Novo síndico do Edifício JK é eleito em meio a protestos e questionamentos legais

O advogado Manoel Gonçalves de Freitas Neto, de 61 anos, foi eleito síndico do Condomínio JK, em Belo Horizonte, nesta terça-feira (30), encerrando mais de quatro décadas de gestão de Maria Lima das Graças, que está internada em estado grave. A eleição ocorreu em clima tenso, com vaias, protestos e contestação por parte de um grupo de moradores e proprietários de apartamentos.

Controvérsias e questionamentos

Moradores alegam irregularidades na votação, como a impossibilidade de conferir procurações usadas para a eleição, que teriam garantido a Manoel mais de 200 votos. O regimento interno do condomínio também prevê que a eleição de síndicos deve ocorrer em assembleia ordinária, enquanto a votação realizada foi extraordinária.

Durante a assembleia, houve tumulto. Uma moradora foi retirada do auditório à força, e outros participantes se queixaram da condução do processo, afirmando que opiniões contrárias foram ignoradas. Alguns moradores anunciaram que irão recorrer à Justiça para anular o resultado.

O novo síndico, que já atuava como gerente-geral do condomínio há 38 anos, começou sua trajetória como faxineiro e, ao longo do tempo, avançou na administração até se tornar advogado, aprovado na OAB em 2017. Em declaração após a eleição, Manoel afirmou que pretende conduzir uma gestão mais aberta e comunicativa, mantendo respeito às divergências:

“O importante é que a maioria venceu, e nós vamos fazer um excelente trabalho voltado para os moradores e para o condomínio. Sempre que eu tiver tempo e legalmente puder, vou apresentar os dados”, disse.

Histórico do Conjunto JK

Projetado por Oscar Niemeyer na década de 1950 a pedido de Juscelino Kubitschek, o Conjunto JK é um dos condomínios mais icônicos de Belo Horizonte. Composto por dois blocos de 36 e 23 andares, o prédio possui 1.087 apartamentos de 13 plantas diferentes, habitados por mais de 5.000 pessoas, número superior à população de 245 municípios mineiros.

Nos últimos anos, a administração de Maria Lima das Graças enfrentou polêmicas e impasses com moradores, incluindo processos relacionados à deterioração do prédio e à falta de manutenção de áreas tombadas. O condomínio e a ex-síndica respondem a denúncias do Ministério Público de Minas Gerais por crimes contra o patrimônio cultural, com audiência marcada para 7 de outubro.

Próximos passos

Apesar das divergências registradas na assembleia, Manoel Gonçalves de Freitas Neto assume oficialmente o cargo de síndico e promete equilibrar as demandas do condomínio histórico. A expectativa é que a nova gestão busque transparência na prestação de contas e melhorias na comunicação com os moradores, enquanto enfrenta os desafios legais e administrativos herdados da administração anterior.