A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia contra quatro integrantes de uma família acusados de arquitetar e executar o assassinato de Magna Laurinda Ferreira Pimentel, de 42 anos, em Belo Horizonte. A decisão, proferida pelo juiz Roberto Oliveira Araújo Silva, do 2º Tribunal do Júri da capital, aponta indícios suficientes para a abertura de ação penal.
“Do contexto investigatório que serviu de base à mesma denúncia, emergem fundamentos de justa causa para a ação penal ora proposta, não se vislumbrando, ab initio, causas que alicercem ilegitimidade ad causam passiva ou ativa”, escreveu o magistrado em sua sentença, que também prevê um prazo de 10 dias para a apresentação da defesa dos réus.
A decisão faz referência ao crime que aconteceu em agosto, na região de Venda Nova, em que a vítima, Magna, após descobrir que a madrasta, Marluce Pereira dos Santos, e seus filhos estariam utilizando indevidamente o nome de seu pai, um idoso de 74 anos diagnosticado com demência, para contrair empréstimos e transferir a posse da casa da família, foi executada pelos próprios familiares.
A investigação da Polícia Civil aponta que o grupo planejou uma emboscada para atrair Magna ao local do crime sob o pretexto de que o pai estava passando mal. Ao chegar, ela foi atacada por um dos meio-irmãos, que desferiu facadas em seu pescoço, além de golpes de machadinha.
O corpo foi jogado em uma fossa séptica no quintal da casa, posteriormente concretada para ocultar o crime. Dias após o desaparecimento de Magna, a Polícia Civil encontrou o corpo na propriedade, revelando detalhes do assassinato e da frieza dos envolvidos.
A madrasta, apontada como mentora do crime, e três dos seus filhos permanecem detidos e agora respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Relembre o caso
Magna foi vista pela última vez no dia 23 de agosto, ao deixar sua filha de três anos na escola. Após sua ausência ser notada, o paradeiro foi investigado com base em rastros digitais e câmeras de segurança, que mostraram que ela não deixou a casa do pai após entrar. A descoberta do corpo no dia 27 trouxe à tona as disputas familiares e o envolvimento direto dos réus, que ainda tentaram mascarar o crime com um churrasco realizado dois dias após o assassinato.
A decisão do juiz abre caminho para um possível júri popular, que pode definir o destino dos acusados diante de um dos casos mais marcantes de homicídio recente em Belo Horizonte.
* Sob supervisão de Elberty Valadares