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Em Belo Horizonte, pré-candidatos a prefeito têm dificuldade para encontrar vice

De Léo Rodrigues
Edição: Nádia Franco

Dentro de 10 dias, termina o prazo para que os partidos políticos realizem suas convenções e escolham os candidatos a prefeito e vice-prefeito. Este é também o prazo para que as legendas deliberem sobre as coligações.

Em Belo Horizonte, mesmo com a proximidade da data, o cenário permanece indefinido, com a maioria dos partidos ainda sem confirmar as coligações e quem concorrerá a vice. PMDB, PROS e PCdoB definirão seus cadidatos a 5 de agosto, penúltimo dia de prazo.

Dois partidos, Rede e PSOL, já oficializaram candidaturas. A Rede concorrerá à prefeitura com o deputado estadual Paulo Lamac, mas ainda não escolheu o candidato a vice. O PSOL oficializou no último sábado (23) a candidatura da professora Maria da Consolação, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), para prefeita, e do professor Pablo Lima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para vice. Na última eleição municipal, em 2012, Maria da Consolação ficou em terceiro lugar, com 4,25% dos votos. O partido também aprovou a coligação com o PCB, partido de Pablo Lima.

Há mais 12 pré-candidatos na capital mineira. Destes, o único que admite a possibilidade de concorrer tanto a prefeito quanto a vice-prefeito é o deputado estadual Mario Henrique Caixa, do PV.

O cientista político Lucas Cunha, do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, considera natural a dificuldade das legendas para formar coligações diante do atual contexto político do país. “Esse cenário de fragmentação partidária é influenciado pela turbulência que envolve o governo federal e o processo de impeachment [da presidenta afastada Dilma Rousseff]. Os partidos estão preferindo manter suas posições até o último momento para negociar em melhores condições”, diz Cunha.

Pesquisas

Nesse cenário, o eleitorado também tem dificuldade para apontar os nomes que lhe agradam. Em levantamento divulgado no dia 12 de junho pelo Instituto Giga, feito a pedido do jornalEstado de Minas, na pesquisa espontânea, apenas 7%  souberam dizer em quem votariam: 2% mencionaram João Leite, do PSDB; 1%, Alexandre Kalil, do PHS; 4% lembraram outros nomes; e 93% não responderam, declararam-se indecisos ou disseram que votariam nulo ou em branco.

Na pesquisa estimulada, quando os nomes são apresentados aos entrevistados, 17% responderam que votariam em João Leite e 6% em Alexandre Kalil. Mário Henrique Caixa e Eros Biondini (PROS) foram citados por 4%, cada um. Mais sete nomes apresentados na pesquisa tiveram entre 1 e 3% das intenções de voto. O número de indecisos e dos que disseram que votariam em branco ou nulo continuou alto: 57%.

Há duas semanas, o Instituto DataTempo, vinculado ao jornal O Tempo, apresentou pesquisa na qual, entre 12 pré-candidatos, João Leite aparecia com 26,3%; Kalil. com 9,2%; Jô Moraes (PCdoB), com 8,7%; Eros Biondini, com 5,9%; Sargento Rodrigues (PDT), com 5,3%; e Mário Henrique Caixa, também com 5,3%. Brancos, nulos e indecisos somaram 27,9%.

É um cenário de muitas incertezas, afirma Lucas Cunha. O cientista político lembra que, em eleições anteriores, dois candidatos rapidamente polarizavam o processo, o que não ocorre desta vez. “Mesmo João Leite não tem pontuação vista como imbatível. São muitos indecisos. É uma eleição em aberto, e há muitos com chance de chegar ao segundo turno. E isso faz com que os partidos fiquem mais otimistas com suas candidaturas.”

Nomes conhecidos

Líder nas duas pesquisas, João Leite ainda não anunciou quem será seu companheiro de chapa. O PSDB, que faz sua convenção nesta sexta-feira (28), deve se coligar ao DEM, além de buscar o apoio do PPS, mas nada foi anunciado oficialmente.

Ex-goleiro do Atlético, o deputado João Leite disputou a prefeitura de Belo Horizonte em 2000 e 2004 e ficou em segundo lugar nas duas vezes. Para Lucas Cunha, o fato de ser um nome conhecido beneficia João Leite nos primeiros levantamentos. “Ele está na memória política da cidade, porque já foi candidato duas vezes e é um deputado estadual conhecido. É natural que seja lembrado, mas ainda é cedo para apontar favoritos ou mesmo para fazer prognósticos para o segundo turno.”

O cientista político destaca que Alexandre Kalil também desponta nas primeiras pesquisas por ser muito conhecido: sua imagem está associada ao Atlético, que ele presidia quando o clube conquistou a Copa Libertadores, em 2013. Segundo Cunha, a dificuldade de Kalil será garantir uma estrutura para se comunicar com o eleitorado. já que o PHS tem pouco mais de 1 minuto na televisão, e alianças seriam essenciais.

“Uma das razões da coligação é obter um tempo de TV maior para aumentar a exposição da imagem dos candidatos, ampliar o alcance da campanha, o número de cabos eleitorais. As coligações são fundamentais no sistema partidário brasileiro”, afirma Cunha.

Para o cientista político, o sucesso inicial de João Leite e Kalil também é consequência do vácuo de lideranças políticas em Belo Horizonte. “Nomes tradicionais estão fora da disputa. Não há ex-prefeitos ou ex-governadores, que geralmente se apresentam. Tanto o ex-ministro Patrus Ananias [PT] quanto o senador Antônio Anastasia [PSDB] não se interessaram pelo pleito”, observa.

Pré-requisito

O PT, que deve lançar a candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes a prefeito, já definiu que a chapa será completada por uma mulher. Se eleito, o próprio Reginaldo promete uma equipe com participação igualitária de homens e mulheres.

Também buscam nomes para concorrer a vice-prefeito os pré-candidatos Marcelo Álvaro (PR) e Eros Biondini, ambos deputados federais, e o deputado estadual Sargento Rodrigues. Eles inclusive têm mantindo conversas, mas ninguém ainda sinalizou desistência de concorrer ao pleito. Pelo PMDB, deve ser lançado o deputado federal Rodrigo Pacheco. O partido já tem o apoio oficial do PTN e o vereador Wellington Magalhães é cotado para ser vice na chapa.

O PSB, legenda do atual prefeito Márcio Lacerda, faz convenção no próximo domingo (31) e pode ter como candidato o empresário Paulo Brant. O partido tentará convencer o atual vice-prefeito, Délio Malheiros (PSD), a participar da coligação para permanecer no cargo. Malheiros, no entanto, é pré-candidato e já disse que não abre mão de ser cabeça de chapa. Hoje (26), ele postou nas redes sociais foto ao lado do presidente do PV, o vereador Sérgio Fernando, informando que conversaram sobre a possibilidade de o Partico Verde compor a chapa do PSD, indicando o candidato a vice.

O PV, que tem como pré-candidato Mário Henrique Caixa, não descarta a possibilidade de figurar como vice em outra chapa. No caso dele, existe uma pendência judicial. O deputado, que também é locutor da Rádio Itatiaia, aguarda uma definição do Tribunal Regional Eleitoral sobre sua elegibilidade. O tribunal avalia se o fato de ele ter narrado recentemente partidas do Atlético fere a legislação em vigor.

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