Nessa quinta-feira (10/2), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) desmantelou uma organização criminosa suspeita de aplicar o golpe do falso emprego, em Belo Horizonte. Durante a ação policial, realizada em um escritório no Centro de Belo Horizonte, dez pessoas foram conduzidas à delegacia, sendo quatro presas em flagrante por estelionato, organização criminosa e corrupção de menores.
Os outros seis conduzidos, entre eles uma delas uma adolescente de 17 anos, serão investigados. Ainda no curso dos trabalhos policiais, foram apreendidos diversos documentos, contratos, celulares e nove máquinas de cartão de crédito.
De acordo com a delegada regional Sul, Cinara Rocha, as investigações iniciaram em agosto do ano passado, a partir de levantamentos de ocorrências similares. “No caso da vítima que procurou à polícia ontem, ela teria que pagar R$3 mil pelo curso, mas não tinha condição financeira. Então, foi oferecido a ela que desse uma entrada à vista e o restante seria pago em 12 meses, com o recebimento do salário”.
Ainda segundo a delegada, “quando a polícia chegou ao local, estava havendo a suposta contratação de duas vítimas que tinham assinado o contrato e recebido o direcionamento para a empresa, após terem efetuado o pagamento”.
O público-alvo do grupo criminoso eram menores aprendizes, com idades de 14 e 18 anos.
Golpe
Conforme apurado, os investigados utilizavam um site para oferecer vagas de trabalho em empresas formais, sem contudo ter relação com elas. Ao encaminhar o currículo, os suspeitos entravam em contato com a vítima e explicavam que era necessário fazer um curso, com a promessa de início imediato no emprego após a conclusão do processo. “A empresa captava e entrava em contato com o candidato oferecendo a vaga de emprego, com salário de um ou dois salários mínimos. Quando a vítima comparecia à empresa, os recrutadores questionavam se ela possuía algum tipo de curso de capacitação”, detalha Cinara.
Diante da negativa da vítima, os investigados disponibilizavam a venda do curso. “A empresa falava que o curso era requisito para o emprego e oferecia esse curso ao candidato, contudo, esse curso deveria ser pago. Esse valor dependia do poder aquisitivo da vítima. Temos vítimas que pagaram R$ 1.800, outras R$ 200 pelo curso, sendo que o valor médio seria de R$ 600”, conta Cinara.
Ainda segundo apurado, além de não conseguir acessar a plataforma EAD para fazer o curso, quando comparecia ao local indicado para iniciar o trabalho, a vítima descobria que a vaga não existia. “As vítimas eram encaminhadas para salas comerciais vazias. Quando ela retornava até a empresa de captação de emprego, essa também já não funcionava mais no local. Uma das formas de atuação deles é a mudança da sede a cada 15 dias. É mais ou menos o tempo que a vítima vai perceber que caiu no golpe”, explica a delegada.
Investigações apontam que o grupo movimentava grandes quantias com o golpe, sendo que cada operador de telemarketing realizava, em média, 100 ligações por dia, gerando um atendimento presencial de, aproximadamente, 40 pessoas diariamente. A polícia estima que eles arrecadavam, a cada 15 dias, entre R$ 180 a 250 mil.
Alerta
O delegado Emílio Oliveira, que responde interinamente pela 2º Delegacia de Polícia Civil Sul, faz um alerta para quem está procurando emprego. “As pessoas devem ficar atentas e desconfiarem de propostas muito atrativas. Vagas de trabalho muito bem remuneradas e obtidas de forma simples são indicativos de golpe, ainda mais se atreladas ao pagamento de curso de qualificação. É importante que a população pesquise sobre a empresa que está ofertando e o seu histórico”.
Emílio ainda acrescenta: “caso alguém tenha sido vítima desse crime, procure as delegacias da Polícia Civil para o registro de ocorrência, para que possamos responsabilizar criminalmente essas pessoas e contribuir para a investigação desse grupo criminoso”, concluiu
As investigações prosseguem com o objetivo de identificar outras pessoas envolvidas no esquema criminoso.