Biomédica é presa em flagrante por homicídio doloso de paciente em Divinópolis

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito policial para investigar a morte de uma mulher, de 46 anos, após a realização de procedimento estético em uma clínica localizada na região central de Divinópolis, Centro-Oeste mineiro. Duas profissionais do estabelecimento, uma biomédica, de 33 anos, e uma técnica de enfermagem, de 39, foram autuadas em flagrante por homicídio doloso.

Segundo a ocorrência, o companheiro da vítima a teria deixado na clínica na manhã de ontem (8/5), por volta de 6h30, para realização de uma lipoescultura, procedimento que retira gordura de determinada região e a distribui em outras partes do corpo, com o objetivo de alterar o contorno corporal. Durante a realização do procedimento, a vítima teria sofrido uma parada cardiorrespiratória e, após ter sido socorrida em estado grave até uma unidade de saúde, não resistiu às complicações.

Assim que acionada, a perícia oficial da PCMG compareceu ao endereço dos fatos e realizou os primeiros levantamentos que subsidiarão a investigação. No local, foram apreendidos equipamentos utilizados nos procedimentos, prontuários de pacientes, caixa de injetáveis, dois computadores e um celular.

Diante das irregularidades constatadas, a PCMG conduziu a biomédica e a enfermeira que auxiliou o procedimento estético até a Delegacia Regional de Polícia Civil local, onde elas foram autuadas em flagrante por homicídio e posteriormente encaminhadas ao sistema prisional, permanecendo à disposição da Justiça.

Investigação

Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (9/5), na sede do 7º Departamento de Polícia Civil (DEPPC) em Divinópolis, o chefe do Posto Médico-Legal, médico-legista Lucas Amaral, informou que a perícia médico-legal constatou sinais de importante hemorragia relacionada com o procedimento cirúrgico realizado, que podem ter ligação com a causa da morte.

“Ao todo, foram identificadas dez perfurações no abdômen da vítima e outras duas nos glúteos. Nenhum órgão do abdômen ou tórax foi perfurado. Foram coletados materiais biológicos, que serão periciados no laboratório do Instituto Médico-Legal Dr. André Roquetti, na capital, para pesquisa de possíveis agentes químicos utilizados no procedimento (anestésicos, epinefrina, sedativos, etc.). Precisamos aguardar os resultados dos laudos complementares para determinar a causa da morte”, explicou.

As apurações apontam ainda que o estabelecimento tinha autorização para funcionar apenas como clínica de estética, não possuindo alvará nem estrutura física adequada para atendimento emergencial imprescindível na realização de cirurgias. “Ao chegarmos ao local, não localizamos o aparelho utilizado no procedimento. Questionada, a biomédica informou que apenas tinha iniciado os procedimentos e que o laser que seria utilizado na paciente não teria chegado ainda, já que era alugado por hora”, informou a perita criminal Paula Lamounier.

De acordo com o delegado Marcelo Nunes, que coordena a equipe de investigação de crimes contra a vida em Divinópolis, ao final do inquérito as investigadas poderão ser indiciadas por homicídio doloso. “A partir do resultado dos exames laboratoriais e toxicológicos, em conjunto com as demais provas, nós vamos concluir o procedimento policial para fins de remessa à Justiça e decidir pelo indiciamento ou não da biomédica e da técnica de enfermagem, responsáveis pela realização do procedimento cirúrgico na paciente”, explicou.

O chefe do 7º DEPPC, delegado-geral Flavio Tadeu Destro, pontuou que “os elementos colhidos até o momento já se mostram contundentes, mas é necessário aguardar a conclusão das demais provas periciais complementares, bem como a análise documental e testemunhal para a respectiva finalização das investigações”.