Minas Gerais enfrenta um momento crítico com 44 barragens de rejeitos de mineração embargadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) devido a problemas de segurança. A chegada do período chuvoso intensifica os riscos de rompimentos, com potencial impacto para mais de 60 mil pessoas que vivem próximas a essas estruturas. As represas embargadas acumulam mais de 517 milhões de metros cúbicos de rejeitos, um volume que supera em 11 vezes o despejado no desastre de Mariana, em 2015.
Entre as barragens em situação mais grave está a de Serra Azul, em Itatiaiuçu, operada pela ArcelorMittal. Ela se encontra em nível 3 de emergência, o mais crítico, indicando risco iminente de ruptura. Embora a empresa esteja construindo uma estrutura de contenção com previsão de conclusão para 2025, o risco persiste, especialmente pela proximidade com áreas densamente povoadas e importantes vias de transporte, como a BR-381.
Desafios técnicos e ambientais
Grande parte das barragens em situação crítica foi construída pelo método de alteamento a montante, considerado inseguro e banido no Brasil. Além disso, 12 barragens apresentam problemas em estruturas extravasoras, enquanto 18 registram infiltrações. Em outras, falhas de drenagem e deformações nos taludes agravam o cenário. Segundo a ANM, sem monitoramento adequado, é impossível garantir a segurança das estruturas, aumentando o potencial de acidentes graves.
A ANM destaca que as mineradoras precisam intensificar medidas preventivas no período chuvoso, incluindo planos de resposta imediata a incidentes. Apesar disso, muitas barragens ainda carecem de equipamentos essenciais para monitoramento, como piezômetros e inclinômetros.