Em continuidade aos trabalhos realizados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), referentes à morte de um adolescente, 15 anos, torturado e executado em junho deste ano, em Santa Luzia, uma quarta suspeita foi presa na manhã dessa segunda-feira (17). Anteriormente, outros três investigados já haviam sido presos e, no total, sete pessoas foram indiciadas.
A motivação para o crime seria a disseminação de boatos sobre o adolescente ter cometido abusos sexuais contra crianças. Entretanto, a delegada Adriana das Neves Rosa destaca que “não é possível afirmar que as tentativas de abusos às crianças ocorreram ou não. As agressões à vítima iniciaram no momento subsequente ao relato de uma criança de três anos. Não houve comprovação mínima da ocorrência dos supostos abusos”.
Neves Rosa acrescenta ainda que “algumas pessoas chegaram a constranger os avós dessa vítima, como sendo uma justiça com as próprias mãos. Alguns vizinhos e algumas pessoas próximas aos avós questionaram a eles se de fato teriam criado um estuprador, se teriam tido alguma culpa quanto a isso”, contou.
A delegada informou ainda que a vítima é diagnosticada com atraso mental e transtorno de afetividade, sendo equiparada a uma criança. “Nós recuperamos cerca de 17 vídeos em que os autores registraram as torturas e, nitidamente, pelas reações do adolescente, ele possuía um atraso mental. Foi uma atrocidade, não foi justiça com as próprias mãos”, declarou.
Com a conclusão das investigações, os três principais investigados foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, cárcere privado, tortura e estupro, pois obrigaram a vítima a simular atos sexuais. Dentre esses três, a suspeita presa ontem também foi indiciada por fraude processual, por ter adulterado a cena do crime.
Outra investigada, dona da casa em que a vítima foi submetida à tortura, também foi indiciada por fraude processual. Outros três suspeitos, pais das crianças supostamente abusadas pela vítima, foram indiciados por lesão corporal, já que agrediram a vítima.
O crime
A vítima teria sofrido a primeira agressão no dia 3 de junho, no bairro Vila Aparecida, na capital. Entretanto, o adolescente conseguiu fugir do local da tortura, tendo ajuda, inclusive, de algumas pessoas da comunidade. Posteriormente, os suspeitos localizaram e agrediram novamente a vítima.
Na ocasião, os investigados ainda teriam tentado autorização de líderes do tráfico de drogas local para executarem o adolescente, o que não foi permitido. Por isso, segundo investigado, eles levaram a vítima para a casa de uma das investigadas, no bairro Baronesa, em Santa Luzia. No local, o jovem foi novamente agredido. A dona do imóvel, apesar de não estar presente, adulterou a cena do crime no dia seguinte, lavando o sangue da vítima.
O adolescente foi torturado durante a noite e, pela manhã, os suspeitos retornaram com ele para o bairro Vila Aparecida, onde o jovem foi mais uma vez agredido. “Na sequência, dois dos investigados retornaram com a vítima para Santa Luzia, no bairro Baronesa, onde a executaram de uma forma muito fria, com cerca de 12 disparos, sendo oito deles concentrados na face da vítima”, detalhou Neves Rosa.
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