A campanha Junho Vermelho — liderada em Minas Gerais pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Hemominas — chama a atenção da população para a importância da doação de sangue, principalmente nesse período do ano, em que os estoques ficam muito baixos, alguns chegando a níveis críticos.
Nesta quarta-feira (14/6) é celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para lembrar o cidadão da importância de salvar vidas.
Para Belo Horizonte estão previstas atividades como divulgação na Estação de Metrô Vilarinho e no Posto de Coleta do Shopping Estação. No hemocentro da capital uma programação de 9 horas às 17 horas inclui degustação de comidas típicas das festas juninas, apresentação de grupos de quadrilhas e banda da Força Aérea Brasileira (FAB).
No interior, cada unidade da Hemominas terá sua programação.
Desafio permanente
A realidade das doações em Minas Gerais é parecida com a nacional, com menos de 2% da população cadastrada como doadora. Contudo, o ideal, segundo a Hemominas, seria alcançar 3%.
Conforme a captadora do Hemocentro de Belo Horizonte, Cíntia Calu , há um trabalho permanente com a Assessoria de Comunicação a fim de atrair novos doadores e manter os que já existem.
Campanhas são realizadas em períodos que antecedem os momentos mais críticos como Carnaval, Dia das Mães, Junho Vermelho, Dia dos Pais e festas de fim de ano.
Na capital, esse trabalho se dá também com intensa divulgação nas estações de metrô e em outras empresas, e também nos hospitais conveniados com a Hemominas.
Além da atuação dos servidores da Hemominas, os próprios funcionários dos hospitais, após treinamento, mantêm contato com familiares dos pacientes mostrando a eles a importância de se tornarem doadores permanentes.
No mês de junho, os estoques ficam muito baixos em razão da queda na temperatura, quando as pessoas costumam ficar mais reclusas, porém, mais propensas a resfriados e gripes. Outro ingrediente que diminui o número de doadores é a vacinação.
Nessa época, muitas pessoas se imunizam contra a gripe, e neste ano, especialmente, a vacina da febre amarela foi bastante procurada em razão do surgimento de casos da doença em muitos municípios brasileiros.
Quando são vacinadas, as pessoas precisam obedecer a um prazo variável para restabelecer a condição de doador. A vacina da febre amarela, por exemplo, exige 30 dias.
O hemocentro da capital tem capacidade para receber 400 doadores ao dia, mas a redução chega a 30% nos grupos sanguíneos negativos e 20% nos demais.
Conforme a Hemominas, 42% de todos os doadores são do tipo “O positivo”, enquanto os outros 58% são formados por todos os outros grupos sanguíneos juntos, sendo que os negativos são imprescindíveis nos casos de urgência e emergência, como vítimas de acidentes.
Atualmente, existe um sistema eletrônico que facilita o acesso do doador, entretanto, há preocupação constante com a segurança na doação e a entrevista se repete todas as vezes com os mesmos questionamentos numa relação de confidencialidade.
A Hemominas considera imprescindível que o doador se preocupe com a saúde e tenha sinceridade nas informações prestadas, inclusive se ele está alimentado no momento da doação. Os homens podem doar sangue até quatro vezes ao ano, e as mulheres, três vezes.
Amor e solidariedade
Não há como não exaltar a atitude do doador de sangue. Cada rosto observado nos locais de doação reflete uma mistura de bons sentimentos como amor, serenidade, alegria, respeito, emoção e, acima de tudo, solidariedade.
O funcionário da farmácia do Hospital das Clínicas, Gilmar Ferreira Júnior, 31 anos, é doador há alguns anos. Ele diz ter enorme satisfação em poder ajudar o próximo com a doação de sangue. “Para os que nunca doaram, podem vir tranquilos. Não há problema nenhum. Pessoas necessitam de sangue e esse nosso gesto pode salvar muitas vidas”, afirma.
Ao fazer a doação de sangue pela segunda vez, a turismóloga Keila Carla de Jesus Villiere, 33 anos, ressaltou a facilidade e a rapidez no atendimento do Hemocentro de Belo Horizonte.
“Estou muito feliz em poder doar, contribuir com as pessoas que necessitam neste momento. E que eu possa vir mais vezes, contribuir de outras formas também. Já preenchi o formulário manifestando a minha disposição de fazer doação de medula óssea e espero que achem alguém compatível”, revelou Keila, esbanjando esperança.
Outro caso exemplar é o da administradora de empresas Audrey Moura. Ela é de uma família que tem a cultura da doação de sangue, mas precisa de uma superação pessoal para manifestar sua solidariedade. “Eu tenho um medo muito grande de agulha, sempre tive, mas um dia me enchi de coragem e falei: vou doar sangue”, conta. Apesar dos calafrios, ela conseguiu e não se arrepende. “Doar sangue é uma coisa que para você não faz uma diferença tão grande, mas para outra pessoa pode ser a diferença entre estar vivo ou não”. Ouça aqui seu depoimento.
Se algumas décadas atrás as doações traziam alguma desconfiança, hoje a situação é bem diferente. Com os avanços da ciência e as inovações tecnológicas, as doações são cada vez mais seguras, sendo possível registrar qualquer alteração no sangue antes de utilizá-lo.
Quando isso acontece, a bolsa é descartada e o doador recebe uma carta para que retorne ao local onde realizou a doação a fim de passar por novos exames. Existem ainda dois laboratórios específicos para a investigação do HIV, por exemplo, com resultados rápidos e confiáveis.
Em todo o estado
A Fundação Hemominas tem uma história de 32 anos e desde o seu início investe no aperfeiçoamento dos processos para uma melhor e continuada prestação de serviço. Assim, desde 2002, a fundação fez opção pela gestão da qualidade, aprimorando práticas administrativas, que possibilitaram, em 2015, atingir 92% das transfusões no estado.
Nessa trajetória, a Hemominas atendeu, em seus ambulatórios, mais de 7 mil pacientes com doenças genéticas do sangue, entre elas anemia falciforme e hemofilia.
Nesse período de três décadas a evolução da Hemominas tem como resultado a garantia da qualidade, a segurança na transfusão e a ampliação do atendimento ao doador. Em 2016 foram registrados cerca de 360 mil candidatos à doação de sangue, bem como uma produção de 765 mil hemocomponentes.
São mais de 5 milhões de testes laboratoriais, incluindo testes sorológicos, moleculares e imunohematológicos realizados nos laboratórios da administração central para todas as unidades, além de mais de 93 mil procedimentos e consultas.
Também o laboratório de Histocompatibilidade (HLA) tem se expandido rapidamente desde sua implantação, em 2012, já sendo responsável por 50% dos testes realizados em Minas Gerais.
Há que se destacar também a expansão da cobertura hemoterápica superior a 97% (procedimentos transfusionais em todo o estado), com proposta de alcançar 100% dos procedimentos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Com esses números, a Hemominas é uma das instituições que mais registra candidatos à doação de medula óssea no Brasil: mais de 24 mil só em 2016.
Com uma luta constante, a dona de casa Sandra Aparecida Jardim. 39 anos, tem dois filhos com anemia falciforme e sabe como poucos da importância da doação.
Gisele, de 16 anos, e Pedro Henrique, de 8, que são levados à Hemominas uma vez por mês para controle periódico. Gisele passa ainda por transfusão de sangue.
“Estou nessa vida há 16 anos e se a minha filha não receber a transfusão todos os meses ela não consegue viver. Por isso, peço a todos que continuem doando sangue para salvar vidas”, diz Sandra.
Estrutura estadual
As unidades da Hemominas atendem — por meio de contratos e convênios — grande parte dos estabelecimentos de saúde de Minas Gerais, cerca de 600 entidades conveniadas, incluindo hospitais públicos, filantrópicos e particulares, alcançando aproximadamente 800 municípios, direta ou indiretamente.
Com estrutura e gestão administrativa singular, regulada pelo decreto 43.668, de 26/11/2003, a fundação integra-se por meio de sistema de rede de unidades hemoterápicas hierarquizadas, descentralizadas nas macrorregiões do estado (hemocentros, hemonúcleos e unidades de coleta e transfusão), porém, com uma administração central.
Com sede em Belo Horizonte, a Fundação Hemominas está presente em todas as regiões do estado. Além da capital, existem hemocentros em Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Pouso Alegre, Uberaba e Uberlândia.
Contemplando as mesmas regiões, porém facilitando a descentralização, há a atuação dos hemonúcleos, das unidades de coleta e transfusão e de postos avançados de coleta externa. Com essa estrutura, Minas Gerais está preparada para que o cidadão exerça sua solidariedade fazendo a doação de sangue e medula óssea.
Pré-requisitos do doador
Para ser doador de sangue o interessado deve ter entre 16 e 69 anos, peso acima dos 50 kg, estar em condições plenas de saúde, estar alimentado e não ter ingerido bebida alcoólica nas 24 horas que antecedem a doação.
O candidato deve apresentar documento original oficial com foto, filiação e assinatura. De cada pessoa é possível retirar até 450 ml de sangue, volume que não faz falta ao doador e contribui para atender até quatro pacientes.
O horário de atendimento das unidades e os endereços em todo o estado podem ser acessados no site www.hemominas.mg.gov.br. Nesse mesmo endereço, é possível, realizar o agendamento online da doação de sangue. Todas as condições, critérios e restrições podem ser consultados neste link página da Hemominas.
Spot Fundação Hemominas – Inverno: https://www.youtube.com/watch?v=SPCyllxkm-U
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