Seis anos após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, que causou 270 mortes, Minas Gerais ainda enfrenta riscos relacionados a estruturas de mineração. De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), o estado possui 43 barragens em nível de alerta ou emergência, rdo total das 102 barragens nessa condição em todo o país.
As barragens em situação crítica estão distribuídas por 19 municípios mineiros, concentrando-se principalmente na Região Central. Desse total:
- 15 barragens em nível de alerta: quando detectada anomalia que não gera risco imediato à segurança, mas que deve ser controlada e monitorada, entre outros critérios;
- 22 em nível de emergência 1: quando a barragem está com categoria de risco alta, entre outros critérios;
- 4 em nível de emergência 2: quando a barragem tem uma anomalia não controlada, entre outros critérios;
- 2 em nível de emergência 3: quando a ruptura é inevitável ou está ocorrendo, entre outros critérios.
Gravidade nas barragens Forquilha III e Serra Azul
As barragens Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto, e Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, estão entre as mais preocupantes. Ambas foram construídas pelo método a montante, o mesmo das estruturas que colapsaram em Brumadinho e Mariana. Essa técnica, proibida no Brasil desde 2020, utiliza os próprios rejeitos para a construção de alteamentos.
Embora a lei tenha estabelecido fevereiro de 2022 como prazo final para a descaracterização dessas barragens, o cronograma não foi cumprido. A descaracterização da Forquilha III está prevista apenas para 2035, enquanto a de Serra Azul deve ser concluída em 2032.
Tragédia de Brumadinho ainda deixa marcas
A tragédia de 2019 despejou 12 milhões de m³ de rejeitos em comunidades e no Rio Paraopeba. Das 270 vítimas fatais, três ainda não foram encontradas: Maria de Lurdes da Costa Bueno, Nathália de Oliveira Porto Araújo e Tiago Tadeu Mendes da Silva.
O Corpo de Bombeiros continua as buscas com estações de triagem e apoio de inteligência artificial para inspecionar os materiais coletados. Desde o início das operações, 1.045 segmentos humanos foram localizados, sendo 28 ainda em processamento.
Processo judicial segue sem desfecho
Em janeiro de 2023, a Justiça Federal aceitou denúncia contra Vale, Tüv Süd e 16 pessoas. A consultoria é acusada de emitir declarações de estabilidade, apesar de problemas estruturais conhecidos. Recentemente, o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, teve a ação criminal contra ele arquivada.
As empresas afirmam estar comprometidas com a reparação dos danos. A Vale informou que espera retirar a barragem Forquilha III do nível de emergênci
a 3 até o final deste ano, enquanto a ArcelorMittal destacou que Serra Azul está desativada desde 2012 e permanece sob monitoramento constante.
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