O Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte – FestcurtasBH, um dos mais importantes festivais do Brasil dedicado aos filmes de curta-metragem, realização do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, chega a sua 19ª edição. O evento acontece de 29 de setembro a 8 de outubro, com a exibição de 147 filmes, em 67 sessões.
A programação gratuita, que ocupará também a Sala Juvenal Dias e o Jardim interno do Palácio das Artes, contará com seminários, oficinas, cursos, mostras temáticas e debates.
Durante dez dias o público conhecerá uma amostra representativa da atual produção cinematográfica nacional e internacional e poderá conferir como produções em curta-metragem têm expressado de forma inquieta e inventiva temas urgentes da atualidade como política, memória, corpo, gênero e espaço urbano.
O público poderá ainda revisitar obras históricas pouco conhecidas, mas que dialogam com a atual situação política brasileira.
“A FCS tem grande apreço pela realização desse festival. Além de proporcionar a exibição das produções audiovisuais que concorrem a cada ano, priorizamos a itinerância pelo interior do estado levando a produção contemporânea exibida em Belo Horizonte. Somente no ano passado, atingimos mais de 10 mil pessoas. E ainda estamos ampliando nossa atuação, levando os filmes para novas fronteiras, nos estados de Goiás, Mato Grosso e Bahia. Entendemos que esse é o nosso papel, enquanto espaço público e democrático, ou seja, permitir o acesso à diversidade de produções artísticas aqui realizadas”.
Augusto Nunes-Filho, presidente da Fundação Clóvis Salgado, destacando a importância da iniciativa.
Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro, aponta que os processos de produção e difusão de filmes no formato curta-metragem passaram por diversas transformações ao longo do tempo.
“Nestes quase 20 anos de atuação do festival, é possível perceber maior autonomia do curta-metragem como experiência cinematográfica per sí e suas múltiplas potências estéticas. O FestcurtasBH continua sendo um dos principais lugares de encontro do público com este cinema, numa relação que se intensifica a cada edição”, comemora.
Além das sessões do Cine Humberto Mauro, o público poderá assistir a todos os filmes do festival nas duas cabines individuais que ficarão disponíveis durante todo o evento. No site oficial (http://festivaldecurtasbh.com.br) estão disponíveis a programação completa, sinopses e informações sobre a premiação, júri e curadoria, entre outras.
Mostras Competitivas
Em 2017, o FestcurtasBH recebeu 2.319 inscrições, de 98 países. Desses, foram selecionados pela equipe de curadores 115 filmes que foram divididos entre as mostras competitivas, paralelas e especiais.
Nas Mostras Competitivas, o público terá a oportunidade de conferir a diversidade e a qualidade da produção contemporânea brasileira e internacional. Divididas nas categorias Minas, Brasil e Internacional, as Mostras Competitivas vão contemplar os melhores curta-metragens com prêmios em dinheiro, serviços nas áreas de montagem e finalização de filmes e o Troféu Capivara.
Sete filmes foram selecionados para a Mostra Competitiva Minas. Concorrem representantes das cidades de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberlândia e, ainda, uma co-produção Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Já para a Mostra Competitiva Brasil, foram escolhidos pela comissão de curadores filmes de seis estados: Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. E da Mostra Competitiva Internacional, participam filmes de 16 países: Alemanha, Argentina, Áustria, China, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Holanda, Índia, Marrocos, México, Moçambique, Polônia, Portugal e Turquia.
Ana Siqueira, coordenadora de programação do FestCurtasBH, comenta os principais critérios para a escolha dos filmes que compõem as Mostras Competitivas desta edição. “Os desafios são muitos, começando pelo conjunto muito rico, extenso e heterogêneo de filmes inscritos, mais de 2 mil, para chegar a um outro sintético e coeso, mas que abrigue proposições de grande diversidade”.
Ela destaca ainda que as Mostras Competitivas representam mais que uma seleção dos melhores representantes de cada categoria. “Não pensamos as Mostras Competitivas como o lugar que simplesmente abriga os melhores filmes inscritos, mas como um desenho e uma articulação potente de filmes que é sempre circunstancial, pois vinculada a um determinado momento histórico, a partir do trabalho de determinadas pessoas a cargo da curadoria. Concebemos a curadoria como um trabalho de criação, uma construção conjunta imaginada e negociada a muitas mãos”.
Mostras Paralelas e Especiais
Em 2017, o FestcurtasBH promoverá sete mostras paralelas e duas mostras especiais. Serão exibidos ao todo 69 filmes nas mostras paralelas: Animação, Infantil, Juventude, Maldita, Engajamentos Contemporâneos, Atravessamentos do Presente e Extravasamentos.
A Mostra Infantil se divide de acordo com a classificação indicativa e contempla crianças de até 12 anos. Com filmes em animação e em live-action, os curtas-metragens oferecem uma grande variedade temática, revelando a riqueza criativa de abordagens dedicadas ao público infantil.
Já os curtas da Mostra Juventudes são voltados para o público jovem, que não recebe tanta atenção nas produções audiovisuais, e abordam questões como liberdade, amor e identidade.
A Mostra Maldita reúne filmes com temática diversa. Serão exibidos quatro curtas nacionais, que abordam o horror, o terror e o nonsense ou trash.
A riqueza de diversidade estética é a principal característica da Mostra Animações, que evidencia o caráter autoral e experimental destacado pelo FestcurtasBH. Sua classificação indicativa é variada e as exibições acontecem em horários diversificados, atendendo todo o público do festival.
A Mostra Engajamentos Contemporâneos reúne filmes que estão fortemente situados às representações de relações de opressão e poder. Sentimentos de injustiça, revolta e indignação diante das desigualdades do mundo contemporâneo são expressos nestas produções através de estéticas e estilos diversos – narrativa clássica, formatos experimentais, documentário televisivo ou melodramático. A Mostra está dividida em duas sessões: Territórios – espaços políticos e Mulher – Corpo político.
Novidade desta edição do FestcurtasBH, a Mostra Atravessamentos do Presente apresenta um conjunto de filmes que atravessam o quadro e produzem deslocamentos de imagens, de palavras e de tempos. Os curtas expressam passagens para outras problemáticas: a guerra, a política, o corpo, a memória.
A Mostra está dividida em duas sessões: Disputas do Cotidiano e Percursos de Memória, duas facetas das inquietações sugeridas pelos filmes. Os curtas registram (ou a rememoram) personagens e situações, ao mesmo tempo em que refletem sobre questões formais de construção cinematográfica.
A Mostra Extravasamentos traz filmes que apresentam a relação do fazer cinematográfico com as tensões do mundo e a dinâmica histórica. Por meio de recursos narrativos, cênicos ou picturais, os filmes parecem borrar as fronteiras entre uma imaginação, extravasando o realismo histórico.
Os destaques da Mostra são filmes que expressam uma imaginação futurista, distópica e exploram um tempo futuro qualquer, forjado nas iconografias do presente, produzindo expressões de reconfiguração mitológica.
Mostras Especiais
Mais uma das novidades da 19ª edição do FestcurtasBH é a realização das mostras especiais, que têm curadoria de pesquisadores do audiovisual, especialmente convidados.
A Mostra Documentário: Invenção de formas/pensamento crítico (1964-1983) tem curadoria de Naara Fontinelle e exibirá dezoito filmes brasileiros, produzidos entre 1968 e 1978, que expressam uma elaboração crítica da objeção cinematográfica ao espírito capitalista em emergência no contexto da ditadura militar e dialogam com a atual situação brasileira. O destaque dessa mostra é a exibição do filme “Indústria”, de Ana Carolina, que teve sua cópia matriz remasterizada pelo FestcurtasBH.
A Mostra Radicales Libres tem curadoria de Jorge Yglesias, professor da Escola Livre de Cinema de Cuba. Serão exibidos 15 filmes de diversos países da América Latina – Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela – produzidos entre a década de 1960 e a primeira metade da década de 1980 e que compartilham um discurso de luta contra as ditaduras militares vigentes em cada país.
Cursos e Seminários
Nesta edição, serão realizadas duas oficinas formativas, Uma delas é “Fundamentos do Som para a Imagem”, cedida Pelo CTAV, será ministrada por Edwaldo Mayrinck Jr, que é engenheiro eletrônico e especialista em manutenção, instalação e operação de equipamentos de áudios cinematográficos pela National Film Board of Canada.
A outra é “Cinema documentário e novas mídias de apreensão dos acontecimentos”, que será ministrada por Dácia Ibiapina, cineasta, professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília – UnB.
Serão realizados também dois seminários: “Documentário: invenção de formas/pensamento crítico (1964-1983)”, de 3 a 6 de outubro, conduzido por Naara Fontinele, pesquisadora, curadora, doutoranda em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris. E “Vestígios de um cinema radical”, ministrado por Jorge Yglesias nos dias 30 de setembro, 1º e 2 de outubro.
Para participar, os interessados devem enviar carta de intenção, junto com minicurrículo, para [email protected] incluindo o nome da oficina ou do seminário no assunto do e-mail.
Haverá também um debate, no dia 5 de outubro, às 21 horas, no Cine Humberto Mauro, com o tema “Cinema, engajamento e invenção de formas”. As discussões terão como base as seguintes perguntas: Por que fazer uma imagem, que imagem e como? Com quem e para quem? Contra que outras imagens ela se confronta? Que história queremos?
As discussões serão realizadas por Amaranta Cesar – professora e pesquisadora de Cinema e Audiovisual da UFRB, Doutora em Estudos Cinematográficos (Paris 3 – Sorbonne Nouvelle) e idealizadora e curadora do CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira (BA); Marcelo Pedroso – diretor dos longas-metragens “Por trás da linha de escudos”, “Brasil S/A “e “Pacific”, educador audiovisual e doutorando em Comunicação da UFPE; Sérgio Péo – arquiteto, cineasta idealizador e presidente da primeira Cooperativa de Realizadores Cinematográficos/Corcina; e Vinícius Andrade – doutorando em Comunicação Social pela UFMG, mestre em Comunicação Social pela UFPE, curador do Cineclube Sorpasso e integrante dos coletivos Coque Vive (PE) e Ocupação Cinematográfica Elizabeth Teixeira (MG).
A proposta desse debate é analisar a relação entre engajamento político e as formas no cinema, nas perspectivas entrelaçadas de pesquisa, curadoria, ensino e produção.
Para participar, os interessados devem enviar carta de intenção, junto com minicurrículo, para [email protected] com o nome da oficina ou do seminário no assunto do e-mail.
Programação artística
A 19ª edição do FestCurtasBH vai contar ainda com uma programação artística que dialoga com a diversidade estética e cultural presente nos filmes. No dia 29 de setembro, na abertura do festival, o público poderá conferir, a partir das 22 horas, no Jardim Interno do Palácio das Artes, a apresentação da Orquestra Atípica de Lhamas. No repertório, uma fusão de sonoridades e referências, do charango aos teclados, das alfaias à guitarra.
E no dia 4 de outubro, a partir das 22 horas, o Coletivo MASTERp la n o une música eletrônica e arquitetura, numa performance que questiona o funcionalismo da cidade e a burocratização do uso dos espaços públicos.
Serviço
19º Festival Internacional de Curtas Metragens de Belo Horizonte –
FestcurtasBH
Data: 29 de setembro a 8 de outubro de 2017.
Local: Cine Humberto Mauro e Sala Juvenal Dias, Palácio das Artes – Av. Afonso Pena 1.537 – Centro, Belo Horizonte
Entrada gratuita – retirada de ingressos 30 minutos antes de cada sessão.
Informações para o público: (31) 3236-7333
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