Quatro homens suspeitos de tortura no bairro Jardim Alvorada, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram presos em uma operação deflagrada na última quinta-feira (7).
A ação também resultou na apreensão de armas de fogo, drogas e diversos materiais utilizados nas atividades ilícitas de facções criminosas que disputam o controle do tráfico de drogas na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Tribunal do Crime
O caso teve início em agosto de 2024, quando a PCMG iniciou a investigação sobre um grupo criminoso que, sob o comando de facções rivais, estabeleceu um verdadeiro “tribunal do crime” entre os bairros Jardim Alvorada, em Ribeirão das Neves, e Nacional, em Contagem. O conflito entre esses grupos pela supremacia no tráfico de drogas na divisa dos municípios gerou uma escalada de violência, afetando diretamente a segurança da população local.
O delegado Alex Dalton de Souza, responsável pela coordenação das investigações, destacou o aumento da violência na região. “O conflito, que já vinha afetando a segurança na região do bairro Jardim Alvorada, ganhou contornos mais violentos com a intensificação dos ataques e trocas de tiros durante o dia, trazendo pânico para a população local”, afirmou o delegado, ressaltando a preocupação com o crescente grau de violência.
Em um dos episódios mais chocantes, um morador de Jardim Alvorada foi capturado e brutalmente torturado por membros do grupo criminoso em represália a supostos crimes contra o patrimônio. O ataque, que foi gravado e recuperado pela polícia, mostrou a vítima sendo agredida com pauladas, socos e chutes. Segundo um dos investigados, a motivação para a tortura seria um “castigo corretivo” devido à suspeita de que o homem estaria prejudicando a organização criminosa com suas ações.
Táticas de Vigilância
As investigações também revelaram o uso de tecnologia para monitoramento dos rivais. Os criminosos do bairro Nacional, em Contagem, passaram a utilizar drones para vigiar a movimentação do grupo adversário, uma estratégia que aumentou a complexidade e a sofisticação das ações criminosas na região. “Esse comportamento de monitoramento aéreo demonstra a crescente sofisticação das ações dos grupos, que buscam garantir o controle do tráfico na região, intensificando a violência e o medo nas comunidades envolvidas”, explicou Alex Dalton.
Desarticulação das Facções
Durante a Operação Alvorada, a Polícia Civil apreendeu uma grande quantidade de material ilícito, incluindo armas, drogas e equipamentos utilizados nas atividades criminosas. Foram recolhidos: uma pistola calibre 9mm, uma espingarda calibre 12, duas pistolas calibre .40, um revólver calibre 38, além de 54 pedras de crack, 112 pinos e 105 papelotes de cocaína, 262 buchas de maconha, 90 porções e seis barras de maconha, entre outros materiais.
Além das drogas e armamentos, os policiais apreenderam mais de R$ 4 mil em dinheiro, 65 munições de diferentes calibres, um drone, radiocomunicadores, dispositivos para embalar drogas e outros itens. A operação também resultou na apreensão de dois veículos utilizados pelos criminosos para transporte de ilícitos.
“O material apreendido não só ajuda a elucidar as disputas entre as facções, mas também abre caminho para o aprofundamento de investigações sobre homicídios e outras ocorrências violentas associadas a esses grupos criminosos”, explicou o delegado Alex Dalton, ressaltando que as investigações continuam com o objetivo de desarticular completamente as organizações criminosas que atuam na região.