O bloco cirúrgico do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, corre o risco de paralisar as atividades nesta quinta-feira (31). A medida, segundo os profissionais da unidade, seria um “pedido de socorro” diante da grave sobrecarga de trabalho enfrentada pela equipe.
O alerta foi feito durante uma visita técnica da Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte, acompanhada pela diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), às dependências do hospital.
“Temos que cumprir a lei. A legislação exige uma escala mínima de 30% do efetivo em funcionamento. Agora, espero que avancemos nas pautas de reivindicações para evitar essa paralisação. Ela não prejudica apenas os trabalhadores, mas, principalmente, a população”, afirmou Maria Lúcia, servidora do hospital e conselheira local de saúde.
Entre as principais queixas, estão o acúmulo de trabalho, o adoecimento frequente dos profissionais e a chamada parametrização, que, segundo os servidores, tem contribuído para o sucateamento das condições de trabalho. Maria Lúcia também denunciou a redução no número de funcionários no bloco cirúrgico por decisão da presidência da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Femig), além de relatar casos de assédio moral.
“Enfermeiros e técnicos de enfermagem estão sendo coagidos e ameaçados pela coordenação e direção do hospital”, disse.
A diretora executiva do Sind-Saúde, Neusa Freitas, que também participou da visita, reforçou o cenário de colapso.
“Hoje, o João XXIII vive a mesma realidade que enfrentamos após o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins: pacientes lotam os corredores, o atendimento é precário e os profissionais estão exaustos, lidando com uma demanda muito acima da capacidade”, afirmou.
O drama se reflete diretamente no atendimento à população. A atendente de telemarketing Lorane Cristina, que aguarda há quase oito dias por uma cirurgia ortopédica para o filho, relatou frustração com a falta de explicações.
“Eles internam e mandam para o Maria Amélia Lins. Lá, ele toma banho, come, vê TV e toma remédio… só isso. O bloco cirúrgico está fechado, e ninguém explica por quê. Dizem que o João XXIII dá conta de tudo, mas não dá”, desabafou.
Além do João XXIII, outros hospitais da rede Femig também foram alvo de fiscalização. Segundo o vereador Bruno Pedralva, os hospitais Alberto Cavalcante, Eduardo de Menezes, Maternidade Hilda Brandão (Valadares) e o Centro Geral de Pediatria (CGP) estão ameaçados de fechamento com a construção do novo complexo hospitalar da Gameleira.
“Visitamos os quatro hospitais que o governo pretende fechar. São estruturas antigas, sim, mas, se vão construir um novo, por que desativar os atuais? Temos um déficit de 400 leitos na Grande BH. Para reduzir a fila de cirurgias eletivas e garantir o atendimento de urgência, é fundamental manter essas unidades funcionando”, defendeu.
A reportagem do Por Dentro de Minas procurou a Fhemig e aguarda retorno.
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