O decréscimo da inflação, da taxa de juros, do desemprego e o crescimento da renda real estão possibilitando, aos consumidores da capital, a quitação de débitos. Isso é o que aponta o Indicador de Dívidas em Atraso junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). De acordo com a pesquisa, em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior (Mar.18/Mar.17,) houve redução de 7,64% no número de dívidas em atraso. Na comparação mensal (Mar.18/Fev.18), a queda foi de 0,99% no número de débitos. Para a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, com a retomada do crescimento da economia, mesmo em níveis ainda modestos, os consumidores estão buscando pagar as contas atrasadas e voltar ao mercado de consumo. “A inflação controlada, os juros em queda e o início da retomada do emprego são fatores que levam a um aumento dos rendimentos. Com isso, as pessoas vêm conseguindo realizar o pagamento de suas dívidas e, em um segundo momento, passam a contar com renda disponível para consumir”, explica Ana Paula.
A maioria das dívidas (3,92%) está entre as pessoas com mais de 65 anos. A economista afirma que nessa faixa de idade encontram-se pessoas responsáveis financeiramente pelas famílias e aposentados. “Esses consumidores foram impactados pelo aumento do custo de vida, que não foi acompanhado pelo crescimento da renda. Essa faixa etária é uma das que mais sofre com a alta de preços de remédios, do plano de saúde e dos alimentos”, esclarece. Já na abertura por gênero do devedor, o número de dívidas apresentou queda em ambos os gêneros (feminino em 7,81%/masculino em -8,07%).
Inadimplência de pessoas físicas aponta queda
Em março houve queda de 2,83% no número de pessoas físicas inadimplentes, comparando-se com o mesmo mês no ano anterior (Mar.18/Mar.17). Em 2017, a inadimplência encontrava-se em alta devido ao cenário macroeconômico adverso. A desaceleração de indicadores, como inflação (IPCA Fev.17 em 0,33%/Fev.18 em 0,32%/acumulado dos últimos 12 meses em 2,84% – IBGE), da taxa de juros (Mar.18 em 6,50%/Mar.17 em 12,25% – Banco Central), da taxa de desemprego (4º tri.17 em 11,3%/ 3º tri.17 em 14,5%/4º tri.16 em 11,5% – IBGE) e aumento do rendimento real (4º tri.17/4º tri.16 em 4,9% – IBGE), criaram um ambiente propício para que as pessoas quitassem suas dívidas e reduzissem a inadimplência.
Na base de comparação mensal (Mar.18/Fev.18) houve queda de 0,24% no número de pessoas endividadas. A economista da CDL/BH afirma que ter disciplina na hora de consumir e manter um planejamento financeiro é indispensável para controlar os gastos. “Isso possibilita que os consumidores mantenham suas contas em dia, evitando situações de endividamento que possam comprometer a saúde financeira em longo prazo”, ressalta.
O número de inadimplentes mais jovens, com idade entre 18 e 24, anos apresentou queda de 28,35%, sendo os menos endividados no mercado. O resultado se dá pela entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho. Enquanto a quantidade de devedores, entre 50 e 84 anos, é responsável pelas maiores altas (+6,52%). A análise por gênero mostra que a inadimplência entre as mulheres (-2,45%), mesmo com decréscimo, está em menor intensidade de queda, do que os homens (-3,81%).
Dívidas em atraso de pessoas jurídicas caem em março
O Indicador de Dívidas em Atraso de Pessoas Jurídicas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), registrou queda de -0,28% em março, na comparação com o mês anterior (Mar.18/Fev.18). Esse é o primeiro recuo nessa base de comparação dos últimos cinco anos. “A melhora do ambiente econômico está devolvendo a confiança aos empresários, que aos poucos estão conseguindo recuperar as perdas dos últimos dois anos e organizar suas finanças”, explica a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos. Entretanto, na variação anual (Mar.18/Mar.17), houve crescimento de 4,31%. “Apesar de ainda apresentar aumento, o ritmo de alta no número de dívidas é cada vez menor”, acrescenta Ana Paula. O número médio de dívidas de pessoas jurídicas em março foi de 2,01 por CNPJ. Em 2017, o indicador era de 2,04%.
Empresas da capital estão menos inadimplentes
O número de pessoas jurídicas inadimplentes apresentou queda de 0,38% em março deste ano, na variação mensal (Mar.18/Fev.18). Esse resultado é reflexo da retomada do crescimento da economia em 2017. “Mesmo que em percentuais ainda baixos, as empresas, estão recuperando sua capacidade de pagamento. O aumento do consumo pelas famílias está possibilitando a crescimento das receitas dos empreendimentos”, explica Ana Paula. Na comparação com março do ano passado, houve crescimento de 5,86% no número de pessoas jurídicas inadimplentes.
Ao analisarmos os segmentos, o setor que detém a maior quantidade de devedores registrados em março foi o de Serviços com 7,88%. Os empreendimentos do segmento estão com dificuldades para arcar com os compromissos básicos em relação à manutenção do negócio, como fornecedores e funcionários. Os demais foram: Comércio (5,28%) e Indústria (3,90%). Já o segmento de Outros registrou queda de 6,59%.
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