Por Dentro de Minas (MG)

Ações no Teatro Marília destacam a luta antimanicomial no país

Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são – Foto: Divulgação/Guilherme Bergamini
A Fundação Municipal de Cultura promove até o dia 11 de junho uma programação especial no Teatro Marília para celebrar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio). Exposição fotográfica, espetáculo teatral e debate chamam a atenção do público para os horrores vividos pelos pacientes portadores de sofrimento mental e os indesejados pela sociedade, internados no já extinto Hospital Colônia de Barbacena.

MOSTRA FOTOGRÁFICA
Com concepção e fotografias do artista visual Guilherme Bergamini, a exposição fotográfica “Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são” apresenta 11 imagens, sobrepostas com pintura do artista plástico Clifford Dutra, que se inspirou no trabalho de Luiz Alfredo Ferreira, repórter fotográfico da extinta revista O Cruzeiro. A mostra traz ainda texto de Luiz Gomide, artista cênico e integrante do elenco da peça Nos Porões da Loucura.

Guilherme Bergamini pretende chamar a sociedade para a responsabilidade desse que é conhecido holocausto brasileiro. “O que aconteceu no Hospital Colônia de Barbacena foi uma tragédia. Seres humanos desprezados pela sociedade e, principalmente, pelo Estado. Uma barbárie que nunca deveria ter acontecido. Provoco o público para refletir sobre esse ocorrido. Acredito que a sociedade como um todo e o Estado são responsáveis por tudo o que aconteceu. Minha intenção é sensibilizar as pessoas para que esse fato não caia no esquecimento”, afirma.

A mostra tem entrada gratuita e pode ser visitada de segunda a quinta-feira, das 10h às 18h, sextas e sábados, das 10h às 20h, e aos domingos, das 10h às 19h.

DEBATE “ARTE E LOUCURA”
Nesta sexta-feira, dia 26 de maio, às 21h45 (logo após a apresentação do espetáculo “Nos Porões da Loucura”) o Teatro Marília recebe o Dr. Ronaldo Simões, psiquiatra que participou da Luta Antimanicomial e um dos principais nomes à época da abertura do Hospital Colônia de Barbacena, para um debate sobre o tema.

Participam também da conversa Hiram Firmino, autor da série de reportagens que chocou a sociedade em 1979 e deu origem ao premiado livro “Nos Porões da Loucura” e o Professor Marcelo Arinos Drummond Junior, psicólogo, Mestre em Psicologia Social e especialista em Saúde Mental. O debate será mediado pelo diretor do espetáculo “Nos Porões da Loucura”, Luiz Paixão. Ronaldo Simões e Hiram Firmino irão dar seus depoimentos sobre o que viveram quando estiveram no Hospital Colônia.

A proposta é discutir a história do Hospital Colônia tendo as várias manifestações artísticas como possibilidade de resgate da memória do calvário dos portadores de sofrimento mental. O debate terá entrada gratuita.

ESPETÁCULO TEATRAL
“Nos Porões da Loucura”, do diretor Luiz Paixão, resgata a trajetória do Hospital Psiquiátrico de Barbacena que culminou com a morte de 60 mil internos desde sua fundação em 1903. Com inúmeros casos de negligência, abandono, crueldade e indiferença, a trajetória do hospital foi retratada na série de reportagens do jornalista Hiram Firmino, logo depois reunidas em um livro que inspirou a montagem. Decisivo para a luta antimanicomial e para a reforma psiquiátrica, o livro foi vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo no ano de 1980.

Além do apoio em outras referências bibliográficas, como trabalhos acadêmicos e o livro “Holocausto brasileiro,” de Daniella Arbex, o elenco também contou com a assistência da equipe de profissionais do Hospital Raul Soares. A montagem contou ainda com colaboradores de renome. O conceituado estilista Ronaldo Fraga assina os figurinos em jeans, elaborados a partir de uma pesquisa estética e histórica. Já a trilha sonora é assinada por Marcus Viana, um dos principais compositores de música instrumental brasileira, responsável pelas trilhas de diversas novelas, como “Pantanal”, “O Clone” e “A Casa das Sete Mulheres”, e dos filmes “Olga”, “Filhas do Vento” e “O Mundo em Duas Voltas”.

A peça fica em cartaz no Teatro Marília até o dia 11 de junho, com apresentações às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos com duas horas de antecedência, na bilheteria do teatro, por R$30,00 reais (inteira), R$15,00 (meia), ou antecipadamente por R$12,00 nos postos do Sinparc e pelo site www.vaaoteatromg.com.br. A bilheteria do teatro não aceita cartões.

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