, conclui o artista.

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