A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa presente no país já há muitos anos. O primeiro relato ocorreu em 1929, em São Paulo, e atualmente a doença é registrada nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Em Minas Gerais, a ocorrência da febre maculosa brasileira é relatada desde a década de 1930, mas ainda hoje a doença causa dúvidas na população em geral.
Causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, a febre maculosa é transmitida ao homem pela picada de carrapatos infectados, principalmente os popularmente conhecidos como carrapato-estrela. Embora casos da doença possam ocorrer durante todo o ano, é no período seco, especialmente entre os meses de junho e novembro, que eles ocorrem com maior frequência.
A coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Mariana Gontijo de Brito, explica que a doença tem sido registrada não somente em áreas rurais, como também em regiões urbanas.
“Em Minas Gerais, a principal espécie de carrapato envolvida na transmissão da febre maculosa brasileira é o Amblyomma scultum. Eles podem ser encontrados em equídeos, roedores, capivaras, marsupiais, cães e outros animais”, diz.
A coordenadora alerta ainda que a população de carrapatos aumenta em determinada área, em razão da disponibilidade desses animais e de condições ambientais favoráveis, como presença de pastos “sujos” e vegetação favorável ao crescimento e reprodução do carrapato, por isso a presença da doença tanto em áreas rurais, quanto urbanas.
Diante de contato com áreas favoráveis à presença de carrapatos, a recomendação é que inspeções no corpo sejam realizadas em intervalos curtos de tempo, pois quanto antes os carrapatos forem identificados e retirados do corpo, menor a chance de transmissão da doença.
Caso a identificação e retirada do carrapato não seja oportuna, é preciso estar atento aos primeiros sintomas da febre maculosa, pelo fato de a doença ter uma alta letalidade. Ela se manifesta de forma aguda por meio de sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares, mal estar, náuseas e vômitos. Pode ocorrer uma erupção cutânea, frequentemente com pele escurecida ou incrustada no local da picada do carrapato.
“O diagnóstico tardio é um dos fatores que elevam a gravidade da doença. Assim, é fundamental que, diante de sintomas da doença após a estadia em locais com grandes chances de infestação de carrapatos, o paciente procure imediatamente o serviço de saúde e relate ao profissional médico que esteve em áreas propícias para a presença desses animais”, enfatiza Mariana Gontijo.
A doença em Minas Gerais
Entre os anos de 2008 e 2018, as regiões prioritárias no estado com notificação de casos são regiões Centro (27,7%), Sudeste (23,8%), Leste (14,8%), Oeste (11,9%) e Jequitinhonha (7,9%).
Neste ano de 2018, foram confirmados sete casos em Minas Gerais. Além desses, há dois casos suspeitos, em investigação, no município de Betim. Tratam-se de estudantes que estiveram na Serra do Cipó durante uma excursão escolar. Após sintomas de febre, os alunos procuraram uma unidade de saúde na cidade e já foram coletadas amostras para diagnóstico laboratorial. As famílias dos demais jovens já foram alertadas sobre os sinais e sintomas da febre maculosa e orientadas a procurar uma Unidade de Saúde.
O local provável de infecção ainda está em investigação. A SES-MG está acompanhando e apoiando a investigação dos casos, por meio da Regional de Saúde de Belo Horizonte, além de colaborar na adoção de medidas pertinentes, como ações de educação em saúde e de vigilância de ambientes para identificação da presença de carrapatos nos locais suspeitos. Essas medidas são necessárias para realização de ações direcionadas de prevenção e controle, com o objetivo de evitar novos casos.
Formas de prevenção
– Uso de repelentes à base da substância icaridina, que têm se mostrado eficazes na prevenção de picadas por carrapatos em indivíduos que frequentam ambientes favoráveis à presença desses animais;
– Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas e calçados fechados, preferencialmente com meias brancas e de cano longo, que permitirão a fácil visualização dos carrapatos. Se possível, vedar as botas com fita adesiva de dupla face;
– Evitar se sentar e deitar em gramados nas atividades de lazer, como caminhadas, piqueniques, pescarias, entre outras;
– Vetores devem ser retirados com o auxílio de pinça, evitando-se o contato com unhas e o esmagamento do animal;
– Examinar o corpo periodicamente, tendo em vista que quanto mais rápido eles forem retirados do corpo, menor a chance de infecção;
– Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos);
– Utilização periódica de carrapaticidas em cães e cavalos, conforme recomendações do profissional médico veterinário;
– Limpeza e capina de lotes não construídos e limpeza de áreas públicas, com cobertura vegetal, devem ser realizadas periodicamente;
– Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte em áreas com risco de infestação de carrapatos.
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