Mineira com a ‘pior dor do mundo’ recebe autorização para plantar maconha

A veterinária Carolina Arruda, de 28 anos, que sofre com neuralgia do trigêmeo – considerada por médicos como a pior dor do mundo –, obteve na Justiça o direito de plantar Cannabis em casa para uso medicinal. A decisão liminar foi concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) neste mês.

Segundo o despacho, a paciente apresentou melhora significativa com o uso da Cannabis, incluindo redução das dores, melhora no sono e na ansiedade, além de ganho de qualidade de vida.

Carolina ficou conhecida nacionalmente após lançar uma vaquinha para custear uma morte assistida na Suíça, onde a prática é legalizada. Ela também fundou a Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil, que apoia pacientes diagnosticados com a doença.

Plantio autorizado e fiscalização

A liminar autoriza o cultivo em casa, mas determina que a atividade pode ser fiscalizada pelas autoridades policiais e sanitárias. Qualquer excesso na quantidade plantada poderá ser destruído, e a comercialização ou doação é proibida.

Devido à baixa mobilidade de Carolina, seu marido, Pedro Augusto Arruda Leite, foi autorizado a realizar o plantio.

O advogado Murilo Nicolau, que representa o caso, reforçou que a decisão ainda é liminar e pode haver recurso:

“É uma vitória importante, mas está só começando. Sabemos que ainda haverá muita disputa judicial”, afirmou.

Cannabis no tratamento da dor

De acordo com a médica Rafaela Bock, que acompanha Carolina, o uso da Cannabis tem mostrado resultados positivos. Outro especialista, o médico Carlos Marcelo de Barros, destacou que a erva atua como adjuvante no controle da dor crônica:

“O sistema endocanabinoide ajuda a regular funções como humor, sono e percepção da dor. Não resolve sozinho casos graves, mas contribui no tratamento.”

A autorização é mais um marco no debate sobre o uso medicinal da maconha no Brasil, tema que avança na Justiça, mas ainda enfrenta resistência em setores conservadores.