Ouvido pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), nesta quarta-feira (12), o estudante Gabriel Valentim Flores Cabral, de 22 anos, que se passou por médico em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, poderá responder, neste primeiro momento, por usurpação de função pública e exercício ilegal da profissão. Além desses crimes, a PCMG investiga se a atitude dele causou danos à saúde dos pacientes, ou até mesmo risco de morte. A falta de controle da Unidade de Pronto Atendimento e da prefeitura também são objetos de investigação.
Os fatos ocorreram, no fim de semana, na UPA do bairro São Benedito, em Santa Luzia, e os trabalhos policiais iniciaram-se assim que a PCMG tomou conhecimento do caso. Pelo que foi apurado, até então, Gabriel teria se cadastrado como médico clínico-geral e chegou a trabalhar por duas horas no plantão da UPA de São Benedito.
Segundo a Delegada Adriana das Neves Rosa, responsável pelas investigações, Gabriel confirmou que atendeu quatro pessoas no sábado (8). “Ele contou que resolveu se passar por médico depois que teve uma doença, precisou tomar medicamentos e, a partir daí, teve o interesse de ingressar na medicina,” explicou. A Delegada disse que ele apresentou-se para trabalhar usando um jaleco, cujo bolso estava bordado com o nome “Dr. Gabriel Valentim”. Além disso, ele usava estetoscópio e possuía carimbo com número de Conselho Regional de Medicina (CRM). “Ele foi descoberto depois que duas enfermeiras tiveram acesso às prescrições feitas pelo falsário. Elas perceberam que não havia consistência no receituário e passaram para a chefe de enfermagem, que por sua vez passou para o coordenador dos médicos”, detalhou.
Com a abertura do inquérito policial, o pai e a avó de Gabriel foram ouvidos e, segundo a Delegada, demonstraram surpresa ao tomarem conhecimento da atitude do estudante. Ele se apresentou espontaneamente à Delegacia de Polícia Civil em Santa Luzia, quarta-feira (12), acompanhado por advogado, e foi ouvido durante três horas.
Nesta fase inicial, as investigações demonstram que Gabriel Valentim arquitetou tudo sozinho, mas os trabalhos seguem para apurar a responsabilidade da administração pública local. Adriana Rosa detalhou que, durante o preparo da ação, o suspeito fez contato com a prefeitura e apurou o nome de uma pessoa da Secretaria de Saúde. Com a informação referente ao nome, fez contato na Unidade de Pronto Atendimento, apresentou-se como médico e se ofereceu para atuar como plantonista. Na ocasião, ele se passou por funcionário da prefeitura, fez contato com a Upa e indicou dois nomes que poderiam atuar como médicos no plantão. Um dos nomes era o dele. Então, no sábado (8), uma funcionária da unidade ligou para Gabriel perguntando se ele estaria disponível para cobrir o plantão. “Ele conseguiu entrar porque já havia feito contato anterior, sabia o nome da médica que deveria ser substituída e informou na portaria que ela não iria. Como estava paramentado, nenhuma documentação foi solicitada”, concluiu a Delegada. Gabriel Valentim foi ouvido e liberado, mas as investigações continuam para apurar a responsabilidade tanto do suspeito quanto dos órgãos públicos envolvidos (Upa e Prefeitura).
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