As investigações conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) sobre a morte do idoso de 62 anos, ocorrida no dia 31 de maio deste ano, no bairro Tirol, em Belo Horizonte, resultaram no indiciamento de um homem de 66 anos. A motivação para o crime é apontada como intolerância racial.
Conforme explicou o Delegado responsável pelo inquérito, Domênico Rocha, a vítima e o investigado eram vizinhos e já tinham histórico de desentendimentos, sempre motivados pelas provocações de cunho racista por parte do homem de 66 anos. Durante os depoimentos, dez testemunhas confirmaram a postura racista do suspeito, com ofensas declaradas a todas as pessoas de pele negra, assim como injúrias raciais dirigidas constantemente à vítima.
O chefe da Divisão Especializada em Investigação de Crimes Contra a Vida (DICCV), Delegado Emerson Morais, chamou a atenção para o relacionamento do suspeito com a própria família. O filho dele casou-se com uma mulher negra, o que era desaprovado pelo pai. Inclusive, quando o neto nasceu, ele recusou-se a conhecê-lo em razão da cor da pele da criança.
Dinâmica dos fatos
No dia do crime, os dois estavam em um bar quando o investigado iniciou as provocações. Após uma discussão entre eles, a vítima decidiu ir embora. No entanto, o suspeito foi até a casa do desafeto, onde continuou com as ofensas. Armado com um porrete e uma faca, o investigado iniciou as agressões, sem que a vítima conseguisse reagir.
De acordo com laudo da perícia, o idoso foi atingido com aproximadamente 20 facadas, além de ser espancado com um bastão. Rocha ressalta que alguns desses golpes foram desferidos na região do rosto, que é uma forma de ataque à dignidade e à identidade de uma pessoa, o que reforça a tese do racismo.
“Nunca é demais dizer que estamos vivendo um momento ímpar, com um movimento iniciado nos Estados Unidos, em razão da morte do George Floyd, e que motivou uma onda de protestos contra o racismo em todo o mundo. Podemos facilmente traçar um paralelo com a situação vivida no Brasil, que tem o racismo enraizado em sua cultura”, conclui Morais.
Além do homicídio qualificado pelo motivo torpe e pela impossibilidade de defesa da vítima, o suspeito irá responder também pelos crimes de racismo e injúria racial.
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