O processo de alfabetização deve ocorrer nos anos iniciais do ensino fundamental, mais especificamente no 1º e 2º ano, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e tem como objetivo fazer com que os estudantes aprendam o alfabeto e compreendam a relação entre os sons da língua e as letras. Os alunos desses segmentos devem ser capazes de ler, ao transformar símbolos escritos em sons e escrever, ao tornar sons em símbolos escritos.
O documento também estabelece que essas aprendizagens dependem de decisões concretas, como a aplicação de avaliações formativas que considerem o contexto dos alunos e a utilização desses resultados para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos estudantes
Thalia Fernandes, pedagoga na Jovens Gênios, destaca que alfabetizar não é apenas ensinar letras e sílabas, mas construir, com base na oralidade e na diversidade linguística, o conhecimento das relações fonema-grafema, algo que exige tempo, mediação e avaliação contínua.
“Avaliar o processo de alfabetização significa identificar como o estudante avança na construção desse conhecimento e o que ainda precisa ser consolidado. A avaliação deve apoiar a aprendizagem — não apenas medi-la — e reconhecer a diversidade dos percursos de cada criança”, declara a pedagoga.
Fernandes afirma que a avaliação em contextos de alfabetização deve ser diagnóstica, formativa e contínua. Para ela, mais do que quantificar erros e acertos, a avaliação permite ao professor acompanhar o processo de construção do conhecimento, compreendendo os avanços e as dificuldades de cada aluno.
“Avaliar é compreender para ensinar melhor. É por meio da avaliação cuidadosa, ética e consciente que o professor garante o direito de aprender com dignidade, promovendo uma educação que respeita às infâncias e potencializa o protagonismo dos estudantes em seus próprios processos de aprendizagem”, defende a especialista.
Em 2023, 56% dos estudantes brasileiros de sete anos matriculados em escolas públicas estavam alfabetizados, segundo o 1º Relatório de Resultados do Indicador Criança Alfabetizada. O dado representa um avanço significativo em relação a 2021, quando o índice era de 36%, mas o aumento no cenário pós-pandemia foi de um ponto percentual, em comparação a 2019.
Diferentes abordagens de avaliação na alfabetização
O Ministério da Educação (MEC) definiu metas nacionais progressivas para elevar os índices de alfabetização na rede pública. O parâmetro adotado é o padrão nacional de desempenho da criança alfabetizada, fixado em 743 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Esse valor foi estabelecido com base na Pesquisa Alfabetiza Brasil, conduzida pelo Inep, para indicar o nível mínimo de alfabetização esperado ao fim do 2º ano do Ensino Fundamental.
Fernandes explica que abordagens como o Alfaletrar e a Psicogênese da Língua Escrita ajudam a identificar o estágio de aprendizagem de cada criança e a orientar intervenções pedagógicas mais adequadas.
A pedagoga esclarece que aprender a ler e escrever, segundo o conceito Alfaletrar, é compreender a função social da linguagem escrita, além da decodificação. “A alfabetização ocorre em fases progressivas, e cabe ao educador avaliar cada uma com intencionalidade pedagógica”.
O conceito de Magda Soares, propõe uma alfabetização articulada ao letramento segmentado em cinco fases. Na primeira delas, a Pré-Fonológica, avalia-se se a criança compreende que a escrita representa a fala e tem função comunicativa.
A fase seguinte, chamada de consciência silábica, é marcada pela tentativa da criança de representar cada sílaba com uma única letra. Nesse momento, atividades lúdicas como jogos de rima, trava-línguas e cantigas ganham espaço na intervenção. Já na fase de consciência grafofonêmica, a escrita começa a se aproximar do sistema alfabético, com sílabas compostas por mais de uma letra.
Segundo Fernandes, nessa etapa, é possível avaliar o aprendizado por meio de ditados diagnósticos e exercícios de reconhecimento sonoro. “Trabalhar com aliteração e fonemas conhecidos pode facilitar a consolidação dessa fase”, acrescenta.
Na fase de conhecimento das letras, as crianças já reconhecem e utilizam letras em diferentes contextos. Avaliações podem incluir o uso de nomes próprios e listas coletivas. A especialista ressalta que recursos como alfabeto móvel e jogos com letras são estratégias eficazes para potencializar a aprendizagem.
Conforme aponta a profissional, a última etapa do processo envolve o domínio da relação entre fonemas e grafemas, permitindo uma escrita mais convencional. “Nesse ponto, avaliamos a fluência leitora, a ortografia e a coesão textual, promovendo a revisão de textos e leitura diária como parte da rotina escolar”.
Já a Psicogênese da Língua Escrita, abordagem proposta por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, subdivide o desenvolvimento da escrita em quatro etapas. No nível pré-silábico, a escrita ainda se assemelha a desenhos ou letras aleatórias, e a avaliação leva em conta se a criança compreende que a escrita representa a fala, enquanto no nível silábico a criança já percebe as divisões sonoras e cabe avaliar a correspondência entre fala e escrita do aluno. “É importante observar se ela começa a corresponder sons a letras e estimular esse avanço com jogos fonológicos e leitura em voz alta”, orienta Fernandes.
No estágio silábico-alfabético, a escrita mistura elementos silábicos com uma representação mais precisa dos fonemas. Já no nível alfabético, a criança escreve com correspondência adequada entre sons e letras, ainda que com erros ortográficos, e a avaliação considera aspectos como coesão e fluência.
Com intervenções baseadas na produção de textos e reflexão sobre a escrita, nesse contexto, avaliar é interpretar as hipóteses que a criança formula sobre o sistema da escrita. É uma escuta ativa e respeitosa do pensamento infantil”, descreve a pedagoga.
Para mais informações, basta acessar: jovensgenios.com/
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