Sancionada recentemente pelo Governo Federal, a lei que restringe o uso de aparelhos celulares nas escolas públicas e privadas do ensino básico em todo o país também tem sido aprovada por especialistas. A iniciativa, que tem como objetivo mitigar os efeitos negativos que o excesso de tela pode causar no desenvolvimento infantil e juvenil, visa promover um ambiente de aprendizado mais focado e saudável para os estudantes.
Segundo a doutora em Neurociência Renata Aguilar, diretora pedagógica do Grupo Super Cérebro — rede de franquias educacionais com um método de desenvolvimento cognitivo e socioemocional para crianças, jovens e adultos —, o uso excessivo de telas pode prejudicar a saúde mental dos jovens, afetar a atenção e, consequentemente, impactar a aprendizagem.
“Pesquisas mostram que uma criança de 2 anos exposta a telas por 30 minutos diariamente, por exemplo, pode ter atrasos na linguagem e deixar de ouvir cerca de 800 mil palavras no final deste período. Este atraso pode desencadear até mesmo diagnósticos inadequados. Isso afeta também os aspectos motores, pois a criança não vivencia aspectos sensoriais como correr, brincar, cair, levantar, equilíbrio, noções espaciais, entre outros”, exemplifica.
A especialista afirma ainda que o excesso de tela pode causar uma espécie de estresse tóxico, principalmente em adolescentes, ocasionado por possíveis cancelamentos e críticas online. De acordo com ela, isso pode desencadear não apenas problemas emocionais, como depressão e ansiedade, mas também alterar o desenvolvimento cognitivo como memória, mudanças no sono, atrasos na linguagem e até no desenvolvimento motor.
“Há estudos que demonstram que o uso excessivo de telas também causa prejuízos na relação pessoal, o que interfere diretamente no desempenho escolar. Outro estudo inovador que acompanhou 11 mil crianças entre 9 e 10 anos nos EUA, explorou como o tempo de tela afeta a saúde mental, o comportamento, o desempenho escolar, o sono e as amizades durante um período de 10 anos. Os resultados indicaram que mais tempo de tela pode estar ligado à piora da saúde mental, problemas de comportamento, menor desempenho acadêmico e alterações no sono”, destaca Aguilar.
Um levantamento realizado pela Nexus, e publicado pela Agência Brasil, aponta que 86% da população brasileira é favorável a algum tipo de restrição ao uso de celular dentro das escolas. Outros 54% afirmam que a proibição total dos aparelhos é a melhor medida.
Embora a proibição vise benefícios, a especialista ressalta que o uso do celular em ambiente escolar também pode ser direcionado de forma positiva, já que serve como ferramenta educacional que facilita pesquisas, o aprendizado de idiomas, acesso a livros digitais e atividades que ajudam o aprendizado.
No entanto, a diretora pedagógica pondera que “primeiro é necessário uma alfabetização digital, visto que o cérebro não é capaz de diferenciar o real do virtual e é preciso um controle e um pensamento crítico, inclusive para que possamos realizar pesquisas e discernir os assuntos que são mais adequados para o aprendizado. Não adianta proibir o uso se não há um aprendizado sobre como usar o recurso”.
Para contrabalançar os efeitos nocivos da tecnologia, a especialista sugere uma abordagem educativa que valorize métodos tradicionais e inovadores de ensino, que não dependam exclusivamente de dispositivos eletrônicos. “É preciso proporcionar às crianças e jovens atividades que estimulem a criatividade, o pensamento crítico e o trabalho em equipe, tornando o aprendizado mais dinâmico e envolvente.”
“Aulas baseadas em projetos, jogos esportivos e de tabuleiro, debates, atividades práticas, experimentos científicos, leitura compartilhada e atividades ao ar livre podem engajar os alunos sem a necessidade do uso excessivo de telas. O estudante precisa se sentir pertencente à escola e ser o verdadeiro protagonista no processo ensino e aprendizagem”, acrescenta.
Além disso, a implementação de programas educativos que incentivem o uso responsável da tecnologia é vista como uma medida complementar essencial. “É preciso educar os alunos de forma responsável, estabelecer limites de tempo para o uso de dispositivos digitais e promover o uso de tecnologias que estimulem o pensamento crítico.”
“Também devemos auxiliar os alunos a escolherem conteúdos de qualidade e de fontes confiáveis, além de envolvê-los no processo de aprendizagem. Quando o aluno tem pensamento crítico e tem uma alfabetização digital, poderá utilizar a tecnologia em seu benefício evitando, assim, riscos causados pela internet. Equilíbrio é a palavra-chave”, finaliza.
Para saber mais, basta acessar: https://supercerebro.com.br/
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