Família denuncia tráfico humano após morte de jovem mineiro na Ásia

O jovem mineiro Gabriel Oliveira, de 24 anos, morreu em julho após aceitar uma proposta de trabalho no Sudeste Asiático. Ele embarcou para a Tailândia em abril, atraído por uma oferta de emprego com salário de 5 mil dólares, mas, segundo a família, foi levado ao Camboja e possivelmente se tornou vítima de tráfico humano.

O pai de Gabriel, Daniel Araújo, contou que chegou a alertar o filho sobre os riscos da viagem, mas o jovem estava decidido a realizar o sonho de morar fora do Brasil. A família estranhou a falta de contato e só meses depois recebeu a notícia da morte.

Segundo os parentes, a única informação fornecida foi que Gabriel teria mor­rido em uma explosão na cozinha do local onde trabalhava, embora a causa oficial ainda não tenha sido esclarecida. A defesa da família suspeita que ele tenha sido enganado por uma falsa oferta de trabalho e levado ao país para atuar em condições análogas à escravidão.

Outro brasileiro, Phelipe de Moura, de 26 anos, também caiu em uma armadilha semelhante. Ele foi forçado a aplicar golpes financeiros durante três meses até ser resgatado por uma organização internacional.

O Ministério das Relações Exteriores informou que a Embaixada do Brasil em Bangkok acompanha o caso de Gabriel e realiza gestões junto ao governo do Camboja, além de prestar assistência consular à família. Sobre possíveis investigações sobre o aliciamento de brasileiros por falsas ofertas de trabalho, a pasta orientou que o contato fosse feito com a Polícia Federal, que não comentou a respeito.

Tráfico de pessoas no Sudeste Asiático

Em fevereiro, o Ministério das Relações Exteriores alertou para o aumento do tráfico de pessoas em países como Camboja, Mianmar e Tailândia. Brasileiros têm sido atraídos por promessas de altos salários, mas acabam forçados a cometer fraudes cibernéticas.

Translado

Em junho, após a morte da brasileira Juliana Marins na Indonésia, o governo brasileiro alterou o decreto que impedia o pagamento do translado de brasileiros mortos no exterior. Com a mudança, o Itamaraty poderá assumir os custos em casos excepcionais, como o de Gabriel Oliveira.