Ícone do site Por Dentro de Minas (MG)

Detentos da José Maria Alkimin trabalham no enfrentamento à dengue nas ruas de Santa Luzia

Foto: Dirceu Aurélio

Rogéria Juliano Araújo, de 35 anos, moradora do bairro Monte Carlo, em Santa Luzia, demonstrou grata surpresa ao saber que os seis homens que capinavam ruas próximas de sua casa são detentos, do regime semiaberto, da Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves. “Prestar serviço para a comunidade é algo digno e honesto”, afirma.

Esta atividade e outras de manejo ambiental e combate à dengue, fazem parte de uma parceria entre o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), e a Prefeitura de Santa Luzia.

As atividades tiveram início em janeiro deste ano com o emprego de mão de obra de 15 detentos que trabalham de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, em ruas, avenidas, praças ou outros lugares públicos, nos quais haja necessidade de limpeza e manutenção.

Para o superintendente de Trabalho e Ensino da Seap, Guilherme Augusto de Lima, é extremamente importante a utilização da mão de obra carcerária nas atividades em prol da sociedade. Dados da superintendência destacam que atualmente 32 prefeituras mantêm parcerias de manejo ambiental com a pasta.

“O fomento da mão de obra dos indivíduos privados de liberdade ajuda na inserção na sociedade, e este tipo de parceria não gera custos com folha de pagamento, pois o trabalho é por remição, ou seja, a cada três dias de trabalho, é reduzido um na pena”, reforça o superintendente.

Recompensas

Foram os 12 anos de trabalho de Fabiano Gomes como agente de segurança penitenciário os principais responsáveis pela idealização do projeto de inserir a mão de obra prisional no município de Santa Luzia.

Hoje, ele é funcionário da prefeitura e diretor do pátio de veículos apreendidos, além de coordenador do trabalho dos detentos no município.

Na época em que atuou em unidades prisionais do Estado, pôde constatar a importância do trabalho e estudo na vida das pessoas privadas de liberdade.

“Procuro sempre incentivá-los a manter as relações e valores familiares, pois isto sustenta a esperança. Estamos muito satisfeitos com a parceria e temos um grande apoio da comunidade”, garante Fabiano Gomes.

O secretário de Segurança Pública de Santa Luzia, Wellington Peres, avalia o trabalho dos presos de uma forma bastante positiva. “Ao mesmo tempo em que contribui para o preso ter a remição de pena, esta parceria ajuda muito o município, principalmente em função da extensão. Algumas frentes de trabalho não seriam atendidas; porém agora, estamos conseguindo. A parceria é efetiva, dá resultados e tem um caráter social relevante”, diz.

As atividades dos presos também incluem a lavagem de ônibus escolares e da Secretaria Municipal de Saúde. O detento Dayuit Souza, 28 anos, um dos responsáveis por manter esses veículos limpos, conquistou a confiança de autoridades da prefeitura e já tem a promessa de um emprego com carteira de trabalho para o final do ano, quando termina de cumprir sua pena.

Valores

Leandro Vieira de Almeida, 29, é um dos detentos que capinava no bairro Monte Carlo, quando a moradora Rogéria expressou contentamento pela presença da equipe de seis presos na região.

“Vejo uma possibilidade de transformação, aprendizagem e otimismo ao participar desta parceria”, explica. Ele também integra um grupo de operários nas obras do ginásio poliesportivo da cidade e assegura que tem aprendido “muita coisa nova na parte de hidráulica e elétrica”, afirma.

As experiências dos participantes dessa parceria chegam, ao final do dia, para os colegas de pavilhão da Penitenciária José Maria Alkimin. “Quando eu conto o que estamos vivendo e aprendendo, quase todos têm vontade de participar”, relata Philippe Rodrigues Alves.

Comentários
Sair da versão mobile