
Em O BERRO, uma aparentemente comum reunião de condomínio é o ambiente escolhido pela dramaturga Sara Pinheiro, pelo diretor Daniel Carvalho Faria, e pelos atores Bianca Fernandes, Mariana Câmara, Pablito Kucarz e Ronaldo Jannotti, para abordar, com humor, violência e lirismo, questões políticas e das relações nas conturbadas metrópoles de hoje, do ponto de vista do absurdo. A montagem é uma espécie de ‘Comédia Política’, como comenta Sara Pinheiro: “‘Comédia Política’ porque a trama se desenvolve em uma suposta reunião de condomínio. Reunião de condomínio nada mais é que pessoas reunidas tentando cuidar de um bem comum: quer mote mais político que este? Atravessando esse mote, estão presentes várias questões que apontam para o contexto político em que estamos. E nesta reunião, os atores exploram os tempos cômicos e o patético de cada personagem; do absurdo das situações, mesmo sendo algo da ordem do banal”.
O BERRO se utiliza da situação de uma reunião de condomínio como metáfora e pretexto para discutir os sintomas e as crises que o país atravessa. Este mote permite ao grupo tratar de diversas questões: a perda da liberdade, a utopia da proximidade, os regulamentos da vida, as pequenas diferenças pessoais que se ampliam diante do caos, as ilusões de felicidade, as alternativas para leis autoritárias e os nossos sofrimentos existenciais. Para o diretor Daniel Carvalho Faria, é nesse aspecto que O BERRO se faz necessário: “Me parece, que O BERRO, pode revelar, que há uma insegurança total no país, mas que todos nós procuramos a mesma coisa: fugir do medo. E precisamos estar preparados para esta degradação social que vivemos. Precisamos sair do teatro e continuar a conversar sobre o mundo. E pensar e praticar novas formas de existir. Porque nada, absolutamente nada, em nosso país e em nossas casas irá se modificar, se não pararmos de nos afetar pelas mesmas coisas sempre. A minha utopia é de que O BERRO possa ser uma abertura de olhar, um enxergar os ruídos de fora, uma pequena mudança possível nesta cidade.”.
Na busca por novas dramaturgias, em O BERRO o espectador é colocado em uma espécie de jogo, em que ele participa preenchendo lacunas, dando sentido às frases interrompidas e elipses da narrativa. O desafio da montagem é manter a fina linha entre mentiras e verdades do jogo de aparências vivido por este grupo de vizinhos. As personagens do texto vivem um dúbio processo de confinamento e busca de liberdade. “O processo de construção deste espetáculo foi marcado por um diálogo muito aberto entre todos os envolvidos na montagem, sem receio de nossas contradições, discordâncias e dúvidas. A primeira versão do texto foi entregue antes de iniciarem os ensaios. A partir dela, os atores improvisaram bastante, levantaram muitos materiais. Vários deles estão presentes na dramaturgia. Foi um processo muito bonito, com muita abertura da parte do diretor, atores, de toda a equipe. Para mim, foi bem importante reviver esse tipo de processo. Sentir o ‘estamos juntos’. É um respiro”, complementa Sara Pinheiro.
Outro aspecto marcante na montagem, o cenário exerce papel fundamental na concepção do espetáculo: “O cenário também é dramaturgia e é quase que um co-diretor do espetáculo. Uma espacialidade cheia de assimetrias, esteticamente muito forte, um lugar restrito que se modifica no decorrer da encenação, transparecendo a angústia e o sofrimento insuportável de estar numa reunião de condomínio. A cenografia assinada por Ed Andrade é uma síntese da falência social e humana”, destaca Daniel, que completa: “O BERRO é um espetáculo polifônico. Todos os componentes da cena, luz, trilha, texto, cenário, figurino e os atores, tem o seu ponto de vista e sua voz cênica. Cada um deles é um dos elementos da encenação. O todo aqui é o mais importante!“.
O BERRO tem patrocínio da Fundação Municipal de Cultura e da thyssenkrupp Elevadores e apoio cultural da Funarte MG Ministério da Cultura/Governo Federal, Cia Pierrot Lunar e La Caffetteria Produções. O espetáculo é uma produção do Uva Conexões Artísticas.
:: Sinopse ::
É noite em algum lugar do país. Quatro moradores se reúnem para solucionar os problemas que assolam o edifício onde vivem: outrora um projeto glamoroso no centro da cidade, hoje uma construção decadente e inóspita. Seria esta uma reunião formal de condomínio caso houvesse quórum mínimo e (é claro) a presença do síndico – cargo que, aliás, deixou de ser exercido há algum tempo. Em meio ao caos, as rachaduras aumentam. Já é possível de se ver as multidões do lado de fora.
Por meio de situações surreais e mescla de linguagens performáticas, O BERRO aborda os variadíssimos temas do nosso tempo no âmbito político, apontando principalmente a dificuldade de se cuidar de um mesmo bem comum.
A peça é composta de diversas vinhetas curtas, um prólogo e um epílogo-concerto, permeada por pequenos monólogos inusitados. O espetáculo traz a mesma história a partir de situações e perspectivas diferentes. Em cena estão presentes figuras bizarras que não têm consciência do absurdo que o mundo se transformou e percebem como é difícil se comportar como um ser humano, com toda carga trágica ou cômica que isto possa ter.
:: Ficha técnica ::
Dramaturgia: Sara Pinheiro
Direção: Daniel Carvalho Faria
Atores: Bianca Fernandes, Mariana Câmara, Pablito Kucarz e Ronaldo Jannotti
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Ana Paula Lopez
Cenografia: Ed Andrade
Assistente de cenografia: Beatriz Duarte
Cenotécnicos: Ademir Agostinho e Márcio Agostinho
Figurino: Lira Ribas
Trilha Sonora: Márcio Monteiro
Iluminação: Rodrigo Marçal
Identidade Visual: Pablito Kucarz
Assessoria de Imprensa: Fábio Gomides/A Dupla Comunicação
Produção de conteúdo para redes e cobertura digital: Laura Tupynambá e Gabriel Pinheiro
Fotos de divulgação e Teaser: Ronaldo Jannotti/La Caffetteria Produções
Produção: Marcelo Alessio e Ana Lavigne
Produção Geral e Gestão de Projeto: Câmara Produções Culturais
Realização: Uva Conexões Artísticas
Idealização: Daniel Carvalho Faria, Mariana Câmara e Ronaldo Jannotti
:: Serviço ::
Temporada de estreia “O BERRO”
De 19 a 30 de abril
Local: Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro – Belo Horizonte)
Quarta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada) – a venda 1 hora antes de cada apresentação
Classificação: 14 anos
Informações: (31) 9 9912.0768
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