As festas religiosas mineiras têm popularidade em todo país. Das famosas e grandes às miudinhas, são manifestações de religiosidade que conferem a Minas Gerais fama nacional.
Sozinho, o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, por exemplo, recebe quase meio milhão de pessoas por ano, 5% do total de 8,1 milhões das viagens domésticas no Brasil motivadas pela fé, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). E é na Semana Santa o ápice desta expressão de ritos: quase 80% dos turistas visitam o santuário no feriado da Páscoa para participar da programação intensa que preenche todos os dias do feriado com missas, procissões, orações e, claro, a encenação da Paixão de Cristo.
E não está apenas nos números o destaque de Caeté. A cidade abrigará, em breve, o maior museu sobre Maria no mundo, o “Museu Maria Regina Mundi”, com mais de mil imagens de Nossa Senhora, doadas pelo colecionador de Sabará Humberto Mattarelli. Para as obras, o município do Território Metropolitano terá o apoio do Governo do Estado, por meio de parcerias da Secretaria de Estado de Cultura (SEC) e assessoramento do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
Por todo o estado
O suporte do Governo de Minas Gerais às manifestações culturais e religiosas do período também está presente, por meio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), na campanha “Viva a Semana Santa em Minas”. A estratégia deste ano é um convite aos turistas para conhecer a programação de vários municípios mineiros e, claro, prestigiar as encenações preparadas para um dos eventos mais tradicionais do calendário religioso no país (Clique aqui para saber mais).
De norte a sul do estado, as ruas ganham cores, simbolismos e personagens que fortalecem a tradição da Semana Santa em Minas Gerais. Os fiéis se unem em uma grande demonstração de fé, religiosidade e devoção. “As celebrações da Semana Santa são um convite ao turista, tanto mineiro quanto de outras regiões, para conhecer as tradições religiosas do nosso estado”, destaca o secretário de Estado de Turismo, Ricardo Faria.
Em paralelo, a Setur é uma das responsáveis pelo Caminho Religioso da Estrada Real (CRER), que consiste numa a rota que liga o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté/MG, ao Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida/SP. O projeto de fomento ao turismo religioso permite que o peregrino percorra o caminho de 1.032 km, que perpassa 38 municípios, sendo 32 de Minas Gerais seis de São Paulo. Clique aqui para conferir mais detalhes e opções da programação do santuário.
Além das grandes festas, como a já citada de Caeté, o turista pode encontrar, ainda, comemorações com várias peculiaridades pelos arredores de Minas Gerais. Na Serra da Saudade, no Território Oeste, menor cidade do país, parte das manifestações é destinada à renovação da fé dos doentes. Integram o calendário da época, por exemplo, a curiosa missa de bênçãos dos remédios, na quinta-feira (13/4) de manhã, e a celebração da Paixão de Cristo especial para os enfermos e idosos, na manhã de sexta-feira (14/4). Nesta última, fiéis da região levam seus medicamentos para unção e celebram a saúde junto à ressureição de Jesus.
Outra curiosidade do município é que a encenação da Paixão de Cristo é realizada estritamente por jovens alunos, com 9 e 10 anos, ensaiados por Silvânia Fernandes, professora da cidade. Durante semanas, eles treinam as falas e têm aulas de teatro para incorporar melhor os personagens. Silvânia conta que as crianças estudam os temas e são preparadas para as cenas mais dramáticas. Algumas partes da encenação, inclusive, são retiradas por causa da idade dos atores.
Na data da celebração, a via sacra de Jesus Cristo é iniciada pelos pequenos na rua e segue para a igreja, onde é concluído o enredo. “Contamos a história tentando subtrair os sofrimentos maiores, mas sem perder o foco da reflexão”, destaca Silvânia.
Mobilização de fé até via web
Em Oliveira, a tecnologia surge a serviço da tradição. Os vídeos que registram as festas dessa época estão na internet, com centenas de visualizações, e têm servido também para divulgar o evento aos que não o conheciam. Para este ano, o município, que também está no Território Oeste, terá celebrações preparadas com muita oração e devoção, mas é na teatralidade que está destaque da Semana Santa na cidade em 2017.
O padre Diovany Roquim Amaral, pároco da Catedral Nossa Senhora de Oliveira, recruta, em sua paróquia, voluntários para produzir as festas. Para a encenação do enredo sobre a Paixão de Cristo, são reunidos voluntários que cuidam do figurino, da cenografia, da sonoridade e, claro, da atuação. São costureiras, desenhistas, artesãos, todos unidos pela mesma causa.
A festa em Oliveira ganhou tanta importância que foi registrada pelo município e pontuada, pelo Iepha-MG, na política de repasse de recursos do ICMS Cultural. Por meio deste incentivo, as ações voltadas para o Patrimônio Cultural recebem capital para custeio. “Conseguimos tornar única nossa comemoração porque aqui todo mundo se mobiliza. É um momento muito envolvente, de emoção e entrega. E dá para sentir que a participação vem do coração”, comenta o padre.
Na Internet, as celebrações continuam a emocionar. O grupo de jovens paroquial é responsável pela manutenção do canal do Youtube e da página do Facebook, ambos sempre atualizados com postagens de foto e vídeo do evento e dos preparativos do acontecimento. Além de imagens mais amadoras, o fotógrafo da cidade, Sidney Almeida, também colabora voluntariamente, fazendo um trabalho mais elaborado de registro. Todo o material fica publicado nos canais virtuais de comunicação.
Tudo isso acontece em meio à atmosfera do Barroco. Com casarões, igreja e centro histórico tombados pelo Iepha-MG, a cidade funde tradição, religião e arte, como observa o morador de Oliveira, João Bosco, entusiasta das manifestações culturais de cunho religioso e responsável pelo registro das mesmas há décadas.
A Semana Santa em Oliveira está enraizada na história de uma cidade que é, em sua grande maioria, católica. As pessoas se entregam à celebração por considerar uma das mais importantes do ano, momento em que arte e religião se interligam intimamente. As celebrações acontecem com a música barroca e com a teatralidade tão comum da Bíblia, como conta Bosco.
“O envolvimento é tão grande que até o músico mineiro João da Mata usou de seu talento para abrilhantar ainda mais a festa. Das criações dele, nove foram canções barrocas que se mesclam ao cenário, figurino e encenação que nos transportam às cenas que precederam a morte de Cristo. É transcendental”, observa o morador.
Teatro Religioso
Nas cidades de Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas, a tradição religiosa é expressada por meio de montagens teatrais sobre o tema. O próximo passo para a valorização dessas ações, que combinam arte e religião, é a criação do Polo do Teatro Religioso, que visa envolver os 33 municípios do Circuito Religioso da Estrada Real.
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