Há quatro anos o Brasil parou. Diante das telas, o que se assistiu foram as cenas devastadoras do rompimento de uma barragem de resíduos de mineração em Brumadinho, Minas Gerais. As imagens mostravam uma onda feita por um líquido vistoso de cor marrom carregada de toneladas de rejeitos de ferro que por onde passava destruía tudo. Não sobrou nada.
Até hoje, a pequena cidade mineira sofre as consequências desta tragédia. Como se aquela onda de destruição não tivesse fim, lares foram desfeitos, crianças ficaram órfãs e famílias traumatizadas. Os rios e a natureza exuberante foram impactados. Toda uma comunidade acabou ferida.
Após o maior acidente de trabalho que o Brasil já registrou, o desafio de juntar os cacos e recomeçar a vida parecia uma tarefa impossível. Resilientes, os familiares das vítimas fatais do rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho, reunidos na AVABRUM, se uniram em busca de um objetivo comum: justiça, encontro e memória das 272 vidas ceifadas, de modo que jamais aconteça. Neste contexto surge o Projeto Legado de Brumadinho.
“Como sociedade, nós somos herdeiros de uma história. A história do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, se for esquecida, as lições vão se perder. Contar a história da tragédia-crime de Brumadinho é falar da dor e de perdas irreparáveis. Que poderiam ser evitadas. E uma maneira de ressignificar tudo isso é contar esta história de negligência e de irresponsabilidade perante a vida, para que nunca mais aconteça”, explica Armando Linhares Medeiros coordenador técnico sobre o objetivo do Projeto Legado de Brumadinho.
“Trata-se de um projeto que nasceu da necessidade de reunir aprendizados nascidos da dor. Financiada com recursos provenientes de indenização social pelo colapso da barragem, a iniciativa defende o trabalho com respeito à vida”, explica Ana Vitória Alkmim, professora e pesquisadora da Fundação Dom Cabral (FDC), uma das instituições parceiras do projeto.
A iniciativa conta com três pilares: proteção e respeito à vida, construção de oportunidades para as pessoas da região e ressignificação da vida a partir da arte e da cultura. A FDC entra no segundo pilar, respectivamente, com o projeto Raízes, que formou a primeira turma na primeira semana de fevereiro, e o BASIS, que formou a turma em 11 de fevereiro.
No Raízes são ao todo 17 jovens, com idades entre 15 e 19 anos, que participaram de encontros semanais com temas sobre filosofia, relacionamento, comunicação, finanças pessoais, empreendedorismo, sustentabilidade e felicidade. Uma oportunidade para uma autorreflexão e o despertar para uma nova realidade de vida, obstáculos tão urgentes para amenizar as dores da tragédia.
Já o BASIS pretende servir como um legado para a população de Brumadinho. Na iniciativa, professores da Fundação Dom Cabral ajudaram na capacitação de 16 organizações de iniciativas sociais de pequeno porte da cidade. Eles aprenderam os fundamentos de governança e gestão.
“As organizações da sociedade civil têm vários desafios, como mobilização de pessoas, captação de recursos, formalização jurídica e contábil, entre diversas outras questões. A capacitação das entidades nessas áreas busca prepará-las para enfrentar esses pontos com mais eficiência e, com isso, refletir no seu impacto social”, Renato Dolabela, professor de governança da Fundação Dom Cabral.
A instituição ainda prestou assessoria para melhorar a gestão da AVABRUM – Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão. Foram apresentadas ferramentas de gestão profissional para uso diário e técnicas com objetivo que a entidade se torne e focada em seus propósitos.
A presidente da AVABRUM, Alexandra Andrade, comentou sobre a importância da capacitação. “Como voluntária da AVABRUM, gostei muito de participar da capacitação que a Fundação Dom Cabral ofereceu para a diretoria. Ela possibilita que possamos aperfeiçoar o nosso trabalho, adquirir novas características e aprender novas técnicas”, disse. Para Alexandra, todos os participantes dos cursos oferecidos tiveram a oportunidade para elevar os resultados, adquirir novos conhecimentos e habilidades, se preparando para realizar suas atividades com mais autonomia e independência. “Desde a época em que eu era estudante já participava de cursos para melhorar minha capacidade profissional e me atualizar. É uma coisa que valorizo muito e, sempre que consigo, faço novos cursos, assisto a palestras, vou a seminários e conferências”, disse.
“Nossa atuação no Projeto Legado de Brumadinho, levando cap acitação para as organizações sociais e jovens, faz parte do compromisso com a Educação Social. Conhecimento em temas de gestão para organizações e conteúdos atuais e complementares aos ensinados nas escolas ampliam a visão de mundo e o papel de cada um deles na recuperação da dignidade da cidade e de seu povo”, afirma Sérgio Araújo, diretor do FDC – Centro Social Cardeal Dom Serafim.
Sobre o FDC – Centro Social Cardeal Dom Serafim
A Fundação Dom Cabral é uma escola de negócios brasileira de classe mundial e que capacitou, em 2021, mais de 37 mil executivos. Fundada há mais de 45 anos, está posicionada entre as melhores do mundo, ocupando, em 2022, a 9ª posição dentre as escolas de educação executiva participantes do ranking do Financial Times.
A FDC contribui para o desenvolvimento sustentável da sociedade articulando Educação Executiva, Educação Acadêmica e Educação Social para o desenvolver gestores, executivos e empresários de organizações públicas, privadas e do terceiro setor.
Por meio do Centro Social Cardeal Dom Serafim, a FDC gera impacto social positivo tendo a educação como pilar para o desenvolvimento de jovens em situação de vulnerabilidade social, empreendedores populares e organizações sociais e seus gestores, por meio de capacitação.
Em 2021, lançou o portal Seja Relevante, hub de informação com a curadoria da FDC e conteúdos proprietários, que traz notícias e informações relevantes para quem quer saber o que há de mais importante na área de carreira, gestão, negócios e impacto social.
