Seis famílias da comunidade de Quéias, em Brumadinho, começaram a ser retiradas de suas casas na manhã desta terça-feira (29), após a elevação do nível de emergência da barragem B1-A, da empresa Emicon Mineração. A estrutura passou do nível 1 para o 2, conforme anúncio feito pela Agência Nacional de Mineração (ANM) na última quarta-feira (23). Pelo menos duas famílias já foram realocadas.
Apesar do alerta, a ANM afirma que não há risco iminente de rompimento. O nível 2 determina evacuação preventiva, enquanto o nível 3 representa perigo real de colapso.
As famílias deixaram suas casas e se mudaram para imóveis escolhidos por elas, com aluguel custeado pela Prefeitura de Brumadinho. Ainda não há previsão de retorno, que depende da reclassificação da barragem para o nível 1.
Entre os moradores afetados está a família Hastenreiter, que vive há sete anos no local.
“É desagradável. Quando viemos pra cá, nem placa de alerta existia. Depois colocaram as placas, o terreno desvalorizou, e agora ainda temos que sair… é chato”, desabafa Roberto do Nascimento Hastenreiter.
A esposa dele, Renata Hastenreiter, secretária escolar, também relatou os transtornos:
“Já escolhemos outro local, estamos aguardando a Defesa Civil. Estamos embalando as coisas, mas é um descaso, chega a ser desumano”.
Estrutura da barragem
A barragem B1-A fica próxima ao distrito de Conceição de Itaguá, a cerca de 20 km do centro de Brumadinho. Com 37 metros de altura e volume de 914,5 mil metros cúbicos, a estrutura é considerada de pequeno porte em comparação a desastres anteriores, mas ainda assim oferece risco à comunidade local.
Segundo a ANM, em caso de rompimento, áreas residenciais e trechos da BR-381 poderiam ser atingidos. Para comparação, a barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho em 2019 liberou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, mais de 13 vezes o volume da B1-A. Já o desastre de Mariana, em 2015, envolveu 43,7 milhões de m³.
Importante destacar: a barragem B1-A não tem ligação com a barragem B1 da Vale, responsável pela tragédia de 2019 que deixou 270 mortos.
Falhas e omissões motivaram o alerta
Segundo a ANM, a elevação do nível de emergência se deve principalmente à ausência de sistemas automatizados de monitoramento, alarmes e videovigilância na estrutura da Emicon.
Além disso, a empresa não apresentou documentos que comprovem a estabilidade da barragem. Os estudos técnicos contratados por ela até agora apresentaram falhas e lacunas. Em ofício enviado à Prefeitura de Brumadinho, a ANM ressaltou a necessidade de contratação de uma nova consultoria independente para avaliar a situação.
Outro fator decisivo foi a falta de uma Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do Plano de Ação de Emergência (PAEBM), documento exigido por lei em casos de risco.
A mudança de nível teve como objetivo garantir a retirada das famílias com segurança e de forma organizada, antes que o quadro se agrave.
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