A redução da carga horária, com modelos como 6×1, 5×2 e 4×3, está no centro das discussões globais sobre o futuro do trabalho. Recentemente, o Brasil também entrou na pauta com uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6×1. O projeto já alcançou o apoio necessário para começar a tramitar no Congresso Nacional.
Além dos possíveis desafios econômicos, a redução da carga horária está diretamente ligada à cultura organizacional e ao capital intelectual das empresas, exigindo uma adaptação estratégica por parte de líderes de RH, CEOs e empresários.
De acordo com Adeildo Nascimento, especialista em cultura organizacional, liderança e desenvolvimento de equipes, e fundador da DHEO Consultoria, a redução da carga horária é uma tendência irreversível, sendo necessário preparar a cultura organizacional das empresas para atrair e reter talentos em um mundo em transformação.
“O grande ponto não é a discussão sobre a legislação ou sobre o movimento. Mas, se você é empresário, líder, CEO, é fundamental ter em conta que a evolução social vai nos levar para uma situação de trabalho com menos horas dedicadas exclusivamente à sua empresa”, afirma Nascimento.
Estratégias para líderes se prepararem para o futuro
As gerações mais jovens valorizam mais a qualidade de vida no trabalho do que os salários, por exemplo. Para Adeildo, quando se olha para essa realidade, é preciso considerar que os talentos devem ser atraídos e motivados.
“Talento é toda pessoa que você contrata e agrega valor intelectual ao seu processo. Esses talentos da nova geração não são mais motivados da mesma forma que nossos pais foram. Portanto, não é a relação de horas disponíveis para o trabalho que fará o resultado acontecer. Mas, como que eu aproveito da melhor forma o capital intelectual dos talentos”, pontua o especialista.
Nesse âmbito, a cultura organizacional é ponto de partida para que líderes adaptem estrategicamente o que está acontecendo no mundo para a realidade de suas empresas. Organizações que dependem de capital intelectual e têm apostado em horários mais flexíveis, jornadas de trabalho híbridas e uma visão mais holística em relação aos benefícios dos colaboradores, sofrem impactos positivos já a curto prazo.
“Em médio prazo, empresas que começarem a conectar os seus resultados à gestão por entregas e problemas sendo resolvidos ao contrário de horas trabalhadas, sairão muito à frente”, diz o fundador da DHEO Consultoria.
Para o futuro, as apostas estão lançadas com base nas tendências. De acordo com Nascimento, empresários, líderes e CEOs devem olhar para suas empresas e começar a construir um modelo cultural que faça frente ao que será vivido daqui a pouco: “Até porque, o futuro para nós está sendo definido em dois, três, cinco anos”, finaliza.
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