Foragida dos atos de 8/1 presa ao desembarcar deportada no Aeroporto de Confins

A Polícia Federal prendeu, na noite desta quarta-feira (27), no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, a brasileira Rosana Maciel Gomes, de 52 anos, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de golpe de Estado, associação criminosa, dano ao patrimônio público e tombado, além de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Rosana era considerada foragida desde janeiro de 2024 e foi deportada dos Estados Unidos, onde estava detida como imigrante ilegal. Ela desembarcou por volta das 18h30 em um voo fretado pelo governo americano que transportava outros deportados. Após exame de corpo de delito, foi encaminhada ao Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, onde permanece à disposição da Justiça.

Da prisão em Brasília à fuga para os EUA

Rosana foi presa em flagrante no Palácio do Planalto, durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Inicialmente em prisão preventiva, recebeu liberdade provisória em agosto daquele ano, sob medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e proibição de uso de redes sociais.

Em janeiro de 2024, ela descumpriu as condições impostas pela Justiça e deixou de comparecer às audiências de acompanhamento. O ministro Alexandre de Moraes determinou então sua prisão preventiva e a inclusão do nome na lista vermelha da Interpol.

De acordo com as investigações, Rosana percorreu países da América Latina, como Uruguai, Argentina, Colômbia e México, antes de tentar cruzar a fronteira dos Estados Unidos pelo Texas, em janeiro de 2025, um dia após a posse de Donald Trump. Foi detida pela imigração americana e passou meses em centros de custódia do ICE (Polícia de Imigração e Alfândega).

Condenação no STF

Em novembro de 2023, o STF condenou Rosana a 13 anos e 6 meses de prisão, além de 100 dias-multa e ao pagamento solidário de R$ 30 milhões por danos morais coletivos. Os recursos apresentados pela defesa foram rejeitados, tornando a sentença definitiva.

Os advogados da ré sustentam que sua participação nos atos foi pacífica e que não houve provas suficientes para condená-la por golpe de Estado ou abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Deportação e retorno ao Brasil

Após a negativa de pedidos de asilo nos EUA e a manutenção da difusão vermelha da Interpol, a deportação foi confirmada. Rosana chegou ao Brasil em voo que trouxe outros deportados brasileiros. Esta é a terceira prisão de foragidos do 8 de janeiro feita pela Polícia Federal após deportações determinadas pelo governo Trump.

Outros investigados também buscaram refúgio em países da América do Sul. Pelo menos 180 brasileiros pediram asilo na Argentina, mas, após prisões no país vizinho, parte deles tentou seguir para o Chile e nações da América Central.