Um investigado, de 35 anos, foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), nessa terça-feira (14/3), suspeito do homicídio de um homem, de 56, morto ao defender a neta de criação de uma tentativa de feminicídio. O crime ocorreu no dia 4 deste mês, no bairro João Pinheiro, em Belo Horizonte, ocasião em que a vítima foi executada com golpes provenientes de um objeto de madeira.
“Essa trágica história tem como pano de fundo, mais uma vez, a violência contra a mulher. Ele [suspeito] não se conformava com o fim do relacionamento e insistia em retomar a sua relação com a vítima do feminicídio tentado. Quando seu avô veio a intervir, acabou sendo vitimado com diversas pauladas”, destaca a chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Letícia Gamboge.
Segundo o chefe da Divisão Especializada em Investigação de Crimes Contra a Vida (DICCV), Frederico Abelha, “investigado e vítima consumada eram amigos […], tanto é que no dia dos fatos o suspeito foi à casa da vítima consumada, acabou se deparando com a neta dessa vítima e tentou reatar o relacionamento”, conta o delegado sobre o primeiro contato do suspeito com as vítimas – tentada e consumada – no dia do crime.
Homicídio
Conforme apurado pela equipe da 6ª Delegacia Especializada de Homicídios Noroeste do DHPP, na data do crime, o suspeito teria encontrado a ex-namorada, de 27 anos, e tentado uma reconciliação, visto que teriam terminado o relacionamento que durou cerca de quatro meses. Após a recusa da mulher, vítima e neta se deslocaram até um bar próximo. Pouco tempo depois, o suspeito chegou ao local e agrediu a ex-namorada com um lata de cerveja, fazendo-a perder momentaneamente os sentidos.
Diante da agressão, frequentadores do bar expulsaram o homem do local. O suspeito teria ido então até as imediações de um campo de futebol e retornado com um pedaço de madeira. Ao perceber a nova aproximação do ex, a neta advertiu o avô. “Como eles já eram amigos, frequentavam o mesmo bar há um bom tempo, o avô fala que vai conversar com ele [investigado] para encerrar o assunto”, conta o delegado que coordena as investigações, Lucas Alves.
Mesmo com os pedidos da neta para não ir ao encontro do ex-namorado, a vítima prossegue com a ideia de resolver o problema de forma amistosa, sendo atingida pelo suspeito com vários golpes na região da cabeça. Ele ainda tentou atacar a ex-namorada, que estava dentro do bar, mas ela conseguiu se defender atingindo-o com uma garrafa.
Além do homicídio qualificado, o suspeito poderá responder criminalmente pela tentativa de homicídio qualificado em desfavor da ex-namorada.
Crimes contra a mulher
“Esse suspeito já é contumaz em práticas de violência contra a mulher, em desfavor de quem já persistem cinco medidas protetivas de urgência, as quais foram concedidas em prol de três mulheres distintas, inclusive, umas delas, a vítima do feminicídio tentado do último dia 4 de março”, esclarece a chefe do DHPP sobre o histórico do suspeito, que já teria sido preso pelo crime de violência doméstica.
Assim, a Polícia Civil reforça a importância da denúncia sobre casos de violência doméstica e familiar, para que as medidas necessárias de proteção à vítima e de responsabilização do agressor sejam providenciadas. Os registros podem ser feitos na unidade policial mais próxima ou por meio da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180 – ou do Disque-Denúncia Unificado 181.
Outra forma de registrar ocorrências do tipo é pela Delegacia Virtual (clique AQUI ) para os casos de ameaça, lesão corporal e vias de fato, além de descumprimento de medida protetiva. Por meio da plataforma digital, as vítimas ainda podem solicitar a medida protetiva enquanto estiverem fazendo o registro.
O aplicativo MG Mulher também é aliado no enfrentamento da violência doméstica. O app permite à usuária criar uma rede de contatos, que pode ser acionada em situação de perigo. Dessa forma, familiares e amigos têm a possibilidade ajudá-la ou acionar a polícia em caso de pedido de socorro. O aplicativo ainda reúne endereços e telefones de unidades policiais mais próximas, bem como instituições de apoio, além de diversos conteúdos sobre o tema.
“É imprescindível a conscientização da população. Que as mulheres não se retraiam nem se inibam em situações de violência”, adverte Gamboge.
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