A belo-horizontina Daniela Marys Costa Oliveira, de 36 anos, foi condenada a dois anos e seis meses de prisão no Camboja, no Sudeste Asiático. A decisão, divulgada pela família nesta quarta-feira (12), ocorre cerca de oito meses após a arquiteta ser presa no país, acusada de posse ilegal de drogas. A defesa ainda pode recorrer da sentença.

De acordo com parentes, Daniela foi vítima de um golpe de tráfico humano. Ela havia recebido uma proposta de trabalho falsa e foi enganada com a promessa de um emprego em telemarketing e tradução no exterior. A arquiteta deixou João Pessoa (PB), onde vivia, e embarcou para a cidade de Poipet, na fronteira com a Tailândia.
Trabalho falso e prisão
Ao chegar ao Camboja, Daniela percebeu que o local de trabalho era, na verdade, um esquema de fraudes cibernéticas. Segundo a cunhada, Ana Flávia Pereira, a mineira se recusou a participar das atividades ilegais e pediu para retornar ao Brasil. A partir daí, o passaporte dela foi retido.
Pouco tempo depois, em março, três pílulas foram colocadas em seu quarto, e a polícia cambojana prendeu Daniela sob a acusação de posse de drogas.
“Ela foi vítima de uma armação. Quando chegou ao quarto, os policiais já a esperavam”, contou Ana Flávia.
A brasileira foi levada para uma penitenciária na cidade de Sisophon, onde está detida até hoje. A família afirma que ela divide uma cela com cerca de 100 mulheres e vive em condições precárias, com apenas um banheiro disponível.
Extorsão e sofrimento da família
Após a prisão, criminosos se passaram por Daniela nas redes sociais e exigiram dinheiro dos familiares, ameaçando vendê-la para o tráfico sexual. Temendo por sua vida, os parentes enviaram cerca de R$ 27 mil.
“Você não sabe se a próxima foto que vai receber é da pessoa morta. A gente acaba mandando o dinheiro”, relatou Ana Flávia.
A arquiteta consegue falar com a família a cada dez dias, em ligações de poucos minutos. Segundo os parentes, para conseguir água, comida e contato telefônico, é preciso enviar recursos com frequência, cerca de US$ 150 a cada 20 dias.
A mãe de Daniela, Myriam Oliveira, de 66 anos, vive em Belo Horizonte e está profundamente abalada.
“O maior desejo dela é que a filha volte para casa com vida”, disse Ana Flávia.
Audiência e recurso
Em outubro, Daniela participou de uma audiência acompanhada de um advogado local. A defesa solicitou o depoimento do guarda que teria encontrado as pílulas no quarto, mas o pedido de exame toxicológico, que poderia comprovar que a mineira não consumiu as drogas, foi negado pela Justiça.
Na madrugada desta quarta-feira (12), o tribunal cambojano manteve a acusação e determinou a pena de dois anos e meio de prisão.
Casos semelhantes
O caso de Daniela ocorre meses após a morte do também mineiro Gabriel Oliveira, de 24 anos, em situação semelhante no Camboja. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os episódios não são isolados.
Em fevereiro deste ano, o Itamaraty publicou um alerta consular sobre o aumento de golpes e tráfico de pessoas no Sudeste Asiático, envolvendo falsas ofertas de emprego com salários altos. As vítimas são, em geral, jovens com conhecimentos de informática recrutados por supostos “call centers” na Tailândia, Myanmar, Laos e Camboja, e forçados a participar de fraudes online, como golpes com criptomoedas e relacionamentos falsos para extorsão.
O governo brasileiro recomenda que quem pretende trabalhar no exterior consulte a cartilha de segurança elaborada pelo Itamaraty e o Ministério da Justiça antes de aceitar propostas de emprego fora do país.
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