O agronegócio é um dos principais impulsionadores da economia brasileira, tendo, no ano passado, registrado 23,8% de participação no Produto Interno Bruto (PIB). Ao responder por um real a cada três gerados no país, ocupa 28,34 milhões de brasileiros economicamente ativos e responde ainda por 42% das exportações nacionais, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
Ao longo dos anos, muitos dos que atuam nos ramos agrícola e pecuário vêm aderindo aos grupos de consórcios e utilizando créditos, quando das contemplações, em setores como o de veículos pesados, que incluem caminhões, implementos rodoviários, máquinas e implementos agrícolas, bem como nos de imóveis, serviços e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, adquirindo bens ou contratando serviços para atualizar e rentabilizar suas atividades no agronegócio.
Constantemente, observam-se renovações tecnológicas, que, segundo o economista austríaco Joseph Alois Schumpeter, são o motor do desenvolvimento capitalista. “Schumpeter afirma que novos métodos de trabalho ou a introdução de novos equipamentos são fatores que, aplicados por empresários empreendedores, alteram a dinâmica e as condições de equilíbrio da economia, impulsionando-a para novos ciclos de desenvolvimento”, detalha Luiz Antonio Barbagallo, economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).
Tendo por objetivo melhor lucratividade, lavradores e agropecuaristas buscam estar acima da média produtiva do mercado. “Schumpeter popularizou a ideia da destruição criativa, em que novos produtos e formas de trabalho substituem antigos modelos de negócios”, complementa Barbagallo.
“Fator de orgulho nacional, a agricultura brasileira é uma das mais competitivas”, afirma Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. “Concorrendo no mercado externo, ela precisa constantemente se reciclar, adotando mecanismos atualizados de produção, incluindo equipamentos avançados e agregando modernas tecnologias. Hoje, o Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do mundo”, completa.
Um dos exemplos mais recentes de inovação tecnológica no campo é o uso de drones, que transforma o método de gerenciar culturas agrícolas, monitorando irrigações e safras, coletando dados em tempo real e realizando levantamentos.
Para acesso a essa e outras inovações, é necessário que haja financiamentos sustentáveis que possam contribuir para o sucesso do planejamento, com custos adequados. “O Sistema de Consórcios é uma alternativa para produtores agrícolas, pecuaristas e para empresários que atuam para esse segmento econômico”, destaca o economista da ABAC. “Com características próprias, tais como baixo custo, prazos adequados, manutenção do poder de compra, entre outras vantagens, o mecanismo é um aliado do agro empresário”, acrescenta.
Pecuarista confirma economia com o consórcio
Para Walman Pereira Cavalcante, dentista, solteiro, 29 anos e pecuarista junto com a família, em Marajá do Sena, no Maranhão, o consórcio está presente na sua atividade agropecuária há alguns anos. Já adquiriu vários bens como, por exemplo, um quadriciclo, para deslocamentos nas fazendas, em razão do relevo acidentado da região. Mais recentemente, foi contemplado com um crédito de R$ 125 mil para aquisição de um drone DJIT2P, com três baterias e carregador, visando diversos usos no campo. Cavalcante explica que “o consórcio não é vantajoso apenas pelo baixo valor da parcela mensal e pelo custo final do bem. A flexibilidade na utilização do crédito, dentro do segmento, é uma vantagem que permite escolher o equipamento mais adequado para proporcionar mais rentabilidade em virtude da economia proporcionada pela redução dos gastos nas atividades na fazenda”.
Para exemplificar, Cavalcante lembra que “para semear capim especial destinado à engorda do gado e para pulverizar o pasto com defensivos, utilizava grande número de trabalhadores durante um mês inteiro para cada uma destas atividades. Com o drone, o tempo ficou reduzido para um dia e meio por ação, além de contar somente com dois funcionários, o piloto do equipamento e um ajudante”.
Ao calcular os atuais custos em comparação aos anteriores, explica que “além da vantagem de o consórcio não ter juros, apenas taxa de administração, tem ainda parcelas bastante acessíveis e longo prazo para pagamento. A economia proporcionada pela redução das despesas com a mão de obra tem sido mais um aspecto positivo, por se tratar de total significativo no planejamento e no balanço geral”. O pecuarista destacou ainda que o equipamento está em uso apenas há seis meses e que, apesar do pouco tempo, já observou resultados positivos.
Ao contar com um rebanho de bovinos para corte entre 800 e 1000 cabeças nos 250 hectares de suas propriedades, distantes 360 km da capital São Luís, Cavalcante concluiu que “o retorno do investimento feito pelo lance ofertado deverá ocorrer em menos de dois anos. Em contrapartida, as parcelas mensais do consórcio terminarão somente em 2028, permitindo antever uma boa lucratividade futura”.
A evolução do consórcio de pesados
A análise dos totais de participantes ativos do consórcio de veículos pesados no período compreendido de dezembro de 2019 até outubro deste ano, registrou avanço de 151,8%, saltando de 335,08 mil, naquele ano, para 843,65 mil, até 2024.
Na divisão, a maior parcela, os 2/3 de participantes ativos, que se destina ao transporte, aumentou de 223,39 mil, em 2019, para 517,45 mil, em 2023, anotando progresso de 131,6%. Somente em outubro de 2024, alcançou 562,43 mil, volume maior do que o atingido em dezembro do ano passado.
No terço complementar, de 111,69 mil participantes com cotas de equipamentos agrícolas, existentes em dezembro de 2019, também houve evolução de 131,6%, e atingiu 281,22 mil, em 2023. No décimo mês de 2024, somou 281,22 mil, acima do alcançado no final de 2023.
“O bom desempenho setorial deve ser creditado à utilização cada vez maior da tecnologia e de técnicas inovadoras”, afirma Rossi. “O consórcio, presente há mais de 60 anos, continuará sendo importante mecanismo de planejamento financeiro do agronegócio, um dos pilares econômicos nacionais”, conclui.
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