As vastas reservas de minerais críticos e estratégicos no Brasil foram um dos eixos centrais de debate na EXPOSIBRAM 2025 (Expo & Congresso Brasileiro de Mineração). Sediado em Salvador, no Centro de Convenções, o evento reuniu especialistas para uma reflexão sobre as oportunidades geológicas do país diante da demanda mundial por recursos para a transição energética e inovação tecnológica.

O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Henrique Carballal, discutiu sobre o tema com a presença de Alfredo Santana, COO (Chief Operating Officer) da Vale Metais Básicos, Emerson Souza, vice-presidente de relações institucionais na Brazil Iron, e o CEO da Homerun Resources, Brian Leeners.
Durante a mesa, Carballal abordou como as políticas públicas e cooperações internacionais são importantes para posicionar o Brasil como ator global na economia verde, sem negligenciar os diálogos com comunidades, trabalhadores e o equilíbrio ecológico.
“Se a empresa que coloca a mão no lítio, níquel, grafite, terras raras ou nióbio não tem respeito pelas pessoas e populações ao entorno do local da extração, ela não está fazendo desenvolvimento sustentável. Não adianta falarmos sobre o progresso e inovação no mercado internacional se a base não está tendo condições dignas para trabalhar”, declarou.
Aço verde e inovação na Bahia
O vice-presidente da Brazil Iron, Emerson Souza, apresentou o projeto de produção de aço verde, que coloca a Bahia como protagonista na transformação da indústria em meio a crise climática. O processo utiliza Ferro Briquetado a Quente (HBI), tecnologia que substitui fornos a carvão por modelos elétricos, reduzindo em até 99% as emissões de carbono.
O projeto, comandado pela Brazil Iron, tem em seu planejamento a construção de um ramal ferroviário de 120 km e a instalação de plantas siderúrgicas no sul da Bahia, com previsão de gerar mais de 55 mil empregos diretos e indiretos.
“Estamos trazendo para a Bahia o que há de mais moderno na mineração sustentável e em termos de descarbonização. Ao mesmo tempo, estamos aproveitando as riquezas dessas terras, pois apenas 3% do minério de ferro do mundo tem a qualidade do ferro baiano. Isso coloca o estado na vanguarda da mineração do país”, diz.
O canadense Brian Leeners destacou como a produção de sílica em alta pureza e a fabricação de vidros solares, usadas nas placas fotovoltaicas, é um diferencial comparativo para o país.
“Isso nos posiciona de forma limpa e eficiente nessa transição, colocando o Brasil como líder, pois terá a primeira fábrica de painel solar da América Latina. Seremos reconhecidos pela abundância dos elementos naturais mas também pelos intelectuais capacitados e recursos humanos que possuímos”, disse.
Investimentos crescentes
Segundo o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), a mineração na Bahia deve gerar investimentos de mais de US$ 9 bilhões entre 2025 e 2029, ficando atrás apenas de Minas Gerais (US$ 16,5 bilhões) e Pará (US$ 13,5 bilhões), que tradicionalmente dominam a indústria nacional.
Com o olhar nas movimentações do mercado em cima dos metais básicos, como cobre e níquel, essenciais para a descarbonização, Alfredo Santana abordou a importância dos órgãos reguladores como a ANM (Agência Nacional de Mineração).
“Tem uma onda de investimentos chegando no Brasil e os empresários internacionais estão mirando em nós. Devemos abraçar esse movimento e trazer mais, sem perder de vista a responsabilidade ambiental, a fiscalização e as políticas de segurança”, ressalta Santana.
Carballal também enfatizou a importância da ciência e da pesquisa mineral na construção de um futuro sustentável para o setor.
“Quanto mais fortes os órgãos reguladores forem, o nosso setor também será. Uma ANM forte auxilia o nosso avanço e protagonismos, porque só uma mineração responsável incentiva a preservação do meio ambiente”, conclui.
Henrique Carballal também citou a importância da EXPOSIBRAM e da ciência para as novas perspectivas de exploração dos minerais estratégicos. “Quando começaram as discussões sobre pré-sal, algumas pessoas acharam que era maluquice. Mas, na EXPOSIBRAM, nossos olhos brilharam com essa descoberta desde o começo. Por isso, aqui, devemos ter essa visão estratégica dos recursos do mar, apoiando e debatendo novas pesquisas e o potencial que o nosso território, terrestre e marítimo, tem”, defendeu.
No congresso, o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) apresentaram estudos científicos atualizados de 18 tipos de minerais críticos e estratégicos e suas rotas tecnológicas no Brasil.
Em entrevista ao Por Dentro de Minas, Cinthia de Paiva Rodrigues, gerente de pesquisa e desenvolvimento do IBRAM, destacou sobre os desafios de mapeamento do setor.
“Percebemos a circulação do capital no setor, mas bem pouco nessa etapa primordial de pesquisa, investigação e inovação mineral, que antecede qualquer outro processo da cadeia produtiva”, afirma. “Fortalecer a capacidade de identificar e avaliar minerais estratégicos é também uma forma de garantir soberania na produção, atrair investimentos e inserir o país como fornecedor nas disputas globais por soluções sustentáveis. Não há mineração de qualidade sem pesquisadores apontando dados e caminhos de crescimento”, reforçou Cinthia.
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