Quando se pensa em papelaria, as pessoas geralmente associam os itens a momentos de estudo e criatividade. No entanto, para crianças atípicas — aquelas que apresentam condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Tourette ou Síndrome de Asperger — os produtos de papelaria se tornam recursos para promover habilidades motoras, cognitivas e emocionais, ajudando no aprendizado e na integração escolar.
A Play Pesquisa, junto ao Grupo Leonora, conduziu um trabalho abrangente para identificar essas necessidades. Entre os resultados, destaca-se que 53% das famílias relataram a importância de produtos adaptados com preços acessíveis, e 30% apontaram a carência de selos que indiquem a adequação para crianças atípicas.
A escolha de materiais adaptados é essencial para atender às necessidades de crianças neurodiversas. Produtos ergonômicos, como tesouras de fácil manuseio, lápis triangulares ou grossos e canetas hidrográficas com empunhaduras antiderrapantes, são exemplos de itens que tornam o uso mais confortável, pois se encaixam de maneira mais adaptada às mãos das crianças. Além disso, materiais sensoriais, como massinhas de modelar, cadernos com texturas ou lápis de cor com variações suaves de tonalidades, podem ajudar na regulação emocional e no desenvolvimento sensorial.
“Produtos de papelaria adaptados estimulam a coordenação motora fina, permitindo que a criança desenvolva a autonomia para o seu uso. Por exemplo, giz de cera em formato de bloco ou cilindro é ideal para crianças com dificuldades de preensão, permitindo melhor controle sem causar desconforto. Já cadernos com linhas largas e espaçadas ajudam na organização das ideias e na legibilidade da escrita, beneficiando crianças com dislexia ou dificuldades motoras”, explica Fernanda Ricci, gerente de produto do Grupo Leonora.
Os materiais também ajudam no desenvolvimento cognitivo, já que cores vivas, formas diferenciadas e texturas instigam a criatividade e a atenção. Além de tornar as atividades diárias mais acessíveis, esses produtos promovem a autonomia, reduzindo frustrações e aumentando a confiança das crianças ao realizar tarefas escolares.
“Materiais inclusivos podem ser incorporados em diversas abordagens pedagógicas e terapêuticas. Em contextos educacionais, por exemplo, professores podem usar lápis de cor diferenciados para ensinar emoções ou criar atividades que envolvam coordenação motora, como pintar ou recortar. Na terapia ocupacional, itens como argilas coloridas ou blocos sensoriais podem ser usados para trabalhar a força muscular e a regulação sensorial”, esclarece.
Projetos desenvolvidos mostram como produtos do cotidiano podem ser redesenhados para atender às necessidades de crianças neurodiversas. Com foco na inclusão, esses itens facilitam a vida escolar das crianças e estimulam o aprendizado de maneira lúdica.
“Nesse processo, é possível que surjam alguns desafios como resistência inicial à mudança ou dificuldades em identificar quais materiais são mais adequados para cada criança. Para superar os obstáculos, é importante que pais e educadores tenham empatia e paciência. Consultar especialistas, como terapeutas ocupacionais e psicopedagogos, pode ajudar a identificar as ferramentas mais apropriadas e criar estratégias personalizadas. Além disso, é imprescindível ouvir as crianças, entender suas preferências e permitir que elas explorem os materiais no seu próprio ritmo”, finaliza Ricci.
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