Por Dentro de Minas (MG)

1ª Mostra Audiovisual de Arte do Barreiro estreia em BH com programação inédita

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  1. Serviço
Dirceu maues – feito poeira ao vento – Foto: MADA/Divulgação

A regional do Barreiro se transformará no polo da arte contemporânea de Belo Horizonte, isso porque a MADA – Mostra Audiovisual de Arte do Barreiro – estreia na capital mineira com a proposta de descentralizar e difundir a produção de materiais artísticos e audiovisuais da cidade. A programação inédita da MADA é totalmente gratuita e conta com mesas de discussão, oficinas e exposições de produções audiovisuais, que entre os dias 05 de maio e 03 de junho, estarão no Viaduto das Artes (Av. Olinto Meireles, 45 – Barreiro, Belo Horizonte – MG) e também no auditório UNA Barreiro.

A Mostra será pioneira na regional do Barreiro, incentivando não apenas a experiência e a produção artística no bairro, como a valorização dos artistas belo-horizontinos e o fomento da cultura audiovisual da cidade. A seleção de artistas para exposição foi realizada por uma comissão organizadora formada pelas idealizadoras e produtoras da mostra Bruna Finelli e Luciana Tanure e pelo curador da mostra Marcelo Kraiser, que depois de receber ao longo dos meses de fevereiro e março mais de 120 inscrições de artistas de diversos países como Espanha, México, Filipinas, Bolívia, além de outras partes do mundo em seu edital, selecionaram 12 artistas no total, sendo 10 deles brasileiros.

“Tivemos uma surpresa positiva ao receber inscrições a níveis nacionais e internacionais, uma vez que não direcionamos o edital para essas linhas, mas conseguimos reunir trabalhos interessantes de audiovisual, uma categoria que ainda não é bem difundida na cultura, na sociedade e em todas as regiões urbanas, como por exemplo, o Barreiro. Ficamos felizes por conseguirmos abrir a Mostra para englobar diferentes trabalhos do audiovisual, promovendo o acesso e a popularização do segmento”, conta a idealizadora Bruna Finelli.

No dia 05/05, o Viaduto das Artes receberá duas performances que marcam o a abertura da mostra. A primeira delas, às 19h, será apresentada pelo artista Marcelo Kraiser que também assina a curadoria da mostra, enquanto a segunda tem autoria dos artistas Chico de Paula e Daniel Todeschi, às 20h. Após a abertura, as diversas obras e trabalhos selecionados ficaram disponíveis para visitação do público até o dia 03/06.

Dentre os artistas selecionados, estão os paulistas Rodrigo Faustini, Nicole Koutsantonis, Kika Nicolela e Elen Braga, o paraense Dirceu da Costa Maués e a mineira Thais Mol. Ainda, a MADA conta com a presença de dois artistas internacionais em sua seleção, sendo eles o suíço Aurèle Ferrier e a colombiana Maria Rojas. Além dos selecionados via edital, 4 artistas belo-horizontinos foram convidados pela organização: Ana Moravi, Chico de Paula, Marcus Nascimento e Victor Galvão. Cada artista ou coletivo selecionado para a MADA será contemplado com uma premiação em dinheiro no valor total de R$1.320,00 (um mil trezentos e vinte reais).

Dentre os artistas selecionados pelo edital, a paulista Kika Nicolela participa da MADA com duas obras selecionadas. Uma delas é “ENTRETANTO”, recordação audiovisual de uma performance no espaço vazio do antigo prédio do Museu do Judeu da Bélgica, uma mansão transformada em escola que foi ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A performance apresenta um corpo feminino que a partir de seus movimentos e sons dialoga com a arquitetura, a herança histórica e a energia tão particular do prédio. Já a obra “Ela e a Galinha” propõem um forte monólogo a respeito dos estereótipos femininos deslocados, utilizando de um humor sombrio para tratar de questões polêmicas e importantes do mundo contemporâneo como o abuso sexual e a violência contra mulher. Outro paulista que participará da MADA é o artista Rodrigo Faustini que com seu curta “Enclausurado”, apresenta o resultado dos estudos materiológicos de suportes analógicos e digitais do audiovisual que propõem em seus trabalhos e pesquisas.

O paraense Dirceu da Costa Maués traz para a programação duas obras que dialogam entre si ao trabalhar com os espaços urbanos como enfoques para um registro sequencial focado em capturar as produções do acaso. A primeira delas, “…feito poeira ao vento…” é o resultado de 4 horas de captura de imagens fotográficas que apresentam a imprevisibilidade das possibilidades como personagem do que está sendo visto pela lente da câmera. Neste processo, o fotografo esteve mais ligado ao ato da captura, buscando captar a essência do lugar em uma sequencia que se preocupava com o registro em si e não necessariamente com a estética de como estava sendo capturado. A segunda obra, intitulada “Frenetic Slow City” é também um registro sequencial, dessa vez feito com um aparelho de celular, em uma única tomada nas ruas de Belém do Pará. O artista utilizou de programas de edição existentes no próprio aparelho para trazer um caráter pictórico rico em cores, subvertendo e distorcendo as tonalidades originais do que foi gravado, para apresentar um vídeo-pintura que utiliza de movimentos distintos (o movimento frenético das ruas da cidade e o movimento do aparelho de filmagem) para produzir uma experiência colorida que evidencia o aleatório.

A artista Nicole Koutsantonis compõe a seleção de artistas da mostra com “Burn a Disk”, um vídeo-arte composto por cinco patês que apresentam, por meio de uma narrativa multiuniforme, o processo de digitalização de retratos fotográficos originais do final do século XIX como um ritual funerário de imagens. O trabalho propõem uma reflexão a respeito das novas maneiras em que a sociedade contemporânea constrói suas memórias e valores, sempre enraizados em processos digitais.

Dentre os artistas internacionais, a colombiana Maria Rojas traz para a MADA o filme “Hablan lós lugares”, uma produção que combina uma jornada pessoal de resgate da herança familiar existente na região norte de Tolima com a criação de um dos mais antigos grupos revolucionários da América Latina, também originado na mesma região. Nesta jornada de descobrimento interno e pesquisa histórica, a artista evidencia uma narrativa de encontro entre as diferentes histórias que aquela região da Colômbia reserva. Já o suíço Aurèle Ferrier apresentará o filme “Transitions”, que examina os traços e vestígios deixados pela civilização humana no domínio do deserto hostil e natural do oeste dos EUA, apresentando Las Vegas como o espaço de densidade urbana e capitalista que é o epicentro do consumismo e de uma vida dionisíaca.

Outra obra que utiliza da região oeste dos EUA como fonte de inspiração artística é a obra “tão quente que era que pouco mais era morte”, da artista brasileira Elen Braga. A vídeo-performance gravada no árido parque Death Valley, na região da California, apresentando a artista em uma performance em que ela caminha pelo cenário seco e quente carregando uma placa formada por chapas de alumínio que levam 12 textos escritos a partir de inspirações tiradas do clássico Inferno de Dante, adaptando as punições e pecados para a visão de mundo da artista.

A artista Thais Mol fecha os nomes selecionados por edital com três criações autorais, sendo elas “A pele”, uma animação frame a frame que trata do envelhecimento e das marcas como amontoados de tempo, “Watery Eyes”, um vídeo que representa a sensação dos olhos marejados após o contato profundo e tocante com uma obra de arte e “Manifesto”, um vídeo que recria o gestual clássico das manifestações em que o punho cerrado enfatiza o discurso, trazendo a tona temática contemporânea de um mundo cada vez mais politizado.

Dentre os artistas convidados, o brasileiro Victor Galvão apresentará seu trabalho “Horizonte de eventos”, uma instalação formada por duas sequencias de vídeos estruturalmente idênticos que foram tomadas no metrô de São Paulo, em 2014. O projeto convida o público a observar à projeção de ambas as gravações simultaneamente, percebendo as diferenças de movimento existente em cada uma, para refletir a respeito do ponto de encontro entre elas. A artista Ana Moravi apresentará “Memórias sindicais”, uma montagem produzida em parceria com o artista Angelo Filomeno, que apresenta relatos a respeito da articulação e retomada da organização sindical no final durante a ditadura militar, mais especificamente sobre a greve ocorrida em 1978 dentro da siderúrgica Mannesman S/A, situada na região do Barreiro.

O produtor audiovisual Marcus Nascimento, conhecido por seu trabalho a frente da EM Video, produtora audiovisual respeitada de Belo Horizonte, participará da MADA com seu curta o “O doido no portão”, que aborda duas questões muito presentes na contemporaneidade: a constante presença de câmeras em quase todos os espaços urbanos, tornando possível a recuperação de ações e a de narrativas para diversos fins, e o conceito de “cidadãos de bem”, explorando dos contrastes que são criados a partir das percepções destas pessoas e de terceiros sobre elas.

Abrindo a programação educativa da MADA no dia 07/05, às 10h no Viaduto das Artes, a palestra magna “A diversidade no audiovisual” ministrada por Eduardo Jesus, professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, graduado pela PUC Minas, Mestre em Comunicação pela UFMG e Doutor em Arte pela ECA/USP, abordará as diferentes formas de atuação, criação e produção dentro do audiovisual. No dia 08/05, às 14h, ocorrerá à mesa de discussão “Produção artística audiovisual independente”, que contará com a participação da Professora Vanessa Tamietti e do professor Adolfo Cifuentes e com a mediação do curador da mostra Marcelo Kraiser. O debate será realizado na Sala de Metodologias Ativas (nº336) da UNA Barreiro e tem o número limitado de 60 vagas, a serem preenchidas por ordem de inscrição gratuita no site da MADA (www.mada.art.br).

A programação educativa da mostra conta, também, com a realização de duas oficinas gratuitas. A primeira delas, promovida nos dias 09, 10 e 11 de maio, é a oficina “Produzindo um conteúdo audiovisual de arte com baixos recursos”, que será ministrada pelo professor Sávio leite e tem como objetivo principal apresentar caminhos, opções, ferramentas e recursos alternativos para uma produção audiovisual artística independente que precisa trabalhar com recursos escassos. A oficina “A produção de audiovisual para agentes culturais”, ministrada pelo professor Evandro Veras nos dias 16, 17 e 18 de maio, convida o público interessado a refletir a respeito da participação e importância de agentes culturais na produção audiovisual. Ambas as atividades ocorrerão das 13h às 17h, na Una Barreiro, e possuem o número limitado de 20 vagas disponíveis, a serem preenchidas por ordem de inscrição gratuita no site da MADA (www.mada.art.br).

Serviço

MADA – Mostra Audiovisual de Arte do Barreiro
Quando: de 05/05 a 03/06
Local: Viaduto das Artes (Av. Olinto Meireles, 45 – Barreiro, Belo Horizonte – MG) e Auditório UNA Barreiro
Informações: www.mada.art.br

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